Todo mundo sabe que a ‘showrunner
que não deve ser nomeada’ adora uma tragédia, então, não foi realmente com
surpresa que recebemos os acontecimentos do episódio anterior de Grey’s
Anatomy, que recebe uma boa continuação nesse retorno pós hiatus de final de
ano. Ganhamos mais um bom episódio que - mesmo com mais um defunto entrando
para a lista de assassinatos cometidos por nossa serial killer televisiva mais
temida - consegue ser muito balanceado em drama e humor.
As situações mais notáveis em
comédia vieram da interação entre residentes e internos. A coisa foi bem desenvolvida
nas histórias de Avery, Kepner e Karev e cada um deles teve como acompanhante
um de seus alunos. April é acusada de assédio sexual e depois desse episódio
acessou o Orkut (alô 2004!) para entrar na comunidade “Sou legal. Não estou te
dando bola”. Avery se aproxima da aluna só para que a moça possa saber se ele
tem olhos verdes ou azuis, mas acaba sendo atacado no banco de trás de um
carro, enquanto Karev e Jo dividem mazelas infantis e choram para poder invadir
quartos de hotel.
Tudo isso funcionou muito bem
para amenizar as demais situações, como a de Callie e Arizona, que foi
dramática, apesar da esperança de uma continuação mais feliz. A conversa entre as duas é muito franca e
muito bonita ao mesmo tempo. Gostei de ver que Callie não esqueceu quem foi que
ficou ao lado dela depois do acidente de carro e mais ainda por Arizona admitir
que não pode viver focada apenas na falta de uma de suas pernas.
Gostei também do caso dos
motoqueiros e conseguiram sim, me enganar. Sou público cativo de Sons Of
Anarchy e logo esperei que o clube mostrado em Grey’s fosse de criminosos
inescrupulosos e não focado na ideia de família e amizade. A presença dos
motoqueiros trouxe mais do que agitação para a sala de emergência, mas também
ajuda Owen a perceber que seu relacionamento com Cristina não pode continuar
como era antes. Não sei como um simples divórcio pode mudar as coisas, afinal,
assim como o casamento, não deixa de ser um pedaço de papel, mas vou pagar para
ver. Temos no meio a questão do processo judicial, que não deve ser esquecida.
Achei curioso o fato de que se
passaram apenas cinco horas no episódio e também por ver todo mundo trocando de
roupa e indo da festa para o hospital (e vice versa) com a maior facilidade.
Deve ser muito bom sair de um casamento, trabalhar no meio de um monte de
sangue e ainda poder voltar para o Buffet, linda e maquiada. A única que
realmente enfrentou mudança no visual foi a noiva, que aparece bem menos
glamurosa no final, para finalmente se casar.
O modo como Adele se vai é bem
diferente de outras mortes da série. Não precisamos ver para entender ou para
achar o momento bonito. Confesso que não me importava com ela (nem minimamente),
mas gosto de Richard e, de certa forma, fiquei feliz por ele poder seguir com a
vida, embora haja nele uma boa dose de arrependimentos e de mágoa por ter
deixado a esposa (mesmo que por recomendação médica).
A situação ali é complicada
de entender e só quem já viveu perto de alguém com Alzheimer pode entender os
sentimentos controversos de culpa e alívio, que surgem ao mesmo tempo. É por
isso que Meredith é a pessoa perfeita para chorar ao lado de Richard, sem
alarde e sem grandes discursos sobre perda. O momento dela com Derek é, talvez,
um dos mais tocantes do episódio, evidenciando a força desse casal e trazendo
de volta o medo constante que Meredith tem de ter um fim parecido com o da
própria mãe.