Ah, Lost! Que relação de amor e ódio existe entre nós. Semana passada eu fazia troça de você e hoje, estou aqui para elogiar. O episódio dessa semana nos proporcionou um fantástico mergulho no tempo. Fomos até 1867 para conhecer a história de como Ricardo chegou à Ilha. Tivemos algumas respostas e de quebra, mais perguntas intrigantes. Seria a Ilha uma “Caixa de Pandora” pós-moderna?
Para quem não sabe quem é Pandora e que diabos é essa caixa, fica um breve resumo: Pandora é a vingança de Zeus contra a humanidade. Ela chegou na forma da 1ª mulher, cheia de graça, beleza e inteligência, mas com uma curiosidade aguçada, que a fez abrir a famigerada caixa proibida, libertando todos os males, como ódio, a guerra e as doenças. A caixa, porém, foi fechada pouco antes que o último item pudesse escapar. Pandora guardou ali um único dom: a esperança.
À parte da imagem de que as mulheres são o mal do mundo, essa história, talvez, seja um ponto importante para esse episódio de Lost, fazendo questionar que males piores a Ilha pode esconder. Nesse mundo já temos tudo de ruim , mas pelo visto, se Lockezilla sair da Ilha, tudo pode piorar.
Conhecer mais sobre Richard Alpert e toda a malemolência da maquiagem natural foi fundamental. Um homem comum, que perde a esposa doente e mata o médico sem querer. Vai parar na Ilha apenas por saber falar em inglês e ser forte o suficiente pra trabalhar como escravo branco (ou negro mesmo, já que a sujeira era braba). Já sabíamos que Richard e o Black Rock estavam ligados de alguma forma, mas ver a coisa acontecer fez a diferença.
A chegada à Ilha acontece nos mesmos moldes de sempre. Um desastre, marítimo dessa vez, faz o navio parar no meio da floresta. Talvez aqui more o maior absurdo do episódio, já que nunca um navio de madeira destruiria uma estátua enorme de pedra e depois , como se tivesse asas, pousaria no meio da selva. Incoerência demais a meu ver, mas estou tentando deixar de lado.
O importante é que Richard é o único sobrevivente. De alguma maneira ele é o escolhido para viver. Lockezilla, então em outro corpo, poupa Richard e o manipula. Conta a história triste sobre estar preso e com o mesmo texto que ouvimos da boca de Dogen, quando instruía Sayid a matar Lockezilla, manda Richard eliminar o homem que vive perto da estátua. Esse homem é Jacob, que mostra para Richard outro lado da história. Vestido de branco ele parece representar o bem, enquanto o mal está sempre vestido de preto. Em troca por sua lealdade e seu trabalho como uma espécie de mediador/guia turístico, Richard quer a esposa viva. Sendo isso impossível, nada mais normal do que pedir pela vida eterna, desejo que Jacob lhe concede na mesma hora.
Sabemos como o Black Rock chegou, como Richard se tornou imortal e que a Ilha é a única coisa que impede que o mal se espalhe. Sabemos também que Lockezilla sempre tentará matar Jacob e quem estiver em seu lugar, na tentativa de sair dali, portanto, as chegadas à Ilha nunca vão parar. Enquanto Jacob não tem seu substituto está aberta uma brecha e é nela que Lockezilla irá se apoiar para sair dali.
Richard, que supostamente deveria saber o que fazer agora, continua perdido entre as lembranças de Isabella e o sentimento de que Jacob o enganou. A única coisa capaz de mostrar a ele o caminho é Hurley, que o aproxima do espírito de Isabella, mais uma vez. Depois do momento em que Richard quase se rende ao Lockezilla, o recado da esposa deve falar mais alto. Ele precisa impedir que o mal deixe a Ilha. Mais uma vez, a Caixa de Pandora não pode ser aberta.