A guerra de egos continua.
Chegamos à metade da primeira temporada de Nashville e esse
é um momento decisivo, principalmente para o público. Será que está valendo a
pena acompanhar essa história? Confesso que tenho algumas dúvidas quanto a
isso, porque tenho tido a constante sensação de que a série não sai do lugar.
Não é nem que não desenvolvam as tramas, mas é o ritmo em si. Tento ser sempre
positiva, porque a verdade é que eu quero muito ser capaz de adorar Nashville,
mas não chego lá, exatamente. As canções são ótimas e gosto do elenco, mas em
termos de roteiro, aproveito para fazer um trocadilho musical e dizer que falta
ritmo.
Sei de muita gente que está simplesmente se esquecendo de
assistir aos episódios e, com tudo se desenvolvendo na marcha lenta, não é de
espantar. A falta de consequências é um grande problema também, porque vemos
muita reclamação de certos personagens, mas nenhuma ação concreta. Numa rápida
análise, a trama de Avery é a mais desenvolvida até agora. Ele foi de namorado
apagado a músico egocêntrico que pisa em todo mundo para emplacar a carreira. E
ele conseguiu, pois tem contrato, faz shows e distribui recalque para aqueles
que ainda não tiveram a mesma sorte que ele.
Não sei se todos se lembram do episódio Piloto, mas ali
havia a insinuação clara de que Scarlett e Gunnar iriam estourar nas paradas de
sucesso e dominar o mercado do country. Até agora estão pelejando, com um
contrato que não os levou a lugar algum, tendo de pegar a banda descartada de
Avery para mudar de estratégia. Sim, existe a ideia de que esse dois são super
legais e nunca vão abandonar a banda, mas isso é o clichê dos clichês,
convenhamos.
Deacon continua dando murro em ponta de faca. Tem essa
relação estranha com Rayna que já causa aquele revirar de olhos a cada
lembrança. Seria o grande casal da série se soubessem levar a coisa toda, mas é
complicado. Entendemos que existe bagagem emocional entre eles, mas ao mesmo
tempo, ninguém se importa muito com coisas que são sempre ditas ao léu, sem
nunca chegarem ao cerne da questão.
Rayna tem trauma e casou com um babaca? Deacon nunca se entregou ao
sucesso que deveria ter para ficar perto da mulher que o rejeitou? Entendemos
isso há 10 episódios e a história não sai desse eterno mimimi. Dou crédito,
apenas, à primeira reação real de Deacon, que aconteceu nessa semana. Estava na hora de ele mostrar para Rayna que
não depende dela e que faz o que bem entender.
Aliás, Rayna se transformou num dos personagens mais
escrotos da série. Uma mulher adulta, com filhas crescidinhas, fazendo birrinha
para uma colega de trabalho? Sério? Chega a ser ridículo. Rayna ri e debocha de
Juliette o tempo todo. Nem quero dizer que Juliette é super madura, porque
também não é, mas o caso de Rayna é grave. Ela parece uma daquelas adolescentes
populares que sente prazer em humilhar alguém mais novo. É de dar nojo.
As cenas do show, em que ela se esfrega em Liam e os se unem
para irritar Juliette no avião são apenas patéticas. Também é duro de entender
porque Rayna é considerada tão genial e recebe muito mais atenção. Forçam
demais a barra para que Juliette sinta raiva e rancor e é preciso acertar o tom
disso tudo. Nunca que os empresários deixariam passar um pôster que destacasse
uma mais do que a outra, por exemplo. Todos esses acontecimentos denotam muita
falta de profissionalismo, mas não é o objetivo do roteiro, que pretende apenas
aumentar uma rixa idiota com coisas idiotas e dignas de jardim de infância.
Outro assunto que já deu é esse da mãe drogada e louca de
Juliette. Nunca gostei dessa história, mas o pessoal que escreve Nashville, ao
que tudo indica, não sabe a hora de largar o osso. Os ataques de Juliette na
presença da mãe são compreensíveis, mas aborrecem, porque nada muda
concretamente e ela não decide se sente pena ou se massacra a mulher em
público. Não dá mais para insistirem nisso, porque é uma rotina chatíssima.
Nem aguento falar de Ted, que apronta todas (continua
aprontando) e exige um casamento normal depois disso. Vai demorar quanto tempo
mais para as atitudes aparecerem na série? Para a história sobre Maddie vir à
tona? Está passando da hora de Nashville acertar a cadência dos acontecimentos.
Trama desenvolvida com cuidado é diferente de trama que não se desenvolve. Mas aí,
talvez, os roteiristas achem que insinuar que há um clima estranho entre Rayna
e Liam seja algo muito animador. Não é. E isso veio meio que do nada, porque
até esse episódio a relação entre eles era bem normal e sem o fator sexual na
equação. É nesse momento que fica notável que Nashville está meio perdida
dentro de si mesma e se isso não mudar, o resultado não será nada bom.