E se esse fosse o final de
Fringe?
Mais uma temporada de Fringe
chega ao fim e muitas perguntas ecoam em nossas cabeças. São dúvidas sobre a
trama, principalmente, mas dessa vez, o que realmente me pegou foi o questionamento
aí de cima, porque afinal, esses dois episódios finais, juntos, seriam o
desfecho derradeiro da série que mais instigou nos três últimos anos (pelo
menos). É mais do que justo querer saber se isso teria sido suficiente, se as
duas partes de “Brave New World” teriam nos deixados satisfeitos e felizes.
Minha resposta é muito clara:
Não. Não seria o bastante para mim, embora eu reconheça que, dentro das
possibilidades, teria sido um final justo para os fãs e para a série. Ainda bem
que esse não é o fim. Ainda bem que teremos mais treze episódios. Nunca fui tão
grata à Fox como agora. Daqui para frente confio apenas no que os produtores
preparam para a 5ª temporada. Confesso apreensão (Tenho expectativas muito
altas com Fringe. Altas até demais.), mas ao mesmo tempo vejo algumas intenções
muito claras para o próximo ano.
Disse tudo isso porque imagino
que a minha sensação é a mesma que outros fãs devem ter. Especialmente depois
dessa 4ª temporada que eu considero muito boa, mas nem de perto perfeita como a
3ª. Ano passado Fringe foi uma experiência histérica e muito mais emocional do
que qualquer um poderia esperar. Era surpresa e ousadia, sempre. Não há como
negar que um pouco disso ficou no passado e a empolgação com a temporada atual
nem se compara com o que vivenciamos nos dois anos anteriores.
Um pouco disso é culpa do clima
de incerteza. Analisando o todo dá para notar que o roteiro tentou encaixar o
máximo de conteúdo em 22 episódios. Apesar do sentimento de lentidão que muitos
compartilharam nos comentários, acho que é justamente o contrário. Era pouco
tempo e muita trama para desenvolver com o retorno de Peter, a aparição de
David Robert Jones, a revelação sobre os Observadores e o futuro, somando tudo
ao retorno de William Bell.
É coisa demais para encaixar numa
série detalhista como Fringe, que construiu sua mitologia pedaço a pedaço, sem
pressa. Se pararmos para pensar, cada assunto desses renderia uma temporada
inteira (lembrem que os showrunners gostariam de fazer sete temporadas
completas). É por isso que me recuso a não valorizar o trabalho realizado nesse
quarto ano. Ele pode não ter sido o melhor da série, mas foi o melhor que
puderam apresentar diante da grande chance de cancelamento que nos assombrou
durante cada sexta feira.
Um bom exemplo disso está no
episódio “Letters Of Transit”, uma breve viagem ao futuro que apresentou cada
informação que guiaria o resto da temporada. É possível notar os objetivos dos
roteiristas, caso Fringe não fosse renovada. A mensagem é essa: “Era isso que
faríamos se tivéssemos mais tempo. Era isso o que vocês ainda iriam descobrir”.
Pra mim, esse é o melhor episódio da temporada, não só pela criatividade, mas
pela utilidade em tudo o que foi abordado. Tudo nesse episódio foi desenhado
para o possível final de Fringe fosse visto como um todo e não apenas julgando
os dois últimos episódios. Ele é um link precioso.
De modo geral, fiquei
impressionada com essa Season Finale. Dá para notar que ela também foi
construída como um final definitivo. Seria um final feliz e até bem
amarradinho, mas prefiro terminar sabendo que não terminou, se é que posso
falar assim.
Eu não poderia entrar no assunto
sem dizer que sim, em Fringe tudo acaba em TORRADAS. Parece piada, mas não é.
Quantas e quantas vezes falamos “In Toast We Trust”? A obsessão por torradas
parecia bobagem, mas eis que a série prova que nada fica sem amarração e por isso,
a cena adicional, entre Walter e o Observador tem justamente torradas para
ilustrar que se o inverno não chega nunca em outras produções, em Fringe
podemos acreditar que #ObserversAreComing.
Não há a menor dúvida nisso. A temporada
final terá exatamente esse foco e acredito que não veremos apenas o futuro
(como nos moldes do 4x19), estou até apostando num pequeno salto temporal,
cortando a gravidez de Olivia e chegando até o momento crítico do Expurgo, que
aliás, é o Glyph Code da semana: PURGE.
