Salvo por um peido.
Praticamente na reta final dessa
primeira temporada, eis que o grande dilema dos Ewing continua exatamente o
mesmo e, surpreendentemente, rendendo mais do que qualquer um poderia imaginar.
Ainda acho que na Season Finale Bobby será obrigado a começar a extração de
petróleo no rancho, mas por enquanto, a grande salvação vem em forma de peido.
Congelado, é claro.
Esse tipo de saída do roteiro prova que Dallas é uma série
ousada e uma comédia potencial. Quando tudo parece perdido e John Ross está
prestes a virar a “vadia” da gang latina na prisão eis que Christopher surge
como um herói com superpoderes, ou melhor: superpeido.
Tudo bem que foi Elena, essa quenga burra dos infernos, que
fez chantagem emocional com Chris para que ele peidasse muito para salvar o
primo de estupro e outras exclusividades da cadeia local, mas no fim, se não
fosse esse “gás” que ele deu, teríamos visto Southfork invadida por
ex-favelados venezuelanos, ao mesmo tempo em que sofreríamos a perda dessa
coisa fofa e meiga que é John Ross III, com seus olhos bicolores.
Aliás, importante ressaltar que além de mais uma linda cena
de peido congelado em chamas e milhares de explicações químicas e físicas para
a extração dessa maravilha revolucionária das entranhas oceânicas, Dallas teve
muita PEGADA POLÍTICA. Amo cada citação a Hugo Chávez e cada crítica ao cenário
sócio-político-econômico na América do Sul. Série com conteúdo e que zela pela
inteligência do espectador é essa aqui.
Lógico que Vicente adora a proposta gasosa de Chris e já se
enxerga como grande empreendedor do setor peidorreiro. O que ele não sabe é que Tommy ainda vai
causar dores de cabeça roubando e vendendo a ideia por alguns milhões. Chris
pode acabar virando mocinha em alguma cela também, no futuro, já que Vicente
não é de deixar passar esse tipo de coisa.
Já que citei Tommy, vale dizer que ele renova a ideia de que
Rebecca tem muito potencial maligno a desenvolver. Chega desse papo de “sou mãe
de gêmeos e quero ser boa”. Queremos que Rebecca use os filhos em esquemas
sórdidos e para de fingir que Tommy é seu irmão, quando a grande bomba é a de
que ele é seu AMANTE. Dava até para imaginar algo do tipo, mas ainda ficamos às
escuras quanto à motivação dessa dupla no golpe do baú para cima de Christopher.
Só falta descobrirmos que um deles é filho perdido de Annie ou algo assim.
Sue Ellen finalmente teve chance de brilhar ao mostrar que
não perdeu o traquejo da manipulação. Adoro ver a farta distribuição de cargos
que ela faz, sem ao menos estar eleita. Além disso, fica aqui minha admiração
pelo roteirista que escreveu a seguinte frase: “Você está dando mais receitas
que o médico do Michael Jackson. E os seus pacientes estão todos mortos”.
Ousado e polêmico, para dizer o mínimo.
Para surpresa geral, o momento fofo do episódio fica por
conta de J.R, que deixa seus drinks com decoração duvidosa de lado para visitar
o filho no hospital carcerário. Isso e Bobby indo avisar Miss Ellie que é hora
de começar a se revirar no túmulo. O petróleo vai jorrar em Southfork. Podem
ter certeza.