Relembrar é viver? Ao que tudo indica a resposta é não, se estivermos falando em Fringe que mistura a história familiar dos Bishop com a do regime nazista e técnicas para eliminar raças impuras. O resultado foi um episódio interessante, que misturou ficção e realidade na medida certa.
Claro que tudo começa num casamento judeu, onde todos os descendentes diretos de uma sobrevivente de campo de concentração morrem, dando o pontapé inicial para as investigações de Walter, que não demora a reconhecer o que está acontecendo e é firme em dizer que o acontecimento foi uma experiência e que em breve, irá se repetir.
Porém, é Peter quem descobre a fonte de tudo. Uma vela de canela, queimando em meio às de jasmim é a fonte de uma toxina rudimentar, mas que atinge em cheio certos grupos genéticos específicos. Parafraseando Walter, “todos os sonhos de Hitler numa só toxina”, que elimina todos os considerados uma ameaça à supremacia da raça ariana. Judeus, negros, índios, pessoas que olhos castanhos... Qualquer um que não atenda aos requisitos pode ser vítima do sufocamento que ocorre de dentro para fora, eliminando o oxigênio do sangue.
Segundo as teorias de Walter, essa arma biológica poderosa poderia ser um dos experimentos de Josef Mengele (ou ‘Anjo da morte’), o médico nazista que realizou experimentos cruéis com seres humanos, incluindo injetar tinta azul em olhos de crianças só para ver se mudariam de cor, deixar pessoas em tanques de água gelada para testar suas resistências, além de amputações, tentativas de esterilização em massa e a criação de siameses artificiais. Não seria impossível, portanto, que a tal toxina tivesse sido uma de suas experiências, mas Fringe faz melhor e descobrimos que o autor disso é pai de Walter, que trabalhou para os alemães e deixou sua assinatura na estrutura molecular da toxina. Aliás, finalmente descobrimos a origem do cavalo marinho, símbolo recorrente na série e até hoje não explicado. Para completar o ciclo de culpa dos Bishop, Peter foi o responsável por vender os livros do avô, que continham as fórmulas bizarras capazes de matar números grandiosos de pessoas. Mesmo após o rastreamento dos livros, eles não indicavam qualquer pista, mas uma das substâncias usadas na fórmula leva Olívia e o FBI até um endereço residencial, onde o responsável pelos assassinatos produzia um novo ataque. Na invasão da casa, é Walter quem quase sufoca até a morte, escapando por pouco para tramar sua vingança e salvar centenas de pessoas numa conferência sobre tolerância entre as raças. Dessa vez, o dia é da caça e o homem sufoca, bradando que Bischoff (o antigo sobrenome dos Bishop) é um traidor do regime. Para variar, Walter acaba sendo o grande destaque do episódio, mostrando que pode agir e ser mais eficiente que o próprio FBI se for preciso. Além disso, ficamos com mais um mistério, já que o assassino, que aparece nas fotos antigas da família Bishop - ao lado do pai de Walter, em seu laboratório - ainda hoje, possui a mesma aparência jovem daquela época. Se, por um lado, sabemos como ele conhecia a fórmula da toxina, de outro ficamos sem saber como ele sobreviveu tantos anos sem envelhecer ou se possivelmente, foi trazido de volta à vida, gerando mais e mais teorias que nunca parecem fazer sentido.
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