Parando o trânsito.
Se você, com apenas dois
episódios, já se encantou com Nashville, comece a torcer para que a série não
seja cancelada. É triste começar uma review jogando na cara de todo mundo que a
audiência caiu (e a tendência é piorar), especialmente quando a série consegue
seguir muito bem e criar um ambiente interessante de acompanhar.
Não há como negar que o 2º
episódio é tão bom quanto o primeiro. De um jeito diferente, mas é.
Naturalmente a apresentação de personagens tomou bastante tempo na semana
passada, mas nessa não houve perda de tempo. O desenvolvimento das múltiplas
tramas ganhou corpo e, além disso, foram capazes de inserir musicais diversos,
sem perder o foco ou deixar a impressão de que eles estavam ali para preencher
espaço vazio do roteiro. Nashville tem bons produtores e roteiristas que estão
dando conta do recado, pelo menos a julgar por esse comecinho.
O comando do show está muitíssimo
bem dividido entre Connie Britton e Hayden Panettiere. As duas atrizes literalmente
brigam pelos holofotes durante o episódio e cada uma chama a atenção de um modo
diferente. Juliette, por exemplo, continua com sua pose de estrelinha
manipuladora, mas sua insegurança salta aos olhos.
Ela quer ser Rayna, embora não admita.
Ela quer ser reconhecida por seu talento mais do que por sua capacidade
enlouquecer adolescentes com músicas de refrão grudento. O curioso é que ela
demonstrar ter essa capacidade, basta reparar nos momentos em que ela se dedica
a escrever uma música com Deacon. Por trás da pose e da sensualidade forçada,
existe uma artista, mas enquanto Juliette seguir sua carreira por meio de
conselhos de gente que só pensa em ganhar dinheiro, sua imagem não mudará. Mas esse
é o universo do showbusiness. Quem não se adapta vai passar a vida cantando em
barzinhos ou demorar o triplo do tempo para se firmar e aparecer, embora haja
casos em que a generalização não é válida.
Um exemplo que foge à regra é o
de Scarlett e Gunnar, que servem como paralelo para Rayna e Deacon, no inicio
de suas carreiras. Se eles entrarem nesse mercado vai ser por motivos
diferentes dos de Juliette (e eu declaro aqui que acho sacanagem dizerem que a
menina canta mal e usa autotune) e sob a batuta de Watty White, que
tradicionalmente só investe em músicos de conteúdo. É preciso dizer que existe
imensa química entre Scarlett e Gunnar e que é muito óbvio que ela quase joga
tudo para o alto para não magoar o namoradinho, Avery. Está na cara que a
reação do moço é puro recalque, mas a apresentação explosiva de Rayna e Deacon
muda um pouco o rumo das coisas.
Cena fenomenal, que mostra a
química entre os atores e pontua bem o antagonismo de Juliette. Mias forte que
o número musical é a cena do carro. “O que vamos fazer agora?”. Pois é. O quê?
O que fazer quando com apenas uma canção todos os sentimentos do passado que
você tentava esconder vêm à tona? Certamente a decisão de fugir e correr para
abraçar um marido que você não ama (ou não ama como o outro) não vai resolver.
Gostei bastante do modo como
ganhamos perspectiva rapidamente, tanto sobre o perfil de Teddy (que esconde
alguma coisa e será facilmente manipulado pelo sogro, como o diálogo destaca)
quanto sobre a relação de Deacon e Rayna. As respostas dela e as expressões
faciais para cada inconveniência daquela investigação entregam o jogo e fazem
toda a diferença. Só que Rayna não faz ideia de que arranjou uma rival muito
insistente. Seja na música ou pelo coração de Deacon, Juliette mostra que não
está nessa apenas por brincadeira.