domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fringe 3x15: Subject 13


Máquina do tempo ligada. Vamos mergulhar no passado de Fringe mais uma vez.

Aterrissamos novamente em 1985, onde tudo começou e é claro, com isso ganhamos um episódio rico em detalhes e que nos revela muito sobre a mitologia da série. Fringe é sempre fantástica quando nos leva de volta no tempo e eu, particularmente, gosto muito do clima que eles conseguem criar, aliando o conteúdo do episódio, toda a recriação do período, até a qualidade de imagem que vemos na tela. Não é loucura minha nem problemas com o rmvb. Meu Fringe eu vejo em 720P e assim fica muito mais fácil notar que os produtores capricham até nisso. A impressão que eu tive foi a de assistir a um filme da década de 1980 na Sessão da Tarde e por isso, senti mesmo como se tivesse viajado no tempo, no meu DeLorean particular.

Fico feliz em ver que existe muita atenção a cada pedacinho dessa história e que nada aconteceu por acaso. Os personagens estão mais interligados do que jamais poderíamos imaginar no episódio Piloto, por exemplo, e isso não é coisa que se inventa de última hora.

Mais uma vez, temos um episódio focado em Olivia na temporada, que começou justamente com ela, em apuros no lado B. Agora, podemos observá-la mais de perto durante a infância, época em que participou dos testes com cortexiphan, em Jacksonville. Nem preciso dizer que capricharam na escolha do elenco infantil. Realmente, eles convenceram como Peter e Olivia, além de terem atuado direitinho.

Interessante saber que os tais testes tinham (também) como objetivo encontrar um modo de devolver Peter a seu verdadeiro lar. Até agora eu acreditava que Walter jamais tivesse tentado fazer isso, já que hoje em dia ele não pode sequer conviver com a ideia de se separar do filho.

A ligação entre Peter e Olivia fica cada dia mais evidente e aí, não tem como escapar daquele lance do amor, que vimos tão claramente no episódio anterior. Aqui, porém, eu enxergo as intenções dos roteiristas de outra maneira. A rápida amizade que surge entre as crianças, significa, para mim, a união dos dois universos e a provável salvação de ambos. É como se o Peter do lado B precisasse encontrar com a Olivia do lado A e agora, terminando de escrever essa frase eu percebo que caí direitinho no lance romântico que Fringe vem tentando criar.

Só uma coisa me incomoda nessa história e não, não é o amor. Tenho um pequeno problema com a amnésia que acometeu Peter e Olivia na vida adulta. Impossível que duas criaturas com uma ligação forte como essa não se lembrem uma da outra e tenham deixado esse pedaço de suas vidas no limbo. Engraçado, porque Olivia lembra perfeitamente dos maus tratos do padrasto, mas apagou da memória Walter, Peter, sua passagem consciente para outro universo e os testes com cortexiphan. O mesmo aconteceu com Peter. Ele sempre soube que não pertencia àquele mundo e que aqueles não eram seus pais. Como adulto, zero, nenhuma lembrança. Apenas imagens nebulosas de uma infância que ele julga extremamente traumática.

Entendem onde quero chegar? Eu não sei quanto a vocês, mas minha memória da infância é super clara, especialmente se levarmos em consideração que ali, eles já têm pelo menos nove ou dez anos de idade. É por isso que acredito que essa história ainda deva ser explorada, porque deixar as coisas assim seria um furo de roteiro de proporções bizarras.

Uma das situações mais interessantes que o episódio revelou foi o modo como Walternativo descobre sobre o paradeiro de seu filho. Parece um detalhe bobo, mas ele acrescentou bastante coisa à mitologia da série.

A comparação entre os dois Walters também continua e fica cada dia mais claro o quanto eles se parecem e como lidam com os fatos de modo similar. A diferença entre eles está na motivação agora. Walternativo, creio, guarda aquele sentimento de vingança e amargura. Walter, que aprendeu com seus erros e foi capaz de retalhar o próprio cérebro para evitar males maiores, tenta apenas evitar que dois mundos sejam destruídos por causa do que ele foi capaz de fazer.

Referências e curiosidades nós temos muitas, como sempre. A primeira delas está na Bishop Dynamic, a mega corporação de Walternativo, considerado o Czar da segurança nacional do lado B. Citaram até mesmo Star Wars, mas não é bem aquela do Darth Vader. A referência é à Iniciativa de Defesa Estratégica (Strategic Defense Initiative), nome dado ao programa militar norte americano, na época do Presidente Ronald Reagan. A ideia era a de construir um sistema de defesa capaz de impedir um ataque nuclear contra o território dos Estados Unidos. O programa também ficou conhecido como Guerra nas Estrelas.

Meu detalhe favorito, contudo, são as tulipas brancas. ‘White Tulipe’ é meu episódio favorito de Fringe e eu não poderia deixar de notar que o símbolo divino do perdão para Walter apareceu novamente.


