Os Ewing estão de volta e isso
definitivamente não é um sonho.
Sucesso na grade da CBS de 1978 a
1991, Dallas, a série estilo “novelão” mais famosa da TV mundial está de volta
pela TNT, causando grande rebuliço nessa Summer Season, quando, via de regra, a
programação fica um pouco mais leve. Como essa é a época ideal para testar
novos produtos, podemos dizer que a emissora está tentando ter certeza de que o
público ainda está interessado em uma série desse tipo.
A julgar pelo recente sucesso de
Revenge, parece que a aposta é certa. Dallas voltou com tudo, em uma Premiere
dupla em que muita coisa acontece, tirando nosso fôlego e impedindo sequer um
piscar de olhos. A audiência respondeu bem ao lançamento e Dallas foi o
programa mais assistido nessa quarta feira, com média de 6.9 milhões de
espectadores. Isso porque estamos falando de um canal a cabo.
Fiquei extasiada. Os dois
episódios são uma sucessão de plots twist, recheados de drama, estratagemas,
armações, traições, ameaças... Chega a ser surreal o modo como a trama flui e
cresce, levando em conta que estamos falando apenas dos dois episódios de
estreia. Para quem gosta de histórias bastante movimentadas e personagens de
caráter duvidoso, Dallas é um prato cheio e diversão mais do que garantida.
É importante dizer que quem não
assistiu à série original não precisa ter medo algum de não entender esse “recomeço”.
Os detalhes e conexões entre os personagens são explicados ao longo da Premiere
e é super fácil de acompanhar. Além do mais, tentarei dar um vislumbre (breve)
do que foram as 14 temporadas de Dallas. Eu também não assisti essa delícia
completa, mas a série fez história e tem momentos épicos que merecem destaque.
Quem ainda não sabe de nada vai acabar surpreso com a ousadia de roteiro e o
nível de cretinice alcançado por esse verdadeiro clássico.
Recomeço é a palavra prefeita
para descrever essa nova versão de Dallas, que traz de volta três personagens
centrais: Bobby, J.R. e Sue Ellen Na original, o público acompanhou as intrigas
e a briga pelo poder dentro da abastada família Ewing, dona do Rancho
Southfork, que continua sendo o cenário principal.
No centro estavam os irmãos Bobby
Ewing (Patrick Duffy) e J.R.Ewing (Larry Hangman), que travaram uma batalha
destrutiva pelo controle da propriedade familiar. J.R., o filho mais velho, faz
a linha megaevil e nada confiável, enquanto Bobby, o caçula, era mais sensato e
muito ligado à mãe. Tanto é que, logo no começo dessa Premiere, Bobby afirma
que precisa honrar as vontades descritas por Ellie Ewing em seu testamento,
afinal, o petróleo foi grande gatilho de todas as encrencas por que passaram e
o objetivo é assegurar que a família não entre em novas disputas envolvendo o
chamado ouro negro.
Como o grande lance em Dallas é
babado e confusão, é lógico que a nova geração dos Ewing está se envolvendo
justamente com petróleo, que promete dividir a família novamente e trazer
milhares de problemas para todo mundo. Bobby e J.R, é claro, continuam prontos
para brigar, mas seus filhos não vão deixar por menos.
John Ross (Josh Henderson) é o
filho de J.R com Sue Ellen (Linda Gray) a mulher mais chifrada e humilhada numa
série de TV. John pode até parecer bom moço, mas herdou a personalidade do pai.
Quando você menos espera, ele já sambou oitenta vezes na sua cara e sua única
opção é aplaudir de pé. Ele começa como entusiasta do petróleo, perfurando no
quintal de Southfork (que não é pouca porcaria em tamanho), namorando a filha
da cozinheira. No fim do segundo episódio ele já está levando golpe da amante
latina (porque John é um Man Whore) e enganando o próprio pai, para ser o único
dono do rancho. Além disso, ele tem um olho verde e outro azul que deixam qualquer
um zonzo e as cenas de shirtless (poucas) valeram a pena completamente.
Christopher (Jesse Metcalfe) é o
primo de John Ross, filho adotivo de Bobby e Ann (Brenda Strong), um rapaz
empreendedor e que luta para se sentir reconhecido como um Ewing original. O mais legal sobre Chris é que ele é um cara
de visão empresarial diferenciada e foi ele o grande responsável por eu me
prender à série logo de início. Não, estou falando da beleza do moço, mas sim
do melhor plot de todos nessa Premiere.