Mais uma vez, voltamos a falar do
episódio 19, mas ele é realmente importante quando colocado em perspectiva com
a Finale. Dali, tiramos a informação sobre Etta (e uma ideia de como ela teria
sido afetada pelas altas doses de cortexiphan, em sua fase fetal), a volta de
Bell e os planos dos Observadores.
Sabemos também que Olivia não
estava presa no âmbar e agora, que ela não morreu (pelo menos não ainda),
então, o que acontece com Olivia? Porque naquele futuro ela não está junto dos
demais integrantes da Fringe Division? Essa é, talvez, a maior questão que
permeará a personagem daqui em diante, afinal, segundo Walter, depois de gastar
todo seu potencial energético, inclusive ressuscitando, Olivia se transformaria
numa pessoa normal, com poucos resquícios de cortexiphan e de suas incríveis
habilidades.
Outra coisa interessante é notar
que o poder de Olivia era tanto, que somente uma quantidade enorme de anfilício
pôde chegar minimamente perto de suas capacidades, durante o período de testes,
em que David Robert Jones parecia ser o grande maestro disso tudo. "You
had the power all along my dear", disse Nina, pontuando muito bem, nessa fala
retirada de O Mágico de Oz. Como quem diz isso é Glinda, a Bruxa Boa do Sul,
fica encerrada a discussão sobre a posição de Nina Sharp na série. Estou
convencida de que ela é do bem agora.
Eu até comentei na review
anterior que aquele lance do bolo de limão me incomodava bastante, já que nunca
tinham dito que cortexiphan é regenerativo, mas o principal era que eu soube,
ali mesmo, que Olivia morreria e voltaria em seguida. Para minha surpresa, a
sequência foi muito bem feita. Conseguiram criar um clima de distração total,
enquanto Peter e Bell discutiam o “novo mundo” repovoado por “Adão e Eva”.
Prestando atenção nos diálogos é
um susto quando Walter (será ele o Mr. X. definitivo?) acerta um tiro bem no
meio da testa de Olivia. Eu fiquei bastante chocada e envolvida com a situação,
que foi bastante emocional, especialmente pelo desespero de Peter. Walter deu
um show de lucidez ali. Estapeou Peter (não canso de rever essa cena e não sei por
que) e partiu para o improviso. Abridor de cartas e antena (eu acho), ele foi
enfiando tudo na cabeça de Olivia enquanto eu fazia caretas medonhas de desespero.
Uma curiosidade está na lembrança de que Etta carrega no pescoço uma bala de revólver. Supomos que é a bala que matou Olivia, mas será que é a mesma que vimos nesse episódio. Comparando as fotos fica dificil de saber, mas fica registrado.
Esse episódio caprichou em cenas
assim, que também me aterrorizaram com Jessica Holt. Simplesmente adorei aquela
sequência em que ela é interrogada. Bizarra demais, no melhor dos sentidos.
Fringe tem efeitos muito caprichados e acho que terei pesadelos com os olhos
revoltos de Jessica, por algum tempo.
Falando nela, há ainda muito que
discutir. Jessica era parte dos planos de Bell (que incluíam colocar Peter em perigo)
para ativar Olivia, mas, mais do que isso, eles levantam um monte de novas
perguntas, todas relacionadas aos Observadores e à função de Bell na série.
Reparem que Jessica sabia como
prender September e evitar seus pulos temporais, algo que, segundo ele mesmo,
ela não deveria saber. Aliás, Jessica sabia que seria visitada por September, que
cai direitinho na armadilha, o que indica algum tipo de blindside. Depois, quando ela atira nele, afirma que a arma é uma
tecnologia de Bell, desenvolvida justamente para atingir Observadores, o que
significa que ele já sabe o que está para acontecer e tentará evitar ou pior,
está envolvido no Expurgo de alguma forma. De que lado Bell está, afinal? Quais
são seus objetivos?
Fringe é mestre em colocar essa
profundidade dos personagens em perspectiva. O mesmo foi feito com Walter, que
teria desenvolvido cada ideia desse novo mundo em sua imensa mágoa por perder
Peter duas vezes. Voltaram a falar do momento em que Belly retira pedaços do
cérebro de Walter, temeroso por estar “brincando de Deus”.
É impressionante o modo como
Walter nos cativa, mas ao mesmo tempo está sempre ligado à origem de todo mal e
todo perigo que ameaça dois universos inteiros. Ele é um dos personagens mais
complexos da TV, atualmente. John Noble merece prêmios (no plural) e Leonard
Nimoy também. Os diálogos deles nesse episódio foram instigantes e cheios de
nuances emocionais. Trabalho de mestres.
