Para consertar o que está quebrado, dance.
Já vimos essa cena antes. Meredith, depois de grandes traumas e tragédias, colocando um ponto final e um novo ponto de partida com uma dança. Nada extravagante. Apenas um momento de alma lavada, de se permitir esquecer o que houve de ruim e recomeçar. Uma cena que já vimos com ela e Cristina e que agora ganha duas novas presenças. Se sua melhor amiga não está por perto - e talvez por isso mesmo - Meredith tem a chance de somar e dançar ao lado de suas duas irmãs, Maggie e Amelia. Um trio que promete. O que é a melhor das perspectivas para a 12ª temporada, que tem a complicada missão de manter o ritmo ou superar o que foi feito nesse ano. Já adianto: Não será fácil.
Com suas polêmicas, erros e acertos, não tenho o menor medo em dizer que essa foi uma das melhores temporadas de Grey's Anatomy. Shonda Rhimes conseguiu, mais uma vez, mostrar que sabe o que faz, que entende seu público e domina sua história. O trabalho dela e da grande equipe da série foi dos mais complicados. Começaram com o desafio que foi a saída de Cristina e encerraram com o desafio da morte de Derek. Dois baques gigantescos. Ao longo de anos de experiência assistindo a séries de TV, vi diversas produções bacanas ruírem após grandes perdas de elenco. É claro que o pessoal de Grey's tem experiência no assunto, mas vejam bem, estamos falando de Cristina e Derek aqui. Estamos falando que Meredith, o centro desse triângulo agora tem que seguir sozinha. Não pode ser simples segurar uma série com tudo isso e eu aplaudo os resultados.
Para encerrar um ano de emoções fortes e mudanças profundas, nada como uma Season Finale focada nesses dois temas. Foi tudo muito simples, mas fiquei de olhos marejados quase o tempo todo. Era a mensagem de esperança, presente em cada cena, em cada diálogo. O que está machucado pode encontrar a cura. E Meredith sabe bem disso, depois de passar por esse processo diversas vezes na vida. Foi isso que ela disse para Maggie, já no fim do episódio. "Fale comigo. Eu vi pior. Eu posso te dizer como você vai superar as coisas". E Maggie vê nessa irmã alguém em quem confiar, mesmo que seus problemas pareçam bobos diante do que Meredith passou.
Acredito que Amelia também vai encontrar sua cura. Uma hora ela vai ter que assumir que Owen está presente para ela sempre que é necessário. O medo dela é normal, afinal, temos aqui uma vice-campeã de Meredith no quesito desgraças, mas podem acreditar: esse casal vai sair. A mensagem de Derek vem para dar paz. O irmão estava feliz. E mais do que a sensação de que ele poderia ter mais disso, fica a impressão de que ele fechou o ciclo da vida da melhor maneira, se é que podemos definir assim.
Depois de muitas demonstrações de ira e da mulherada dominando geral, sinto que estamos entrando num caminho de paz com os homens da série. Seja Owen, Richard, Karev ou Avery, em menor escala Ben, eles devem ganhar espaço novamente. Confesso que, embora eu adore ver as mulheres em destaque, não sou a favor de extinguir o valor dos personagens masculinos. Precisamos de equilibrio e as cenas desse Finale mostram que chegamos nesse momento.
Richard e Catherine exemplificam isso com perfeição. Ao se confrontarem não são capazes de quase nada, mas trabalhando juntos e com vontade de dividir responsabilidades, a coisa muda de figura. Karev, por sua vez, precisa muito ser salvo de Wilson. Com toda a sinceridade: ela é a personagem mais fraca da série. Desinteressante, sem rumo, sem graça. Stephanie cresceu e ela diminuiu e está levando Karev pelo ralo.
Avery, por sua vez, disse uma coisa bem certa. Enquanto Kepner sofria e exigia seu direito de reagir a tudo que lhe aconteceu, ninguém pensou nele. Ela, principalmente. Não é nem egoísmo, é falta de capacidade e empatia mesmo, até por Kepner ter saído de sua zona de conforto em diversos níveis. Mas Avery estava lá, sofreu também e ele cansou de esperar e de aceitar tudo. Sua atitude foi mais que certa. Quer ir? Você é livre, mas eu também sou. Não é nada justo que Kepner espere que o marido viva em suspensão, até que ela resolva voltar. Não seria certo se ele pedisse isso a ela também. O melhor é cada um buscar o que precisa nesse momento, de forma independente e, um dia, quem sabe, eles se encontrem novamente.
Bailey, que começou muito forte na série e entrou numa espécie de limbo, parece que pode crescer ao se tornar chefe de cirurgia. Espero que aconteça no próximo ano e que o escolhido por Catherine venha também para movimentar as coisas. E que seja homem. Já que temos praticamente apenas 4 personagens masculinos na série e assim fica difícil.
Esse também foi um ano de limbo para Callie, por assim dizer. A personagem evoluiu pouco ou nada e recebeu uma fatia pequena de atenção, provavelmente para que pudessem recuperar um pouco da imagem destruída de Arizona após o acidente. Anos depois, ainda é duro lembrar do quanto ela fixou chata e do impacto da traição. Com Calllie muito em evidência, convenhamos, é difícil exaltar Arizona. Acredito que, para essas duas, o ano que reserva mais e mais coisas novas no quesito romance, já que, agora, a "barra está limpa" e as feridas desse relacionamento já estão fechadas.
Para ilustrar tudo isso, eis que o caso da semana é dos mais marcantes. Estranho como torcemos pela vida de quem só corre perigo nesse grande faz de conta que são as séries de TV. Queria muito que a moça não ficasse paralitica e que o rapaz saísse do carro e sobrevivesse. Para minha sorte, esse final de temporada tem uma lição positiva, na qual o impossível se transforma em tangível. Foi o complemento perfeito para o episódio que vimos na semana passada. O fechamento de temporada de que precisávamos e que merecíamos. Repito, não foi um ano fácil para Grey's Anatomy, mas acho que o saldo é esse: as feridas que abriram foram tratadas e o paciente está fora de perigo.
P.S* Até o ano que vem!