Chris está procurando
investidores para seu projeto de comercializar – guardem bem essas palavras –
PEIDO CONGELADO. Vocês não leram errado. Essa cena é surreal. Primeiro porque
ele retira uma pedra de gelo imensa de uma bolsa e incendeia o troço, antes de
apresentar, cheio de pompa: “Isso, senhores, é peido congelado. Uma maravilhosa
fonte de energia que vai revolucionar o mundo”.
Meu queixo caiu nessa hora e tive
certeza de que não poderia mais viver sem Dallas. A coisa fica ainda melhor
quando descobrimos que a extração de Peido Marinho (que será congelado depois)
causou um TERREMOTO na China. É ou não é a novela da vida real?
Todo esse drama do Peido
Congelado motiva os acontecimentos principais nos episódios. John Ross usa isso
numa chantagem maravilhosa, para tentar impedir tio Bobby (que está com câncer
e decidiu vender Southfork por não confiar em ninguém) de vender a propriedade,
mas ele está determinado. Nem mesmo a afirmação de Chris, que garante que pode
cuidar dos bois e vacas nos pastos, convence Bobby, mas muitas surpresas vêm aí
e o rancho vai cair nas mãos de pessoas com intenções muito obscuras. Nem mesmo
a astúcia de J.R., que passou anos se fingindo de múmia num asilo, vai ser
capaz de impedir tudo isso.
No olho do furacão temos ainda
Elena Ramos (Jordana Brewster) a tal filha da cozinheira, que obviamente se
envolveu com os dois primos e agora quer utilizar seus conhecimentos
petrolíferos para enriquecer, financiada por Sue Ellen. Elena começa se
esfregando muito com John Ross numa chuva de óleo, até que o drama do E-mail
explode e ela resolve ficar sozinha. Acontece de Elena deveria estar casada com
Chris, mas um e-mail separou o casal no dia do casamento. Elena e Chris
descobrem essa terrível armação no dia em que ele está para se casar com outra
e John Ross vira principal suspeito.
Lógico que o e-mail foi mandado
mesmo por Rebecca Sutter (Julie Gonzalo), a esposinha de Chris, que não é uma
menina meiga e prendada, mas uma safada oportunista que está ali para destruir
os Ewing com a ajuda do irmão. Os motivos ainda são desconhecidos, mas quando
ela conta a história de como conheceu Chris, fica óbvio que nada daquilo foi ao
acaso.
Como dá para notar por essa
pequena descrição, Dallas pretende ser uma produção muito ágil e surpreendente.
Eu a descreveria como uma guerra em que um quer ser mais megaevil que os
megaevils e no fim, todos são mais do que megaevils.
Não existe gente boazinha e
inocente e, mesmo aqueles que resguardam alguma nobreza em suas ações, vão se
render aos golpes baixos e sujeiras necessárias para continuar no jogo. Todos
serão vilões em algum momento e, já que os malvados são nossos preferidos,
Dallas tem tudo para ser uma dessas séries em que amamos todos os personagens.
Quanto pior, melhor.
Na equipe de roteiristas está
David Jacobs, criador da série, Warner Horizon e Cynthia Cidre. A direção fica
por conta de Steve Robin.
P.S* Se você não entendeu porque
há tantas referências a sonhos e chuveiros no material promocional e até na
frase de abertura dessa review, saiba disso: Em 1985, Bobby Ewing foi
atropelado e morto na série, porque o ator Patrick Duffy pediu para sair. Como
o público odiou a mudança, Duffy retornou à série, exigindo uma explicação
plausível para isso. O resultado? Os roteiristas inventaram que a TEMPORADA
INTEIRA havia sido apenas um sonho/pesadelo da esposa de Bobby (Pamela), que
desperta e o encontra tomando um banho, tranquilamente. Para mim, esse é a
melhor resolução já feita em qualquer série do universo. Esperem por coisas
desse nível na nova versão de Dallas.
P.S* Uma série que já começa com
um casamento de luxo, baile do Rei do Gado, Boa Noite Cinderela e Sex Tape merece ser vista.
P.S*Dallas vai ser um festival de
crocâncias e delícias. Realmente imperdível.
P.S*Selvagens e sensuais as
sobrancelhas demoníacas de J.R.
P.S*A abertura da nova versão é
quase igual à original. Só foi modernizada.
P.S* Dallas estreia no Brasil
pela Warner Channel, no dia 18 de junho, às 22h. Até que chegou rápido!