Peixes fora d’água.
Um dos motivos pelo qual Switched
at Birth conquistou um lugar confortável na watchlist de todos nós (além de
boas críticas e premiações) é a capacidade de tratar o tema da deficiência
auditiva de forma direta, sem jamais perder a delicadeza. Aprendemos bastante
sobre o assunto, mas assim como Bay, ainda somos leigos e não podemos
compreender o que a perda da capacidade de ouvir significa realmente. Com base
nisso, os roteiristas apostaram em algumas mudanças para a série, tocando em
assuntos pertinentes, mas numa inversão de papéis.
A ideia de levar Bay para Carlton é muito boa. Não só pela
interação entre os personagens desse núcleo, mas pela situação em si. A
agressividade em alguns colegas é absolutamente compreensível, porque de certa
forma, Bay está invadindo um território. Como SAB não é de criar conflitos
ultradramáticos, confio na rápida resolução e na adaptação de Bay a esse novo
ambiente escolar. Outro ponto
interessante é a percepção que ela ganha de sua “falta de habilidade” com os
sinais.
De fato, Regina pontua bem, é questão de treino. Basta reparar
que estudamos português por anos a fio e ainda tem gente que não conhece a
língua muito bem. Bay é como uma estudante que passa a mensagem, mas não
alcança o primor da “gramática”. Acho ótimo que ela não queira apenas se
comunicar, mas que deseje fazê-lo corretamente e, para isso, vai ter que se
esforçar ainda mais.
Há ainda a questão romântica envolvida, porque Emmett está
apenas esperando pelo momento de reatar, mas acho que essa não é a intenção de
Bay. Parece que o novo aluno do programa para ouvintes vem para atrapalhar a
junção de E-Bay, mas deve ser por pouco tempo. A aproximação dos dois únicos
alunos ouvintes de Carlton é a coisa mais natural do mundo, mas também pode
ficar apenas na amizade.
Daphne, por sua vez, continua avulsa, o que é bom. Por algum
motivo ela não funciona bem em casal e sempre se transforma numa personagem
detestável ou absolutamente chata nessas ocasiões. Quando Daphne está correndo
atrás de sua carreira culinária, no entanto, a coisa muda de figura e ela
consegue se sair bem. Ainda não entendi, porém, o que ela pretende com o
trailer-restaurante, porque ou você faz negócios ou faz caridade. E no caso da
caridade, existe um jeito certo de colocá-la em prática sem ofender e sem
prejudicar outras pessoas. Daphne tem boas intenções, mas precisa compreender
melhor que não dá para estacionar na frente de um restaurante e dar comida de
graça. A ideia de ter preços populares já é algo muito melhor e aplicável,
mesmo que Daphne também não entenda que, antes de funcionar, ela precisa de um
monte de permissões e documentos, como John insiste em repetir.
Gostei bastante de vê-lo mais envolvido com Daphne, o que
tinha ficado de lado depois do lance do basquete. Só tive peninha dele durante
o grande anúncio de sua candidatura política, porque nem Bay, nem Toby e nem
Daphne deram a mínima. Mas deve ser porque nenhum deles terá seguranças em
volta. Aí sim, seria para se empolgar. Essa proposta, aliás, é muito boa para
os personagens de John e Kathryn. Sempre sinto que eles precisam de uma
motivação a mais, porque o relacionamento deles é estável demais. No caso de
Regina, por exemplo, o dramalhão com Angelo e todos os filhos que esse homem
produz já dá conta.
Toby ganhou um pouco mais de espaço e até que a história
funcionou bem. Menina cristã que teve passado questionável é um assunto meio
clichê, mas a gente aceita. Toby também reage de forma bem machista e precipitada,
mas aí o caso é mais de realidade que de lugar comum. O engraçado foi ver
Emmett de ‘leva e traz’, talvez até com o intuito de conquistar ainda mais o
perdão de Toby pelo que aconteceu no passado.
P.S*Piscina filtrada por plantas, como se fosse um lago?
Desculpaê, Regina. Nada como uma boa dose de cloro.