terça-feira, 14 de setembro de 2010

Louie: Season 1


Louie C.K escreveu, dirigiu, produziu e até prestou favores sexuais aos diretores do FX para ter sua série no ar. Mesmo que a temporada toda não fosse boa, ainda assim, ele mereceria algumas linhas sobre seu peculiar trabalho na televisão e os preciosos ensinamentos sobre estética, fé, dentistas e relacionamentos.

Loiue é uma dessas séries de baixo orçamento que tem tudo para dar errado e ser uma droga, mas justamente pela simplicidade da produção, procura superar os limites no texto. Essa primeira temporada foi exatamente assim. Sem muita grana, mas com roteiro cheio de preciosidades.

Não é uma comédia comum. Ela é feita, sejamos francos, para homens a partir dos 30 anos (ou homens em geral), que vão rir de escatologias, palavrões e referências sexuais típicas do universo masculino. Como eu não sou exatamente o tipo de pessoa que acha graça de comédia melosa, logo vi que Louie também era feita para mim e não pude deixar de acompanhar os episódios, cada um, mais politicamente incorreto que o outro.

De modo geral, a série começou bem e evoluiu muito. E não. Louie não é uma série com cenas de stand up aleatórias. Aliás, ver alguém falando assim me irrita sobremaneira. Provavelmente não prestaram atenção ao que se passa, já que a série é sobre a vida de um comediante de 42 anos, recém divorciado, com duas filhas pequenas, tentando entrar num novo relacionamento. Os momentos em que Louie está no palco são aqueles em que ele está trabalhando e debatendo os assuntos já tratados no episódio.

Outra coisa. Vira e mexe as pessoas comparam Loiue com Seinfeld e eu confesso também não entender. Basta que vejam que há cenas de stand up comedy que logo julgam pelo que conhecem de mais próximo no assunto. Digo aqui, com toda a satisfação: vocês estão enganados e além do fato de ambos os atores serem excelentes comediantes, não é possível comparar séries e estilos.

As participações do mestre Rick Gervais foram incríveis. Aquele médico de humor absurdo era uma cereja no topo do bolo e eu não poderia deixar de comentar. Meus episódios favoritos, por ordem de preferência são Double Date/Mom, God e Dentist/Tarese. São os melhores porque são os mais escrotos e não há limites ou pudores.

A atriz que representa a mãe de Louie tem uma presença de cena peculiar, que me fez rir mesmo em momentos onde a expressão corporal era o único texto disponível. Ver Louie e o irmão concluindo que a mãe lésbica estava pegando uma mulher muito melhor do que qualquer uma que eles jamais tiveram foi absolutamente perfeito.

O texto afiado e desafiador sobre a existência de Deus e as histórias bíblicas são de chocar a comunidade cristã. Nunca, na minha vida, eu vou querer uma anestesia geral no dentista, por motivos mais do que óbvios. Outra cena marcante é a do banheiro público, com o matreiro e convidativo buraquinho na parede, indicando que ali fica o céu. “Você tem que ter fé” diz o velhinho com cara de tarado, pronto para colocar o pipizinho ali. Impossível não gargalhar.

Para nossa alegria, pelo menos, para a minha alegria, Louie volta no ano que vem com muito mais barbaridades como essas. Até lá tente aplicar o que aprendeu em sua vida. Não vá bancar o fodalhão na academia, aprenda a conviver com o lesbianismo materno, se especialize em punheta e principalmente, seja feliz com o corpo de merda que a genética brincalhona te deu.

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Victor Adriano disse...

Muito bom seu texto, compartilho da mesma opinião que você, Louie não pode ser comparada com Senfield, me irrita muito quando fazem essa comparação. e vou confessar quando assistir ao piloto achei que não gostaria mas depois do 2ª episódio acabei gostando e muito, esperando ansiosamente pela 2ª temporada.
Aliás parabéns pelo seu blog, adoro ler suas reviews, geralmente eu só vejo uma série nova depois de ler as suas opiniões sobre, parabéns !

Adriana2402 disse...

Nossa, amei a série, realmente nada haver comparar com Seinfeld, são coisas totalmente diferentes. Eu rachei de rir desde o primeiro episódio, tava achando q eu era meio idiota, mas não as pessoas é q não entenderam nada.
Nota 10.