Pois bem. Soltarei fogos de artifício. (Ir)Rita morreu! Adoro começar falando final, especialmente esse. Havia especulações e mais especulações e acabou acontecendo mesmo. Acabou a chatice de discutir relação, fazer terapia e toda aquela balela da esposa de subúrbio perfeita. (Ir)Rita na banheira vermelha e o pobre Harrison sentado e chorando no meio do 'banho de sangue' da mãe foi uma cena espetacular. Igualzinho ao pequeno Dexter, assustado e traumatizado por ver a mãe morrer dentro de um container. Houve quem especulasse a morte do bebê, mas fechar o ciclo com a possibilidade do filho de Dexter se tornar um futuro psicopata, pelos mesmo motivos que o pai, não vi ninguém comentar por aí. Agora que já falamos do gran finale, vamos debater os caminhos que levaram a isso. Durante toda a temporada vimos um Dexter dividido. Ser pai, marido, amigo, profissional da polícia ou um psicopata frio e solitário? Tivemos as dúvidas, as conclusões, os sentimentos. Definitivamente, Dexter está cada vez mais humano e fugindo da característica principal dos serial killers, que é a total falta de consideração/carinho por outros seres humanos. Embora Dexter não seja exatamente um romântico ou um homem carinhoso, não dá para negar que essas características, digamos assim, mais normais, existem dentro dele e estão em constante conflito com o passageiro negro. A grande e irresoluta verdade é que Dexter se permitiu ser humano demais e Harry, chato e irritante como o grilo falante, estava certo. Não que ele devesse abandonar a família.

Não que eu não goste desse outro Dexter Morgan. Todos nós amamos Dexter por essa mistura que ele representa. Um assassino que mata outros assassinos. Um homem que esconde seus desejos de sangue enquanto prepara o churrasco para a família. Harry estava certo porque, até agora, nada havia dado errado para Dexter. Temporada após temporada o vimos escapar de cada uma das armadilhas no caminho, mas, até então, ele estava sozinho. Ao criar uma família, Dexter se permitiu ter um ponto fraco. Era óbvio que o primeiro inimigo que encontrasse usaria justamente isso pra atingí-lo. O grande erro de Dexter foi subestimar as possibilidades. Ele acreditava estar no controle da situação até o final, mesmo com tantos indícios de que isso não correspondia à realidade. Que Arthur ia morrer eu não duvidava. Até pensei que eles poderiam conviver e ser amigos, mas a partir do momento em que a atitude de Arthur em relação à família enojou Dexter, eu soube que isso seria impossível. Então, após tentativas frustradas, armações, engodos e acidentes de percurso, como ser preso pouco antes de concretizar seus planos, Dexter consegue o que quer. Tem Arthur em suas mãos e vai matá-lo com um martelo. A cena armada para o sacrifício é detalhista. Trenzinho de brinquedo, a trilha sonora, a conversa. Tudo perfeito e satisfatório, completando um dia feliz e cheio de glória na vida de um serial killer. Mas, como sabemos, Dexter, que havia mandado (Ir)Rita numa viagem, não contava com a volta da esposa e não podia imaginar a cena que encontraria para estragar sua felicidade familiar.
Tudo isso - somado ao fato de que agora Debra sabe exatamente da origem do irmão e a história real do Ice Truck Killer - será o grande plot da 5ª temporada. Dexter vai ter que encarar um mundo desconhecido. Pai solteiro, crianças traumatizadas, família desestruturada. Um cenário catastrófico, enfim, que vai atrapalhar ainda mais o hobby favorito de Dexter. Aposto num novo relacionamento para ele, muito em breve. Talvez uma mulher que o conheça de verdade e apóie o que ele faz. Ou não. Isso soa como um conto de fadas para assassinos.
Cá entre nós, confesso que desejava muito que Trinity escapasse. Não queria me despedir do personagem e acho que mudaria um pouco a fórmula de final de temporada. Notei ainda, que foi a primeira vez que a equipe da Miami Metro conseguiu resolver um crime de verdade, mesmo com as interferências no caminho. Dexter sempre conseguiu encobrir o que bem quis e, dessa vez, foi diferente. Mais uma prova de que seu foco está fora da antiga perfeição. Agora, resta esperar pela 5ª temporada. Um ano de pura tortura. Que em 2010 Dexter venha com mais força, mais surpresas e mais sangue. Nos vemos por aqui. Até lá.