Nem todo dia é dia de perder.
Estamos oficialmente na reta
final de Sons Of Anarchy e o episódio dessa semana pode ser considerado como um
dos melhores da série. Quase uma hora e dez minutos de boas atuações, roteiro,
trilha sonora, surpresinha e boa dose de amor. E amor, nesse caso, vem em
diversas formas, mas todas se resumindo em cenas de sexo nada gratuitas.
Começamos com uma sequência que nos leva por caminhos bem interessantes, nos
quais praticamente todo o elenco vira protagonista. Gemma sai um pouco do centro das atenções e
os rapazes do clube aparecem. Depois da morte de Bobby, nada como esse olhar
mais íntimo.
O episódio ganha ainda mais
importância à medida que os vieses psicológicos ganham abertura e todos ficam
mais complexos. Não é fácil criar uma série em que o público torce pelos vilões
de tal forma que eles se transformem em mocinhos. É preciso construir um
universo todo em que essa situação seja crível e possível e em SOA é isso que
acontece. Claro que não quero reduzí-los a algo tão unilateral, mas demonstrar
a complexidade de cada personagem. No “mundo real” eles seriam criminosos e
ponto final. Na ficção, eles têm um ar heroico.
Sendo assim, ficamos felizes
quando nossos heróis da Samcro promovem uma bela vingança contra August Marks e
seus companheiros. Tudo perfeitamente arquitetado, inclusive os “ratos”, até
chegarmos à sinfonia de bombas e tiros de metralhadoras, que culminam com o
literal “olho por olho”. Jax vinga Bobby de modo épico e nos mostra que, às
vezes, o dia é de sorte. Foi um bom dia também para Eglee. Salva pela rápida
ação de Unser e pelo protecionismo do clube. A xerife Jarry, obviamente, fica
perturbada ao ver que por mais que tente, não tem lá muito poder sobre o que
acontece em Charming.
Aliás, repito. Jarry é a primeira
xerife (à parte de Unser) a ser “querida”, de certa forma. Engraçado o modo
como ela conseguiu mostra esse lado “bad girl” rapidamente e como ela segura
bem a confusa relação com Chibs. A cena dos dois, com distribuição de pancadas
e sexo violento é um exemplo disso. Os diálogos, é claro, são bem colocados
para mostrar o quanto aquilo é surreal.
Numa linha mais suave, temos Tig
e Venus, em mais uma relação que desafia a compreensão de muita gente. O
preconceito que ele sofre e que ela sofre por associação foi colocado na
medida, mas no fim toda a dor e medo em ambos virou uma das mais românticas
cenas da TV. Olhares e palavras resumindo muito bem o que aquilo tudo
significa.
Happy e Juice não escapam da “dose
de amor” e enquanto um segue um tanto misterioso, o outro vira esposa de
nazista. Sempre fiquei esperando saber mais de Happy, mas acho que ficaremos
nisso mesmo. Juice, por sua vez sofre mais um golpe da vida e se consagra como
um dos personagens mais zicados da série. Tive pena, ao contrário de Jax, que
até incentiva esse namoro atrás das grades.
Inclusive, Jax demonstra sua fragilidade
ao escolher mulheres que são bem parecidas com Tara, fisicamente falando. Ele
chora e sente a perda, mas começa a entrar na fase de aceitação. Pelo menos,
até o cliffhanger do episódio. Prova disso é que até Wendy, que vem provando
sua recuperação, ganhou o merecido reconhecimento como mãe de Abel. Foi mais
uma cena bem bonita, que não ficou melhor por motivos de “criança robô”.
Mesmo com uma dupla de atores
mirins tão ruim, o fato é que eles têm cumprido um papel importante. Começo a
ver a falta de emoção e alma dos menininhos como um plus. Abel é, afinal, uma
criança traumatizada e age como tal. Kurt Sutter aproveita essa falta de
expressão para mostrar um garotinho frio e capaz de processar informações bem
complexas, virando o jogo em seu favor.
O que ele faz com Gemma é impressionante,
assim como a cena em que vai ao banheiro e olha aquele garfo planejando um
importante passo no plano que estruturou. O final, com aquela frase tão
inocente e ao mesmo tempo tão bem colocada é pra fazer pensar. Foi por acaso
que ele disse ou o moleque aproveitou o momento para terminar de destruir a
avó? Gemma não faz ideia que seu maior inimigo é alguém tão próximo e tão
inesperado. Mas convenhamos, a culpa é toda dela. Com essa, ela aprende a não
falar mais em voz alta com gente morta.
P.S*Nero vendendo a parte dele para o pessoal dos Mayans:
vai dar merda.
P.S*Courtney Love toda repuxada me dá um baita medo.
P.S* Já viram o elenco de Sons Of Anarchy em entrevista no
Conan O’Brien? Procurem pelo programa do dia 11 de novembro, que está
sensacional! Tem um monte de quadros inspirados na série, assim como essa
reprodução da abertura: http://teamcoco.com/video/conan-sons-of-anarchy-cold-open