terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Glee 4x10: Glee, Actually


 Simplesmente Glee.


Episódio natalino em Glee é uma tradição sem a qual não dá para viver e, para esse ano, a proposta é justamente a de imitar a estrutura narrativa de filmes com múltiplas tramas paralelas, mas que se encontram no final. Exemplos não faltam, dentro e fora do tema festivo, mas Sue Sylvester usa um famoso, Simplesmente Amor (ou Love, Actually) para explicar, de forma bem didática, quais as intenções para esse roteiro diferente.

Sei, de antemão, que muita gente não gostou nadinha do episódio, mas sou incapaz de dizer que foi tudo horrível (ou que eu, pessoalmente, não tenha me divertido com os plots malucos). Acho, sim, que as músicas natalinas escolhidas não ajudaram muito, fazendo desse um episódio bom (ou mediano), com histórias bacanas e condizentes, mas que não foram elevadas um nível acima, talvez pelo desgaste musical. Verdade seja dita, em quatro anos de série as canções relacionadas aos feriados de fim de ano se esgotaram, mas, por outro lado, isso abriu precedentes para a inserção de outras culturas e religiões, transformando as comemorações em algo “ecumênico”, e coloco entre aspas porque a coisa não foi tão ampla assim, mas o termo, de certa forma, ainda cabe.

Abrindo o episódio temos a história de Artie, que foi nada além de linda. Em primeiro lugar, fico feliz por vê-lo sendo aproveitado em maior instância, trazendo à baila um problema real da rotina de pessoas que precisam usar cadeira de rodas. Mais do que a fantasia de ver Artie andando, com Rory como seu guardião ou guia natalino, era essa a questão levantada, a da independência e das condições de mobilidade para cadeirantes.

No começo achei que Artie tinha levado uma surra, mas a simplicidade da situação foi muito mais impactante. Legal ver as consequências dessa pequena mudança na linha temporal. Artie percebe que seu problema resolvido causaria muitos outros, com Finn, Puck, Mike e Ryder sendo babacas do time de futebol e Kurt não se formando por causa do bulying. Pergunto-me qual a razão para Finn, Puck e Mike Chang ainda estarem na escola, assim como Rachel, mas deixo passar por ser uma fantasia de Natal. O pior (e talvez o mais engraçado) foi saber do destino de Quinn: depois de ficar na cadeira de rodas pelo bom e velho ‘text and drive’, ela morre de coração partido. Ok. Só rindo mesmo, porque isso prova o quanto os roteiristas amam Quinn e gostam de fazê-la sofrer, até em episódios em que não aparece.

Confesso certo constrangimento pela execução de ‘Feliz Navidad’. A música em si é divertida, mas quando colocam em cena poncho, maracas e coreografia à la Menudos, senti aquele incomodo que só a vergonha alheia profunda nos faz sentir. No fim, Artie era a cola do Glee Club e ele parece feliz em deixar seu maior sonho para viver a realidade.

No caso de Kurt o constrangimento veio do óbvio incomodo dele com a presença de Blaine, forçando a amizade para que os dois voltem a ser um casal. Tudo isso com o consentimento de Burt, que vem com a mensagem de que ‘temos de ficar perto de quem amamos’. Verdade, mas até para permissividade existe um limite e, nessa caso, acho que todo o mundo está pedindo mais do que Kurt consegue entregar. De qualquer forma, o número musical no rinque de patinação foi suave bem bonito, assim como cada momento pai e filho.

Estou achando também que Burt é a nova Quinn e que não cansam de tentar matá-lo de alguma forma. Agora é câncer de próstata. Até entendi a lição ali, avisando aos homens que é preciso fazer exames regularmente, mas não sei se o público jovem de Glee vai procurar um urologista ou pedir para o papai e o vovô fazerem o temido exame. Aliás, acho que a maioria nem sacou o alerta e ficou só na parte de ‘ai, amo Kurt e Burt’.

A aproximação dos irmãos Puckerman foi bem legal e veio para justificar o retorno de Puck para Lima. Só que assim, não dá para esse pessoal já formado ficar desfilando nos corredores da escola. Finn é o único que tem desculpa para tal e, honestamente, vou começar a ficar chata com isso, porque nada mais justifica.