Temos ainda algumas curiosidades de produção. Esse é o primeiro episódio em que Ana Torv não interpreta Olivia. Esse também foi o primeiro episódio em que o passado apareceu em tempo integral, sem ter sido recriado por meio de lembranças ou flashbacks.

E se você não viu o Observador, basta ficar de olho justamente na entrada de Walternativo na Bishop Dynamic, equanto ele responde quase sem ânimo o ‘bom dia’ de um funcionário.

O Glyph Code de hoje não é um mistério de interpretação: Switch. Clara alusão à troca de mundos que só Olivia é capaz de realizar quando experimenta aquela única mistura de amor e medo.

PS* Eu amo muito a abertura especial dos anos 80!

PS2* Esqueci de comentar  a fantástica recriação da loja de brinquedos, cheia de artigos antigos mesmo. Cubo mágico, videogames e até o jogo de tabuleiro em referência à Battlestar Galatica original. Palmas para a produção.

PS3* Eram tantos detalhes que deixei outra referência de fora. Quando Olivia está montando aquele quebra-cabeças aparentemente impossível não podemos deixar de lembrar de Alias (outra série de JJ Abrams), com seu Project Christmas, desenvolvido pela CIA por Jack Bristow para transformar crianças em agentes adormecidos e em futuros espiões. A pequena Sydney Bristow monta um igualzinho em um dos flashbacks da série.

PS4* Fringe volta em duas semanas. Até lá!
Comentários
11 Comentários

11 comentários:

Maria Lícia disse...

mew que texto incrível, muito muito fera!

também aposto que ainda vamos saber porque os dois não se lembram de já terem se encontrado quando pequenos..

Marco Antonio Freitas disse...

Mais um belo review e também gostei muito do episódio, a atuação dos atores está soberba e a história foi muito boa. O interessante é que esse episódio deixou claro que não existe lado bom ou lado ruim, cada agiu de forma coerente com tudo o que aconteceu, Walternativo quer seu filho de volta e a esposa de Walter (não me lembro o nome dela agora) se sente culpada por criar um "filho que não é seu". Espero que tenhamos outro episódio flashback, porque essa parte dramática é muito interessante (talvez até mais que o bizarro triangulo amoroso).
Seria legal um episódio assim focado inteiramente em Walternativo, mostrando as conseqüências do seu encontro com Olivia. Ademais, me sentir vendo um episódio de Lost, com aquela trilha fantástica e atuações de partirem o coração. Fringe conseguiu transmitir a angustia dos personagens nesse episódio de forma espetacular com um exemplar trabalho da produção, dos atores e principalmente dos roteiristas. Claro que temos mais um monte de perguntas, mas percebo que ficar questionando como eles se esqueceram da infância é menos significativa para o episódio, sabemos que eles não se lembram do seu passado claramente desde o inicio da série e vou torcer para que a serie continue por tempo suficiente para que possamos descobrir o porque (depois de tudo que vi nessa série, confio demais nos roteirista para ficar apontando possíveis furos de roteiro), mas por enquanto vou aproveitar essa viajem.:-D
Outra coisa que vale ressaltar são as varias referências a cultura nerd que o episódio trouxe e os muitos detalhes vermelho-azul (com um verde no meio aos 15:23min!?)

Unknown disse...

Camis, passou um detalhe desapercebido por vc:

Quando Peter está na loja de brinquedos e sua mãe fala que ele pode escolher um brinquedo, ele vai passeando pela loja e derepente: pega uma nave de BATTLESTAR GALACTICA! Pirei quando vi isso. Em relação ao episódio só uma coisa: PALMAS!

CoisasDoJunno disse...

Então Camis... Eu amei o episódio.
Já a algum tempo eu não vejo o lado B, e o Walternativo como vilões malvados, e esse episódio veio reforçar essa humanização do WalterB, até porque ele foi a vitima da história toda.
Tbm acho muito estranho ninguém lembrar de nada. Nem Peter, nem Olive, nem as outras crianças, que apareceram adultas na temporada passada, mas acredito que está implícito que eles tiveram suas memórias "tratadas", nem precisaria colocar isso de forma clara, apesar de que como os roteiristas de Fringe, são bons, eu acredito que até devam explicar melhor isso.
Tbm amo o episódio da tulipa branca e achei a cena do encontro de LittlePeter e Oliviakid no jardim umas dos momentos mais sensíveis, emocionantes e lindos da série. Sabe quando nem precisa de palavras... os olhares dos dois, o aperto de mão...muito bonitinho e os atores mirim foram muito bem.

A cada episódio que passa eu tenho mais certeza de que Fringe é (uma das, pra não ser injusto com Dexter)a melhor serie atual, apesar de amar outras séries, não vejo nada tratado com tanta profundidade, respeito ao plúblico e genialidade como Fringe. Como eu quero que Fringe tenha uma vida um pouco mais longa. E lamentarei eternamente se a série for cancelada nesse temporada.

Pra terminar, eu tbm amo a abertura dos Anos 80, e assisti umas 3 vezes, rs pra captar os detalhes. E a ambientação, tratamento das imagens... tudo delicioso.

