Sofá ou Sofia?
Ainda sob uma chuva de críticas e
opiniões divididas, The new Normal prova seu potencial e já mostra, em seu
segundo episódio, números sólidos de audiência, além de sua capacidade em
manter a série interessante.
Até aqui, o que impressiona é o
elenco e o modo como o assunto central é tratado. Não é humor rasgado, mas
pequenos detalhes que fazem a diferença na comédia. Os atores mostram cada vez
mais competência e o destaque da vez vai para a pequena Shania, que encara uma
responsabilidade de gente grande ao encarnar a personalidade de Little Eddie
(ninguém precisa fingir que não conhece só par não aparecer gay, viu?),
personagem de um documentário (que eu nunca vi, então não sou gay, mas também posso
estar apenas fingindo) chamado Grey Gardens.
O negocio é que, qualquer um que
for checar um trecho disso vai perceber que a menininha mandou extremamente
bem. A ideia era mostrá-la como muito avançada para sua idade real e coube
perfeitamente. Além disso, a situação serviu pra estreitar os laços entre ela e
Bryan, celebrando de vez o conceito de “diferente” tão disseminado em todas as
produções de Ryan Murphy e sua patota.
Outra coisa que vale comentar é a
fofura do casal formado por Bryan e David. Não consigo entender quem acha
forçado ou caricato. No caso de Bryan dá até para aceitar (embora eu conheça
gente muito mais afetada na vida real), mas David é um cara normal, meio nerd e
tímido, como pudemos ver nos deliciosos flashbacks que mostram como os dois se
conheceram.
Aliás, se é para colocar algum
defeito no episódio, fica apenas uma pequena frustração quanto à cena em que
eles retornam ao bar para curtir “uma balada”. Esperava um pouco mais desse
momento do que apenas a percepção de que os dois estão amadurecendo e a decisão
de ter um filho não é precipitada, em absoluto. Ainda assim, o cabelo de David
no flashback e seu visual “jovem ainda” são impagáveis.
Completando tudo, Jane mostra que
é uma velha mexiriqueira de talento, apelando até mesmo para o ex-marido da
neta. Não são apenas os impropérios que ela fala, é toda a birra que ela tem
com o que está acontecendo, o que nos leva a “planos infalíveis” como o de
trazer Clay e treiná-lo como um cachorro e até desenhar no amado sofá de Bryan.
Megaevil é pouco para descrevê-la, mas nada disso funcionou. Apesar do dilema
que isso impôs para Bryan e David, fica claro que eles estão prontos para essa aventura
da paternidade.
Para a infelicidade de Jane,
Goldie já está grávida e essa nova família que se forma já mostra ótimas
qualidades. É até um pouco precipitado da parte de Bryan e David, convidar
Goldie e Shania para morar na casa de hóspedes, mas até dá para entender a
situação, já que agora ela vai carregar o filho deles. Melhor ainda é ver que
Goldie compreende a necessidade de se virar sozinha e dar um bom exemplo para a
filha.
Quanto à Rocky, que apareceu
pouco, fica a vontade de que ela possa se mostrar mais na série, mesmo que seja
usando o banheiro do patrão.