Qual parte de NÃO COMAM NADA essas crianças não entendem?
Seja com o nome original de Hansel e Gretel ou sob a alcunha brasileira de João e Maria, fato é que esses dois irmãos, assim como qualquer criança, seriam incapazes de resistir aos encantos de uma casa todinha feita de doces. Confesso que eu também cairia fácil na presa dessa bruxa cega comedora de criancinhas, mas o lance é ir comendo a casa de fora para dentro, sem deixar um modo de ela te aprisionar (esperteza mode on).
Táticas de gordice à parte, a verdade é que esse não foi o episódio mais interessante de Once Upon a Time, justamente por ser o mais aleatório em relação à história principal. Sei que muita gente não gostou nada de assisti-lo, mas eu ainda consegui encontrar coisas legais para comentar, até porque, não sou capaz de dizer que não aprovei o episódio.
Ele é até bacana e traz algumas informações no meio da história de João e Maria e, no final, começamos a ter uma visão mais ampla dos poderes de Regina, que afinal, é a pessoa a enviar João e Maria para roubar a poderosa maçã envenenada.
No conto original – aliás, um dos mais cruéis e aterrorizantes - os irmão são abandonados na floresta pelo pai, a pedido da própria mãe, para morrerem. A ideia é horrível e difícil de entender, mas historicamente falando, completamente real. A história retrata uma prática comum na Idade Média, quando famílias paupérrimas escolhiam o infanticídio como forma de diminuir a família e as bocas a alimentar.
Com o passar dos anos, as adaptações do conto foram minimizando esses fatos, trocando a mãe pela figura da madrasta, que também é a bruxa. Há ainda o detalhe das migalhas de pão, que foi trocado pela bússola, mas no geral, não acho que o terror tenha mudado muito. Duas crianças largadas para morrer na floresta pelo pai, com a desculpa de catar gravetos? Nada bom.
Em Once Upon a Time, porém, a saga de João e Maria virou praticamente um conto de fadas. Tudo culpa de Regina, que capturou o pai amoroso para usar os filhos em seu plano maligno. Dessa vez, nem reclamo da parte técnica. Até que achei os efeitos medianos e a maquiagem da bruxa cega bastante bem feita. A casa de doces deixou a desejar bastante, em contrapartida, mas é bom para que a gente mantenha a dieta.
O que me chamou a atenção nos flashs de ‘Far, Far, Away’ foram as visões de Regina pelo espelho. Reparei, sem alegria, que os anões são da mesma altura de Branca de Neve e, como vocês sabem, eu desaprovo a ideia. Anão é anão, não dá para trocar por homens de estatura média, a não ser que surjam com a desculpa de que eles foram enfeitiçados e cresceram. Aliás, um dos sete anões é quem flagra João e Maria usando Henry como mulinha para roubo de doces. Pela quantidade de espirros, só pode ser Atchim.
O que eu gosto cada vez mais é a ligação entre Emma e Henry, mesmo que ela ainda não tenha aprendido que mentir é o pior negócio. A “operação cobra” é uma das coisas mais divertidas, porque Henry é super crente de tudo contido no livro e Emma ainda tem lá suas dúvidas.
O empenho dela em encontrar os pais de João e Maria foi absolutamente conectado com suas experiências pessoais, de crescer em lares adotivos sem conhecer os pais e lógico, por ter se envolvido com o homem errado e tido um bebê de quem não pôde cuidar.
Mr. Gold, como sempre, é a fonte quente de informações e passo muito tempo questionando as intenções dele nessa “amizade” com Emma, que aproveitou a balela da maldição para unir uma família separada.
Engraçado como ela, mesmo adulta, ainda pensa nisso como algo a realizar para si mesma. Ficou em Storybrooke por Henry, tentando suprir os anos de separação e agora espera, apegada ao seu velho cobertor, que um dia possa rever os pais que abandonaram sem jamais deixar rastros.
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