Camis... sem puxassaquismo nenhum, vc é referencial em serie, pra mim e muita gente. Minha ídala. kkk

Beijos. @Junno_

Camis Barbieri disse...

Realmente Rosy, esqueci. Aquilo foi foda demais. A recriação da loja de brinquedos superou minhas expectativas completamente e ainda tev jogo de tabuleiro de battlestar galactica original. Farei até outro PS.

Sofia disse...

Camis do meu coração, só uma palavra resume este episódio: épico!
Foi de uma beleza e detalhes incríveis, recheados de easter eggs e presentinhos para os fãs ficarem ainda
mais confusos.
Eu sou durona e chorei neste episódio igual uma pré adolescente kkkkkkkkkkkkkkkkk. O que são estes atores mirins?
Verdadeiras pérolas. E a atriz que faz a Elizabeth tbm quebrou tudo. John Noble dispensa comentários, kd os prêmios desse homem? Muito emocionante e em certos momentos até desesperador tamanha
angústia que compartilhamos com cada personagem.

Mais uma vez humanizou muito o lado B, Fringe se mostra corajosa fugindo da guerrinha bem x mal onde tudo é preto no branco. Mais um passo em direção ao borrar as nuances dos
personagens que já são cativos no coração do público traz mais profundidade a trama.

Parabéns pelo review sempre muito detalhado como Fringe merece.

Sofia disse...

Ah, se observarem, além de muito azul e vermelho, o amarelo predominou no episódio. Seria uma alusão ao 3º universo? Tenho na minha cabeça que no episódio The Road Not Taken, que Olivia tem um vislumbre
do mundo alternativo, vemos o 3º universo, já na 1ª temporada. A olivia que ela viu era loira, o Broyles e a base nao eram militar, então nao era o universo vermelho que vimos na 1ª temporada, deve ser o amarelo.
A gente sabe como fringe adora plantar sementes para depois nos mostrar o que aquilo virou, então
não duvido que está teoria possa se concretizar.

Adorei a loja de brinquedos também, mas o livro da Olivia é o que mais chama atenção. Os personagens são alegorias perfeitas para os personagens principais e uma pista: o protagonista se sacrifica para salvar uma criança. Será que Peter vai morrer no final? Ai não vou suportarrrrrrrrrrrr

Sofia disse...

Já ia me esquecendo, a linha do tempo. Olivia 8 anos e Peter 9.
Mas entendo o fato deles não lembrarem assim: Olivia, atirou no padrasto aos 9, ela lembra disso, mas até os 8 tem um tipo de amnésia e acho que isso tem a ver com o cortexiphan, como todos os outros que foram expostas nas pesquisas tinham dificuldade de lembrar.

Já Peter foi por estresse pós traumático. Ele passou por um trauma
intenso e é conhecido pela medicida que blackouts podem acontecer e que são irreversíveis em alguns dos casos. A partir
do momento em que ele aceitou sua família e o novo universo como seu próprio, todo este dilema passou a não ter mais importância e ele mergulhou
nesta realidade de corpo e alma suprimindo esta "pani" temporária em algum compartimento isolado dentro de si, por ser algo muito doloroso e não precisar lidar com elas, um mecanismo de defesa comum em infâncias problemáticas.

Mas a verdade é que Peter nunca sentiu que realmente pertencia a algum lugar, vide seu comportamento nômade e o fato de não acreditar em seus instintos (sua nova mãe lhe ensina a imaginar o mundo como ele gostaria que fosse já que ele não é como ele quer, talvez por isso ele teve tanta facilidade em comprar a Bolivia e suprimir seus radares de que algo estava errado).

Pobre Peter, sendo enganado por mulheres alternativas e as aceitando como dele desde os anos 80...

CoisasDoJunno disse...

Sofia... essa história do universo amarelo ta matutando na minha cabeça... rsrsr

Camis o que vc acha???

Vinicius disse...

Ótima review.
Sobre o fato da Olivia e o Peter não se lembrarem da infância eu acredito (e muito) que Walter fez alguma coisa pra tirar isso da memória deles. Não a infância inteira, mas, a época em que se conheceram - Olivia e os testes e Peter com suas dúvidas de onde pertence.

Veja só, no episódio Jacksonville", Olivia conversa com Peter e diz algo assim: "Eu tenho uma memória muito boa, geralmente lembro de tudo mas não disso. Nada aqui é familiar."
Ressaltando também que as outras crianças tratadas com cortexiphan lembram do Walter. Isso já foi comprovado em vários episódios durante a série. Concluo então que algo aconteceu com a Olivia e o Peter. Os roteiristas são muito caprichosos pra dar esse furo...

Obs. Alguém reparou que o ator mirim que faz o Peter não é o mesmo de "2x16 Peter"??
Eu gostei da mudança, esse é bem melhor! =)

Diego disse...

Nunco posso deixar de resaltar a ótima review como sempre, e em relação ao episódio só digo uma coisa ---> GENIAL !!!!