A Series Premiere mais estranha que eu já vi na vida.
Dentre as centenas de episódios Piloto que eu já assisti, o de Pan Am dispara como o mais bizarro. Não lembro, aliás, de alguma vez ter descrito algum primeiro episódio com essa palavra. Foi uma experiência indescritível, não necessariamente no bom sentido. Só quem vir saberá o que isso significa de verdade.
Lançamento da ABC, a série nos transporta para 1963, numa época em que voar era para poucos e quando, afirmam, havia glamour em se trabalhar em empresas de aviação. A idéia que tentam passar é a de que a Pan Am(erican) reúne o que há de melhor em profissionais da área. Pilotos charmosos e aeromoças (comissárias são para os fracos) jovens, lindas e bem educadas, formando uma equipe que fica muito bem em capas de revista, sem deixar de ser competente no que faz.
Até aí, tudo bem. A proposta parece plausível, mas então, começam as tentativas de adicionar elementos que enriqueçam o que é simples e tudo se torna... Esquisito. Para começar, temos aeromoça noiva-em-fuga. Aeromoça que tem caso com passageiro, aeromoça sem personalidade alguma e até – pasmem - aeromoça espiã da Guerra Fria.
Tudo isso simplesmente não combina. Poderia combinar, quem sabe? Mas não funciona, mesmo com muita boa vontade. Para se ter ideia, existe até uma cena em que pilotos e aeromoças precisam ajudar imigrantes cubanos a fugir da ira de Fidel Castro. Fiquei perplexa com a tosqueira que envolveu esse momento, que é apenas um dentre muitas cenas aleatórias que recortam o episódio na tentativa de nos apresentar os personagens e suas aventuras ao redor do mundo.
No Piloto, além desses muitos absurdos, acompanhamos o primeiro vôo do Clipper Majestic, sob o comando do Capitão Dean Lowrey (Mike Vogel), que acaba de ser promovido. Maggie Ryan (Christina Ricci) é uma espécie de líder das aeromoças, mas surpreende por ser a personagem de menos destaque e personalidade, apesar de a atriz ser o único nome conhecido do elenco.
Kate Cameron (Kelli Garner) acaba de entrar num terreno perigoso. Sentindo-se diminuída durante toda a vida, ela é recrutada para ser aero-espiã para a CIA, o que chocaria mais a família, que já teve de lidar com Laura (Margot Robbie), a irmã de Kate, fugindo no dia do casamento para abraçar o mundo servindo bebidas em corredores apertados.
Colette Valois (Karine Vanasse) é francesa e tem histórico de se envolver sexualmente com passageiros casados, sob a desculpa de não ter visto nenhuma aliança. Bridget (Anabelle Wallis) faz o tipo misteriosa, desaparecendo do mapa e pedindo demissão sem dar explicações para Dean, seu namorado. Para completar temos o co-piloto Ted Vanderway (Michael Mosley) o cara metido a engraçado, mas que no fundo não consegue emplacar uma fala que preste.
Tive um problema sério com todos os personagens, tão bobos e tão dispensáveis que me deixaram com medo de tentar outro episódio. Verdade seja dita, acho difícil que Pan Am consiga emplacar. Por mais que tentem vender a série como algo muito dinâmico, é impossível fugir do ambiente claustrofóbico e que dá poucas oportunidades de ação, já que o avião deveria (em teoria), ser o cenário mais comum. Lógico que a localização das tramas é um problema pequeno diante da inabilidade do roteiro.
Não consigo enxergar possibilidades na produção e muito menos acreditar que exista algum futuro para ela na TV. Pan Am foi criada por Orman, que acumula a produção executiva, ao lado de Nancy Ganis.
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