Com a certeza de que muita gente vai adorar e enlouquecer com a proposta de Terra Nova, lançamento da FOX, desde já eu reitero minha posição de que a série com Piloto mais caro dessa Fall Season vai flopar.
Vinte milhões de dólares. É isso mesmo. Gastaram 20 milhões de dólares só para preparar a Series Premiere dupla de Terra Nova, mas o que impressiona mesmo não são os efeitos especiais. É a quantidade de dinheiro empregada em algo que visivelmente não poderia ter saído por esse preço.
Sim, estou decepcionada. Eu não tinha nenhuma expectativa em relação à série e mesmo assim, fiquei muito insatisfeita. Para mim, esse Piloto peca em diversos aspectos básicos, a começar pela história e pelos personagens, que nem de longe são interessantes ou carismáticos.
A premissa básica é a de uma aventura familiar, acompanhando um grupo de pessoas que, no ano de 2149, ganhou o direito de recomeçar a vida longe do planeta destruído pelo próprio homem, viajando através de uma brecha no tecido temporal, voltando 85 milhões de anos.
Falando assim, parece bacana e cheio de potencial, mas ultimamente, se eu fico sabendo que há um certo nome envolvido, sinto arrepios de pavor. Estou falando dele mesmo: Steven Spielberg, o homem que ganhou nome no cinema e está empenhado em destruir sua reputação colando diversas porcarias com alcunha de “superprodução” na TV.
Spielberg não me engana mais. A última que ele aprontou comigo foi Falling Skies (exibida na Summer Season da TNT), mas estou vacinada. Sinto de longe o cheiro da “bullshit” spielberguiana e Terra Nova, sinto dizer, é mais uma delas.
É lógico que essa é uma série que, teoricamente, aposta em efeitos visuais e na criação de um complexo mundo de fantasia para arrebatar o público. Teoricamente, porque os efeitos visuais são falhos e o mundo que criaram é tudo que já vimos em Avatar e Jurassic Park, mesmo que tentem fazer de conta que Terra Nova não tem qualquer intuito de entrar nesse mérito.
Por enquanto, ainda não encaramos criaturas azuis, mas os dinossauros não deixam outra impressão. Vale ressaltar que houve a preocupação de não remontar exatamente ao período jurássico, o que deveria evitar comparações, mas e daí? Carnossauro ou Tiranossauro, para quem vai ser devorado, dá no mesmo.
Eu nem tenho problemas com essa inspiração nos filmes já citados. Adoro a proposta de ambos, mas acho que algo assim funciona melhor no cinema do que numa série de TV. Tenho sérias restrições à qualidade dos cenários e a falta de solidez dos dinos. Era tudo muito digital e obviamente falso, o que dificulta na “compra” dessa história.
Outra coisa criminosa é o Chroma Key. Provavelmente o termo mais gongado dessa Fall Season. Estão abusando da inteligência e da capacidade de percepção do espectador. Quem assiste em qualidade alta então, percebe claramente o quanto tudo aquilo é irreal, quando a intenção no uso desse recurso é completamente o oposto.
No entanto, há que se afirmar uma coisa. Esses detalhes técnicos seriam deixados de lado se o conteúdo fosse animador. Eu não poderia me importar menos com a família Shannon e em como eles quebram a lei, tendo um filho além do permitido. Tentaram nos fazer sentir os problemas dessas pessoas, mostrando um mundo onde nem existe ar para respirar e onde uma laranja é artigo de luxo. Infelizmente não conseguiram.
Fiquei abismada como, numa época cheia de tecnologia e monitoramento por todos os lados, o papai da família Shannon conseguiu fugir da prisão apenas com a ajuda de um mini laser, passando com facilidade entre guardas e mais guardas, carregando na mochila a filha de cinco anos, como quem carrega nas costas um travesseiro de plumas.
Depois, nos deparamos com o grande drama do filho rebelde que quase morre no primeiro dia porque quer provar que ninguém manda nele, em detrimento da maravilhosa história da filha nerd que passa o episódio sem ganhar nenhum destaque maior, além de cuidar da irmã menor e ilegalmente produzida pelos pais.
No mais, tentam “insinuar” que Terra Nova não é bem esse paraíso todo, afinal, além do fato de que dinossauros digitais podem te comer a qualquer momento (ri muito do menino que ficou sendo mascado pelo Carnossauro), há dissidentes (os sixers) e pasmem: UM GRANDE MISTÉRIO.
Todo aquele lance na cachoeira, com as tais equações, foi colocado ali justamente para criar curiosidade. Para mim, não funcionou num primeiro momento, mas quem sabe? Pretendo ver mais alguns episódios só pelo prazer de me torturar.
Entre os personagens temos Jim Shannon (Jason O’Mara), o ex-policial e pai da família. Elizabeth (Shelley Conn), a mãe da garotada, médica recrutada para trabalhar em Terra Nova, Josh (Landon Liboiron) o moleque rebelde que gosta de ser isca de dino junto de Skye (Allison Miller), a garota abusada que vive por ali há alguns anos e acha que sabe de tudo. Maddy (Naomi Scott), a nerd que vai desenhar os conceitos difíceis para todos nós e ZOE (Alana Mansour), a criança proibida.
Lógico que não esquecerei de citar o Comandante Nathaniel Taylor(Stephen Lang), figura trazida diretamente do elenco de Avatar para ser o manda-chuva de Terra Nova. E claro, Mira (Christine Adams) a dissidente com cara de quem saiu de Mad Max e viajou no tempo.
Na produção executiva temos Steven Spielberg (“Saving Private Ryan”), Peter Chernin, René Echevarria (“Castle”), Brannon Braga (“24”), Jon Cassar (“24”), Aaron Kaplan, Katherine Pope, Justin Falvey (“Falling Skies”), Darryl Frank (“The Borgias”), Craig Silverstein (“Nikita”) e Kelly Marcel. Alex Graves (FRINGE) dirigiu o Piloto e foi produtor executivo dessa Series Premiere.
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