Há muito tempo escuto dos amigos e de outros viciados em séries que é um absurdo eu – fã confessa de produções voltadas ao público teen – nunca ter visto Friday Night Lights, da NBC. Justamente por ver diversas outras séries do gênero, eu tinha vontade, mas ia deixando para depois.
Aproveitando o Hiatus americano e adiantando meu calendário, conferi o episódio piloto que é, como eu esperava, muito bom. A intenção dos produtores foi, sem dúvida situar o telespectador e deixar evidente o clima que envolve a cidade de Dillon, no Texas, nas vésperas dos jogos de futebol americano.
A coisa é mesmo levada a sério. Famílias, autoridades, imprensa. Todos criando a maior expectativa e toda a pressão possível em cima do treinador Eric Taylor (Kyle Chandler) e seus jogadores do Panthers.
O treinador é novo no pedaço e é a primeira vez que vai comandar um time sozinho. Vencer, nesse momento, é o fator que vai decidir seu futuro e representa mais que uma vontade, mas sim, uma necessidade.
No time, temos algumas daquelas figuras clássicas e até mesmo clichês. Temos o quarterback Jason Street (Scott Porter), que faz aquele estilo bom moço. Além de ser o melhor do time, é considerado o melhor do país em sua posição, mas o sonho de jogar profissionalmente e ser feliz com a namoradinha de colégio vai por água abaixo quando, no tão esperado jogo, ele sofre um acidente e tem danos na espinha.
Acho que é nesse tipo de coisa que mora meu receio esportivo. Pessoalmente, não gosto de me machucar e a possibilidade de algo assim, além da preguiça imensa e total falta de coordenação motora, sempre me afastaram desses esportes coletivos.
O ferimento de Jason, porém, faz com que seu reserva, Matt Saracen (Zach Gilford) tenha a oportunidade de mostrar a que veio. Tudo começa meio atrapalhado e parece que os minutos finais do jogo vão confirmar a derrota dos Panthers, mas a virada de Matt é impressionante. Depois da breve conversa com o treinador ele é capaz de guiar o time à vitória.
Temos ainda os tipos babacas como Brian Willians (Gaius Charles), mais conhecido como Smash, que jura que um dia vai juntar marcas como Pepsi e Coca Cola numa mesma publicidade, comandada por ele.Tão egocêntrico que não sei como o resto dos personagens cabe no mesmo episódio em que ele. E temos ainda o tipinho bêbado e rebelde, Tim Riggins (Taylor Kitsch), outro que tem o rei na barriga e, provavelmente, muitos problemas familiares.
Na ala feminina, além da esposa de Taylor, Tami (Connie Britton), sempre atrás das escolhas profissionais do marido e Julie (Aimee Teegarden), a filha que faz mais o tipo estudiosa. Isso sem falar nas cheerleaders e nas especialistas em dormir com todo o time de futebol, só para ter uma boa história para contar para os netos.
Minhas impressões iniciais de FNL são de que a série não pretende apenas mostrar a paixão dos americanos pelo esporte. Parece-me que o roteiro vai além disso e deve embarcar numa viagem pelas personalidades, dramas e romances entre os personagens.
Se você, assim como eu, não sabe patavinas de futebol americano e fica perdido nos touchdowns, fique tranqüilo. Sinceramente, entender como o jogo funciona é o menos importante e, quem sabe, Friday Night Lights possa contribuir em nossa educação, nesse quesito. Nunca é tarde para tentar.