Tem coisas que só o encosto de seu irmão morto faz por você.
Depois de um final tão bom quanto o do episódio passado é claro que eu tinha expectativas sobre o que iria acontecer em Dexter e devo dizer, não fiquei nem um pouco frustrada. Episódio muito interessante, que saiu do “modelo” usual e trouxe uma dose de aventura para a série.
A aparição do espírito zombeteiro de Brian, a.k.a Ice Truck Killer, foi excelente. As perguntas dele para Dexter eram, talvez, muitas das perguntas do próprio público da série, que tem acompanhado mudanças bruscas na personalidade e no modo de agir do protagonista, desde que a série começou.
Sei que muita gente odeia a humanização de Dexter. Não dá para negar que esse fator existe e que muda o curso das coisas por muitas vezes, como a história desse episódio comprovou. Particularmente, essas nuances do personagem são o grande atrativo da série, porque convenhamos, as mortes propostas pelo roteiro são interessantes, mas são as lutas internas de Dexter que seguram a audiência ao longo desses seis anos.
Com Brian, lembrei muito daquele inicio da série, quando Dexter era muito mais frio e disfarçava muito mal sua falta de traquejo social. Agora ele é capaz de entrar numa loja de conveniências, seduzir a funcionária e roubar o revólver. O velho Dexter até conseguiria a arma, mas evitaria qualquer contato físico com a moça.
Já que o tema da temporada é justamente essa briga ética e lógica, Brian trouxe um ótimo contraponto para Dexter. Instinto contra a razão, frieza e sentimentos. É muito mais do que fé ou religião. Dexter ainda tem dentro dele a vontade de ser livre das exigências das relações humanas, mas ao mesmo tempo não quer se deixar dominar pela vontade de matar. Brian é o oposto disso tudo e talvez a melhor personificação para o ‘dark passenger’.
Importante notar que Harry foi utilizado como “a luz interna” de Dexter. Ele é o que impede Dexter de se entregar à completa loucura e aos riscos que isso traria, embora eu veja Deb e o pequeno Harrison como outros fatores nessa equação.
Muito bom ver o desenrolar diferente para essa retomada no assunto de Trinity. O filho dele adotando o modus-operandi do pai seria uma saída óbvia, mas a proposta de um drama familiar mais profundo, com mãe “mulher de bandido”, suicídio da filha e o garoto chegando a seu limite e tendo de conviver com toda essa desgraça foi muito melhor.
Finalmente vimos um desfecho para Deb e Quinn. Espero que o assunto não retorne nunca mais, assim como eu gostaria que LaGuerta fosse morta no próximo episódio. Adorei o joguinho desenvolvido pelo estagiário de Masuka e as habilidades nerds do cara provam que ele é melhor adição ao elenco de sub-coadjuvantes do que a loira imbecil de antes.
Quanto à Gellar e Travis, acho que esse episódio meio que destrói aquela teoria sobre o professor ser um espírito/visão que interage com o ex-aluno e o guia nessa jornada até o Apocalipse.
Gellar ainda não interagiu com outras pessoas, mas o cara destruiu sete crocodilos sem a presença de mais ninguém. Acho difícil que uma alma penada faça algo assim.
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