Contos de Fadas transformados em suspense policial.
Há muitos anos, quando me interessei pelo trabalho dos irmãos Grimm, perdi completamente aquela visão romântica sobre as histórias que povoam a infância de todos nós. Eles não estavam tentando fazer um trabalho “fofo e bonitinho”, pelo contrário. A sensação que tive ao ler cada conto dos Grimm era a de que eu estava diante de terríveis histórias de terror, violência e assassinato, que ganharam roupagem mais branda por questões comerciais.
Aproveitando esse lado sombrio, a NBC acaba de lançar Grimm, série policial que vai se basear nas histórias mais famosas dessa dupla de escritores. É uma proposta interessante e que mostra potencial, mas por enquanto, o Piloto divulgado antes da estréia oficial é apenas “bacana”.
Não sei se acabei menos empolgada com a Premiere pelo fato de que o material promocional já entregava de bandeja todo o primeiro caso e a mitologia da série. Foram poucos os novos elementos que conhecemos durante o episódio e não há como negar: isso tira pelo menos metade da graça. Por outro, eu dou um desconto. Entendo perfeitamente a necessidade de vender a produção para seu futuro público, até porque, a ideia da série pede uma explicação maior de suas pretensões.
Essa Series Premiere tem bom ritmo e apresenta a trama de forma eficiente. Os efeitos visuais, apesar de não serem a coisa mais maravilhosa do mundo, até que cumprem a função e o protagonista parece capaz de desenvolver o personagem de forma satisfatória.
Meu único problema (ou talvez nem seja um problema de verdade) com a série é que ela lembra bastante produções como Buffy, The Vampire Slayer e Supernatural, guardadas as devidas proporções, obviamente. É que caímos naquele mesmo esquema de pessoas destinadas a combater criaturas bizarras, episódio após episódio, embora, com texto de bom nível, esse detalhe não seja algo negativo.
Na série, o detetive do departamento de homicídios da policia de Portland, Nick Burkhardt (David Giuntoli) descobre ser descendente de um grupo de combate ao crime muito diferente, denominado “Grimms”, que tem a função de manter o balanço entre humanidade e criaturas mitológicas. Quando sua tia, que também é a pessoa que o criou depois do assassinato de seus pais, está morrendo de câncer, Nick começa ter estranhas visões, onde pessoas aparentemente comuns se transformam em monstros. É aí que ele começa a descobrir quem realmente é e o que está destinada a fazer na vida, tendo de abrir mão das pessoas a quem ama para protegê-las dos Grimm Reapers.
Embora Hank Griffin (Russell Hornsby) seu parceiro de trabalho na polícia nem faça ideia do tipo de coisas com aas quais está lidando, ele promete ser um forte aliado de Nick, assim como Monroe (Silas Weir Mitchell), uma espécie de criatura que se cansou de viver sob a crueldade imposta por seus instintos naturais, que vai ensinar para Nick um pouco da história de seus antepassados, além de ajudá-lo a compreender esse novo mundo onde o normal simplesmente não existe.
Nesse primeiro episódio, os roteiristas escolheram explorar um dos maiores clássicos dos irmãos Grimm, transformando o caso de Chapeuzinho Vermelho em assassinatos em série, cometidos por um dos Blutbads, a versão televisiva do Lobo Mau, que não resiste ao impulso de destroçar suas vítimas ao ver menininhas em roupas vermelhas. A escolha é interessante, contudo, não consigo deixar de lado o pensamento de que poderia ter sido abordada de forma bem mais impactante.
O elenco conta também com Sasha Roiz, Reggie Lee e Bitsie Tulloch. A série é criação de Stephen Carpenter, David Greenwalt e Jim Kouf. O episódio Piloto foi dirigido por Marc Buckland.
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