A vida sem Cristina Yang.
A saída de um personagem
importante – seja pelo motivo que for – sempre gera impacto numa série. Ninguém
duvidava, portanto, que isso fosse acontecer com Grey’s Anatomy durante o
processo de despedida de Sandra Oh e sua inesquecível Cristina Yang. Como a
série vinha com trama enfraquecida, algo natural depois de dez anos no ar,
pairava sobre nós a ponta de curiosidade para saber se as mudanças viriam para
o bem ou para mal. A julgar por essa Season Premiere, parece que estamos diante
da primeira opção.
Há algum tempo enfrentávamos um
ciclo de tramas que nunca saiam daquela coisinha boba e enrolada. Vide o
relacionamento de Cristina e Owen, que era assunto idêntico ano após ano, mas
podemos jogar todos os personagens no balaio, especialmente quando o assunto
são os casos amorosos. Isso sem falar no subaproveitamento de outros, como
Bailey e Alex e a inserção de residentes que sempre serviram apenas para morrer
tragicamente em algum momento em que a série precisava de movimentação.
Pois bem. Depois de tudo isso
dito, temos que notar a diferença nesse episódio de retorno. O décimo primeiro
ano de Grey’s Anatomy parece ter ganhado fôlego, muito embora estejamos lidando
com alguns clichês e histórias que já vimos antes. A questão é que, mesmo assim,
o episódio flui bem e prende a atenção. Tem alguns percalços, mas o saldo final
é positivo. Pelo menos foi positivo para mim e já estou preparada pra o
próximo.
Uma das histórias que já
aconteceu – e talvez a que tenha maior risco de dar errado – é a da nova irmã
de Meredith. A total falta de carisma da atriz que interpreta Maggie é apenas
um dos problemas a superar, mas precisamos notar que a dinâmica de irmãs que se
odeiam já aconteceu antes (saudades Little Grey) e que, com o tempo, as duas
vão virar amiguinhas ou algo assim. Não sei qual é essa ideia de que irmãos têm
sempre que brigar ou discutir ou bater cabeças. Em Grey’s Anatomy é SEMPRE
assim, então desconfio que nossa querida “showrunner que não deve ser nomeada”
deva ter questões pessoais não resolvidas.
A parte boa ficou com o
flashback. A pequena Meredith se lembrando do dia do nascimento de Maggie, sem
ter essa real noção. Ellis, como sempre, resolvendo as coisas de forma escusa e
causando traumas em todo mundo que a cerca. Cheguei a pensar que essa doida
estava carregando o bebê naquela mala e o pior é que não retiro essa chance.
Só espero que optem por não
enrolar nisso muito tempo, porque essa é uma questão importante. Depois de onze
anos, não dá pra ficar embromando meia temporada pra alguém contar para
Meredith que sim, ela perdeu Lexie e Cristina, mas agora tem Maggie pra chamar
de Li’l Sis. O lance com Richard, no entanto, tem mais potencial. Ele sempre o
paizão do hospital e tem esse desejo latente de paternidade e família. Nesse
episódio já percebemos que essa será uma temporada emocional pra ele, até pelo
papo com Avery, então, resta torcer para que Maggie seja menos chata com o
passar do tempo.
Ainda falando em Meredith, algo
interessante está na relação dela com Karev. Boa ideia a de investir nessa
amizade, que valoriza os dois lados. Karev, afinal, parece ser a “nova Cristina”,
seja para confortar Meredith, seja para ocupar uma cadeira no conselho. Como
ele é um dos personagens mais deixados de escanteio, vale a pena investir.
Bailey está na mesma situação e quem sabe agora, com alguma competição entre
eles, as histórias se reacendam?
Falando em casais, vale notar que
vem separação por aí e já não era sem tempo. Callie e Arizona se desgastaram de
tal modo que não há recuperação. O que era gracioso ficou entediante e as duas
já não têm muito a ver, não pensam parecido, não querem as mesmas coisas. Não
vejo a hora de cada uma ganhar rumos separados e novos ares. Outra potencial
separação é a de Meredith e Derek. Essa, já olho com dúvida, porque é repeteco.
A reação de Mer disse muito sobre o que está acontecendo com eles e, talvez,
eles passem um tempo afastados. A decisão de ficar, afinal, não era só pelas
crianças, pelo trabalho. Já existe algum ressentimento de Meredith em relação a
Derek, podem apostar.
E como é fácil de notar, o
episódio vem focado em Meredith, mas também na máxima de que tudo acontece por
algum motivo e que a jornada ainda não acabou. Excelente metáfora inserida no
caso do homem que passou dois meses no deserto com a motivação de encontrar a
família. Creio que família seja uma palavra chave da temporada, para todos os
personagens, assim como maternidade e paternidade, algo bastante explorado no
caso dos adolescentes cujo carro é atingido pela maca voadora.
Aliás, essa talvez seja a chance
de Owen encontrar seu caminho. Foi até engraçado ver o modo como Kepner tenta
ajudá-lo usando todo elenco masculino, mas penso que é hora de mudar e seguir
em frente sem depressão. Não digo que a existência de Cristina deva ser apagada
e ignorada, mas ninguém precisa chorar sua saída eternamente. Nem os personagens
e nem nós, os fãs fiéis da série.
Honestamente, tenho grandes
esperanças sobre a série. Temos
personagens chegando e a chance de encarar tramas diferentes também. A
renovação no elenco pode ser uma coisa positiva e tudo depende de como cada
inserção será feita. Não duvidem de que existe a consciência de que esse ano é
definitivo. Toda a equipe de Grey’s Anatomy sabe que esse é o ponto de virada.
A hora de recomeçar com outro pique ou de preparar a despedida.
P.S* Geena Davis em aparição mais
que sutil. Não dá nem para avaliar a nova personagem.