Mudaram o conceito de “comédia” e esqueceram de nos avisar?
Não sei nem o que dizer sobre ‘2 Broke Girls’, que acaba de fazer sua estréia na grade da CBS, porque estou perplexa. Aliás, não sei nem se perplexa descreve a situação que, para ficar ruim, nesse caso, precisa melhorar muito.
Estou certa de que em algum tempo não muito distante, comédias deveriam ser engraçadas ou, pelo menos, fazer um esforcinho em seu episódio de apresentação para que o público fosse capaz de ver uma luz no fim do túnel. Pilotos de comédias, em geral, são fracos, mas o que ‘2 Broke Girls’ fez foi jogar a definição do termo na lama.
Foram, até agora, os vinte minutos mais sofridos da minha Fall Season, conseguindo superar verdadeiras bombas atômicas com o dobro de duração. O engraçado é que a série consegue apresentar direcionamento claro. Nesse Piloto deixam explicito o caminho que pretendem seguir, o que seria ótimo, se não tivessem abusado de toda horda de piadas de mau gosto e que sequer funcionam como piada.
O problema não é nem apelar para o cunho sexual em todas as cenas, não sou contra isso, absolutamente. É o tom, é como é dito e inserido no contexto. Para usar uma linguagem clara e que defina bem, basta dizer que ‘2 Broke Girls’ é uma comédia rampeira. Forçada e pobre de espírito também cabem. Podem colocar a culpa em Whitney Cummings (que estrela Whitney na NBC) e Michael Patrick King. Os dois pesaram a mão e podem levar o título de pior “comédia” dessa temporada.
A premissa, admito, não é das piores. A série pretende mostrar as desventuras de Max (Kat Dennings) e Caroline (Beth Behrs) trabalhando juntas numa lanchonete e fazendo planos para um futuro profissional independente e lucrativo. A primeira sempre trabalhou duro para sobreviver e a outra sempre teve tudo, até que seu pai faliu a família (e a cidade) e ela teve de se arranjar como pôde.
Existe, de fato, muito a explorar na relação das duas, nas diferenças entre elas e nessa amizade que surge inesperadamente, mas não conseguem entregar isso no Piloto. Os coadjuvantes são péssimos. Cozinheiros russos com sotaque falso que beira o ridículo, gerente chinês com sotaque falso que beira o ridículo... É, parece que só conseguiram pensar no quanto sotaques falsos/forçados são motivo de riso fácil e mostra de genialidade da equipe de roteiristas. Provavelmente quiseram pegar a onda de Sofia Vergara, mas faltou cacife.
Realmente acredito que, com o texto certo, a série poderia até conseguir algum público. Do jeito que está, duvido muito que exista alguém disposto a levar isso em frente, simplesmente porque não é divertido assistir. A única sensação que fica, intermitente, é a de profunda vergonha alheia.
No elenco ainda temos Jonathan Kite, Garret Morris e Matthew Moy.