O número musical homenageando o Hanukkah foi um elemento diferente e que atende a uma parcela imensa da população norte americana. Não dá nem para criticar, porque está bem na cara que quiseram ser mais inclusivos nesse ano. Como Puck e Jake são judeus (bom, Jake é meio judeu) a coisa fluiu naturalmente e as vozes deles combinaram muito bem. Gostei do final em que as famílias se unem pelo fator comum do abandono, criando uma relação nova entre todos eles.

Mais na pegada cômica, ganhamos o Apocalipse Maia, comandado por Sam e Britanny. Digam o que quiserem, mas eu continuo adorando os dois juntos. Engraçados e com a cabeça na lua. Foi uma história bem relaxante e divertida, que acabou em casamento juramentado pela Coach Beiste e com a promessa de um novo Fim do Mundo, em setembro de 2014, já que Indiana Jones descobriu o novo calendário Maia.  Quem não riu disso só pelo recalque do fim de Britanna precisa providenciar a depilação do coração peludo para já. Também gostei de ‘Jingle Bell Rocks’, com coreografia mimosa e tudo. Também gostaria de ter ganhado um presentão de Britanny, fosse carro, rolex ou viagem.

Completando a lista, Sue se enche de espírito natalino ao providenciar para Marley e sua mãe, um Natal repleto de presentes, além de uma árvore ótima e uma boa quantia em dinheiro, que vai contribuir para as consultas médicas por causa de o distúrbio alimentar da menina. “O que dar para uma mulher que já comeu tudo?”, no entanto, me pareceu um trocadilho bem desnecessário, mesmo que, no fim, o saldo da história tenha sido positivo.

As caras de pobrezinhas que Marley e mamãe conseguem fazer são épicas e por isso, fica fácil acreditar que elas passam necessidade. Apesar de achar ‘The First Noel’ bem piegas, inclusive pelo modo que a coisa é colocada, com aquela patacoada de a música ser o melhor presente de natal ever (não é, e quem assiste Hart of Dixie sabe que são meias de lã que aquecem peras os melhores mimos natalinos ever), a voz de Marley é muito bonito, não dá para negar.

O desfecho, que interliga todas as histórias ao som do clássico de Sinatra ‘Have Yourself a Merry Christmas’ é muito mais do que um agradecimento para Sue, que vendeu sua árvore de Natal chique para ajudar aos necessitados. Aquela canção era destinada aos fãs de Glee, sem sombra de dúvidas e foi um bom jeito de terminar o episódio e o ano de 2012.

P.S*Um elogio particular pra Becky, que estava possuída pelo ritmo Ragatanga nesse episódio, ao se tornar a vadia do colégio e ao pedir um namorado ou trenó, para esse Natal.

P.S* Melhor clube novo de Glee: o do Apocalipse, que teve apenas uma reunião porque quando a segunda chegou, o mundo que fica nas costas de um crocodilo já estava em seu fim, que acontece a cada 500 anos.

P.S*Triste por esse Natal não ter trazido o retorno de Chewbacca. Todo mundo sabe que não é Natal sem o Chewbacca.

P.S*Merry Little Gleexmas para todos vocês!

PS* Glee volta no dia 24 de Janeiro.

 

Músicas no episódio:

"Jingle Bell Rock" - Bobby Helms: Sam (Chord Overstreet)

"The First Noel" - Traditional: Marley (Melissa Benoist)

"Feliz Navidad" - José Feliciano: Artie (Kevin McHale)

"Hanukkah Oh Hanukkah" - Traditional: Puck (Mark Salling) e Jake (Jacob Artist)

 "White Christmas" - Irving Berlin: Kurt (Chris Colfer) e Blaine (Darren Criss)

"Have Yourself a Merry Christmas" - Frank Sinatra: Brittany (Heather Morris), Puck (Mark Salling), Kurt (Chris Colfer), Jake (Jacob Artist), Blaine (Darren Criss), Sam (Chord Overstreet) e New Directions

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Ricarbene disse...

Queria uma músiquinha só da Rachel!!! rs

Observador disse...

Ryan Murphy não perde oportunidade de fazer homenagem a "It's a Wonderful life" (ou A felicidade não se compra). Em Popular teve um episódio inteiro...