Pense no pior Piloto de série que você já viu na sua vida. Agora coloque o único episódio filmado de Wonder Woman no player. Seu conceito de PIOR acaba de ser elevado à décima potência.
Começou com as fotos de divulgação e a polêmica sobre a vestimenta de uma das heroínas mais famosas dos quadrinhos. O que pega melhor para uma mulher em defesa dos fracos e oprimidos: Short ou calça? Será que o tomara-que-caia de Adrianne Palicki cairia mesmo? Cordinha dourada ainda está em alta na Moda Hero? Entre outras pérolas da sabedoria popular, que afinal de contas, sempre acerta.
Depois, algumas cenas vazaram na Internet e todo mundo se assustou. Era sério mesmo? Aquilo ali era um trecho de uma série de TV aprovada pelos executivos da NBC? Apesar do choque, era mesmo sério e, depois do lançamento de The Cape, não dava para duvidar de mais nada. A NBC se mostrara capaz de tudo.
Talvez por causa do fracasso retumbante de The Cape (salvo aqui a participação do anão e de Lollipop, o guaxinim ladrão), Wonder Woman acabou sendo cancelada antes mesmo de ir ao ar na Fall Season.
Ao assistir ao Piloto não exibido na TV (mais uma vez, obrigada Internet e pessoas sem escrúpulos que trabalham nas equipes de produção!) fica notável o porquê de a NBC ter vetado o programa. É tudo tão vergonhoso que se Wonder Woman chegasse às telinhas, a NBC seria motivo eterno de piadas e perderia o respeito de qualquer um.
Verdade seja dita, ao ver esse episódio, o efeito é (quase) o mesmo. Só de pensar que alguém da alta cúpula da emissora deu seu aval e gastou dinheiro para produzir algo assim, sinto calafrios. Tudo só piora com o passar desses 40 minutos vazados.
Nem considerei as arestas que ficaram na edição e as mensagens com lembretes aparecendo na tela. É óbvio que não posso ser leviana e ficar falando mal dos cabos aparecendo, porque o que vimos é uma edição não finalizada. Dou esse desconto, até porque, convenhamos, é super engraçado ver como aqueles efeitos toscos são produzidos. Se a ideia era mostrar que a Mulher Maravilha corre mais rápido que trem bala e salta mais alto que canguru doido, nada funcionou. Nada era natural.
À parte disso, tivemos diálogos que valem ouro e muitas piadinhas (pasmem) com as roupitchas de Diana Price, que além de heroína nas horas vagas é presidente da mega corporação Themyscira, referência à Ilha da DC Comics e da mitologia grega, habitada por deuses gregos (romanos que não seriam) e onde a nossa amada e intrépida protagonista pode fazer visitinhas esporádicas, desde que esteja usando sua bota de Hermes (e não Hermés, fashionistas).
O lance aqui é que essa mega corporação se mantém vendendo bonecas da Mulher Maravilha, entre outras coisas. Aliás, o debate sobre o tamanho dos peitos da dita cuja Barbie maravilha rende horrores em risadas. É uma excelente piada. Diana toda ofendida por que estão usando se corpo para vender brinquedos (ok, action figures, nerds!) quando na verdade, ela JAMAIS usaria um uniforme em que suas tetas saltassem para fora durante uma perseguição, não é mesmo?
Isso, sem falar no fato de que foi a própria Diana quem desenhou as roupas, com o intuito de pode vender bonecas de “si mesma enquanto si própria.”
No meio de discussões empresariais tão importantes, Diana ainda acha tempo para usar seus poderes e combater o crime, decisão que tomou há dois anos, quando aproveitou para terminar com Steve (Justin Bruening), o ex-namorado mala que reaparece casado e gera uma das cenas mais tristes de toda a história da TV mundial ao girar sua aliança diante dos olhos marejados da Mulher Maravilha.
Sua arquiinimiga, pelo menos nesse Piloto, é Victoria Cale, interpretada por Elizabeth Hurley, que deve estar muito mal financeiramente e com a carreira desabando. Victoria é megaevil por usar jovens esportistas do gueto em testes médicos não autorizados pelo FDA, dando aos pobrezinhos algum tipo de suplemento alimentar que faz o coração deles explodir.
Para ser bem honesta, a cena que abre o episódio me deu a impressão de que a carta de aceitação da faculdade de Will (RIP) continha antrax, porque aquela cena solta, seguida da perseguição de um dos “traficantes”, não faz sentido.
Lógico que a Mulher Maravilha fica muito brava com a morte desses rapazes aleatórios e clama por vingança, enquanto a polícia fica em sua cola e a opinião pública não consegue decidir sobre o short ou a calça. Difícil de lidar.
Entretanto, estamos falando de Diana Price, que tem poderes sobrenaturais para combater o uso de Bomba nas academias do mundo. Ela simplesmente pega sua nave (ou seria um mini-avião?) e invade o QG de Victoria, derrubando vinte marmanjos de telecatch só com as mãos e a cordinha dourada super na moda.
Um dos pontos altos é o brucutu que morre com um cano enfiado no pescoço. Isso sim foi lindo demais. Depois, ela encara Victoria e, em vez de matar a mulher, só usa a cordinha dourada super na moda e vai consolar os prisioneiros em que a Bomba de academia estava sendo testada ilegalmente.
Depois disso, é hora de escapar da polícia e da lei, além de ser aclamada por seus próprios funcionários, que obviamente foram obrigados a bater palma para a chefe. Digo isso porque, na verdade, a vida de Diana é muito complicada e solitária.
Uma das maiores barras que já vi sendo expostas numa série como essa é o drama do Facebook de Di. Além de SOLTEIRA, ela não tem nenhum amigo adicionado além de Sylvester, o gato. Isso fica ainda mais depressivo quando notamos que Sylvester, sendo um gato, não fez o próprio perfil no Facebook, denunciando que Di teve de montar um fake para conseguir um amiguinho virtual.
Não é fácil, gente. Di não recebe um RT no twitter, ninguém lhe dá uma cutucada ou convida para um evento que dará “camisolas” aos primeiros 500 mil que curtirem determinada página. Como vocês podem ver, nem mesmo a Mulher Maravilha, com seus peitos pululantes, dentes perfeitos e bundinha aparecendo no micro short, está salva de ser #FOREVERALONE.
No elenco ainda estão: Cary Elwes (Henry Johns), Tracie Toms (Etta Candy) e Edward Hermman (senador Warren). O piloto foi dirigido por Jeffrey Reiner e roteirizado por David E. Kelley, em conjunto com William M. Marstor, criador de personagens para histórias em quadrinhos.
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