Aliás, o momento em que Bell dá a
Walter um vislumbre de seu novo mundo é especial. A parte técnica da série deu
outro show ali e poucas vezes vi um cenário “imaginário” tão real. Tanto que ao
ver a promo do episódio, cheguei a temer que estivessem indo longe demais (como
diria Belly “the clock is ticking, tic, tic, tic”). Era só uma espiadinha do
que a coisa toda viria a ser se fosse concretizada. Ainda bem.
Mais algumas coisas me chamaram a atenção em
relação a Belly. Ela chega a comentar
que Walter tomou uma decisão que o redimia por todas as suas ideias e invenções
(matar Olivia, no caso) e fiquei tentando entender se Bell entendia que Olivia
não morreria, por causa das doses maciças de cortexiphan que ele e sua equipe cuidaram
para que ela recebesse. Depois ele desaparece como sempre, ao tocar o
tradicional sino, então seu retorno é promessa certa.
Também tenho esperança de rever
September. Ele é o grande aliado da Fringe Division na futura guerra com os
Observadores, mas como o momento em que ele é baleado chegou, isso talvez não
aconteça. Essa habilidade dele, em manipular a malha temporal (#DoctorWhoFeelings)
e ir para onde bem entende, meio que já nos mostrou seu desfecho em “The End Of
All Things”.
O que talvez também ganhe
desenvolvimento seja essa grande injeção de verba na Fringe Division. Broyles
foi de Coronel a General, trazendo Nina para comandar uma parte do
departamento. Como as criações genéticas de Belly foram mantidas para “estudo”,
só posso pensar em muitas implicações políticas e interesses que desafiam a
ética surgindo pelo caminho.
Como já dava para saber, Astrid
sobreviveu ao tiro que levou. Sempre me emociono com a relação dela e Walter,
ainda mais quando aproveitam para fazer humor em cima disso. O final do
episódio vinha naquele clima de “paz e amor”, com Olivia grávida, Peter um
papai feliz e tudo o mais, mas o melhor fica sempre por conta de Walter, que
queria saber se urina era gelatina de limão. Por sorte (nossa, principalmente)
ele estava com fome e não com sede, ou a coisa poderia ter ganhado proporções
trágicas.
O ponto alto é quando Astro surge
com o alcaçuz, salvando a barriga de Walter da miséria. Quando ele olha para
ela, com aquela expressão de “sou o maior troll do mundo” e a chama de Astrid,
eu abri o maior sorriso. Walter sacaneia a coitada de propósito e ninguém pode
dizer, depois dessa, que é porque está faltando um pedaço do cérebro dele.
Como essa review imensa já está
chegando ao final (podem comemorar!), vale citar mais algumas referências no
episódio. A menção a Star Wars não pode ficar de fora. Olivia foi mesmo uma
verdadeira Jedi ao controlar o corpo de Peter à distância. Além do mais, Talos,
o nome da embarcação de William Bell é uma referência a um Deus grego, mais
criativo e melhor inventor do que o Deus que o havia gerado, Daedulus.
Não consegui identificar, porém,
o símbolo que prende September naquele pedaço de piso, mas vi gente chamando
aquilo de runa. Comparei e achei coisas esotéricas bem parecidas, mas com
September pisando em cima, fica difícil ver o formato na íntegra. Se alguém
souber, por favor, compartilhe. Acho que temos algum tempinho para novos detalhes
e teorias até a chegada da 5ª e última temporada, com o desejo forte de que o
lado B nos dê um alô novamente.
P.S*Como sempre, aquele mega
agradecimento a todos que participam comentando aqui, no twitter, no Facebook e
até por sinal de fumaça. Sem cada teoria, dúvida e discussão assistir à série
não seria tão divertido. Encontramos-nos em breve, para a parte final da nossa
jornada com Fringe!
P.S* Antes que surja a pergunta sobre os tais "dois finais": São, de fato, dois. Um com a cena de Walter e September, que acrescenta um cliffhanger e outro sem essa cena, que deixaria Fringe na cena do hospital, com a notícia sobre a gravidez.
FRINGE EVENT SP e RJ
Semana passada, anunciei aqui a reunião dos fãs de Fringe em
SP, no dia 19 de maio, às 19h. Pois saibam que criamos uma ponte com o lado B e
o pessoal do Rio de Janeiro fará também um Fringe Event, no mesmo dia e na
mesma hora. Aí embaixo seguem os links de São Paulo e Rio, para quem estiver
interessado em participar do encontro.