CUIDADO: Os mortos já estão andando por aí.
Meus meses e meses de espera, imensa expectativa e fanatismo por zumbis acabaram de ser satisfeitos. The Walking Dead, nova série da AMC, vazou e lógico, não perdi tempo. Se você ainda não viu, veja logo. Aviso que a qualidade desse “Pre Air” não é lá essas maravilhas, mas e daí? Adorei o episódio e fiquei louca para revê-lo no lançamento oficial, porque a série merece e não tem nada melhor do que mortos-vivos escrotos e putrefatos em alta definição. Se você é dessas pessoas que resolveu esperar, boa sorte para lidar com a vontade. O consolo é que faltam poucos dias.
Como eu já esperava, a série é muito parecida com a HQ homônima, de autoria de Robert Kirkman e publicada pela Image Comics. Para quem odeia spoilers, não recomendo a leitura, mas se isso não te incomoda vá fundo e perceba o cuidado da produção, que reproduziu os quadrinhos com uma fidelidade impressionante. Até mesmo os atores são parecidos com os personagens fisicamente. A fotografia, em muitos momentos, é idêntica e eu quase senti como se pudesse virar as páginas eu mesma. Nem preciso dizer que foi uma experiência ótima e que valeu completamente a pena. Nunca tive dúvidas de que a série seria boa, mas às vezes, a gente dá azar.
Nesse primeiro episódio, que mais parece um filme e é mais longo que o usual, começamos num ritmo lento. Eu diria até que é um ritmo de conhecimento, de olhar em volta e perceber a história, a situação toda e se colocar no lugar daquele homem solitário, que acorda num hospital vazio e destruído para um mundo que não é mais como antes.
Eu fiz esse exercício e me pus na pele de Rick (Andrew Lincoln), o policial de cidade pequena, que é baleado e acorda de seu coma para viver dentro de um filme de terror. Todas as reações dele são exatas. A estranheza, a dúvida, o medo, a sensação de que aquilo só pode ser um pesadelo. Provavelmente essas seriam as coisas que passariam pela sua cabeça, a não ser é claro pelo pensamento óbvio de que “existem zumbis de verdade! Esperei por isso minha vida toda”.
A jornada de Rick é gradual. Sua história é apresentada com calma, o vemos trabalhar e falar sobre a família. Ele é praticamente o único em cena por muito tempo, a não ser, é claro, pelos corpos espalhados e os primeiros mortos-vivos que começam a aparecer, em plena luz do dia.
Aliás, essa é uma das características do episódio e acredito piamente, da série. A intenção do diretor e roteirista, Frank Darabont, é, acima de tudo, contar uma história. Por isso, quem espera ver só zumbis o tempo todo pode se decepcionar. Para ser bem honesta, achei essa opção muito boa. Claro que eu também quero ver fugas alucinadas e cenas de ação, mas não quero que a série se torne rasa. O grande lance aqui é desenvolver os personagens e as situações e aproveitar os efeitos especiais de alta qualidade para impulsionar o que já tem potencial.
Interessante notar que The Walking Dead segue muito a linha dos filmes do gênero. O começo é desesperadoramente vazio e silencioso, mas aos poucos a horda de zumbis vai aparecendo e dominando completamente o cenário. Outra coisa bacana são as características dos mortos-vivos. De hábitos mais noturnos (mas também andam de dia), atraídos por luz e sons. Eles também têm velocidade normal. Não são mega-rápidos ou super lentos, como já vi muitas vezes. As duas opções me incomodam. A primeira porque deixa as pessoas sem chance alguma (eu gostaria de ter alguma possibilidade de sobreviver nessa situação), a segunda porque é patético ver gente ser capturada por uma criatura mais devagar que tartaruga manca.
Além disso, os zumbis de The Walking Dead não são molóides que ficam batendo em portas e janelas. Eles tentam abrir portar girando a maçaneta e perseguem seu alimento com perseverança e alguma noção do que estão fazendo. O modo para matá-los é aquele tradicional: destruir o cérebro. Pode ser com um tiro, um taco de baseball, um pé de cabra ou que você arrumar na hora. Só não pode ser mordido ou arranhado, porque aí, já era.
Como podem ver, estamos diante de coisa boa e provavelmente, a melhor estréia de 2010. Os fãs de Boardwalk Empire que me perdoem, mas os zumbis de The Walking Dead detonam a máfia de Atlantic City com apenas uma mordida.