Uma menina infantil e ambiciosa.
(E TALENTOSA).
Saber aproveitar as oportunidades
que a vida oferece é uma arte complicada de dominar. Há sempre o medo do
fracasso, a dúvida sobre qual caminho escolher e a ganância de, muitas vezes,
abraçar tudo de uma só vez. Rachel passou por tudo isso nesse episódio. Embora
ela seja um grande talento, é preciso lembrar que o mundo está cheio deles e que
ninguém é insubstituível. Mas, apesar de minha sensação de que Rachel está se
precipitando e esquecendo que antes de tudo, é preciso criar um nome sólido no
setor artístico, entendo o que ela fez.
Depois do discurso babaca do
agente, bem no começo do episódio, ela ganha ganas de provar ao mundo que pode
ser mais do que uma estrela da Broadway. Não é que isso não seja suficiente,
mas Rachel, desde sempre, funciona na base do desafio. Quando lhe disseram que
ela não poderia migrar para a TV e que teria que ficar 10 anos fazendo a mesma
coisa, ela naturalmente se desesperou.
O que Rachel não sabe, e aqui ela
é realmente infantil, é que na vida, fazemos as coisas assim. Empregos duram
anos e anos. O mesmo. E nas artes não é muito diferente. Obviamente, ela teria
opções no futuro, mas Rachel quer mais, ela quer tudo e ela quer agora. Se isso
será algo contando a seu favor, veremos na série, daqui em diante, no entanto,
imagino que a bronca e o susto com a situação da understudy foram um chamado da
realidade, que podem ajudar a mantê-la com os pés um pouco mais presos ao chão.
Todo o desenvolvimento de Rachel trouxe
a parte positiva do episódio. É pertinente, cabe no enredo e tem momentos de
humor, como o da pior audição de todos os tempos. Não achei nada muito genial
nas execuções de “Wake me Up” (com clones de Rachel que eram na verdade Tatiana
Maslany #Orphan Black #CloneClub) ou “The Rose”. Essa última foi bem melhor, na
verdade, mas se eu não tenho vontade de ouvir novamente isso diz tudo.
Não nego que gostei também da
participação de Shirley MacLaine como June Dolloway. Vi humor na proposta de
fazer de Blaine o “protegido” de uma jocosa senhora, amante da música e da
cultura. Confesso ter curtido “Story of My Life” com ele e Kurt, principalmente
o pós-música, com June detonando Kurt e dizendo que o talentoso é Blaine, que
afinal, acaba de conseguir a massagem no ego que estava pedindo desde que
chegou a NY.
A apresentação de “Piece of My
Heart” também foi boa e deu um tom meio decadente à trama de Blaine. Por quanto
tempo ele irá seguir ao lado de June? Não sei. Talvez ela venha mesmo para
separar Klaine e tirá-los da mesmice em que entraram. Infelizmente, não há
graça neles como casal, não há química e não há amor. Já houve, mas se perdeu e
nunca conseguiram recuperar. A insistência em mantê-los juntos está prejudicando
a ambos os personagens, então não sei por que não mudar e não tentar diferente.
Recomeçar de verdade, para todo mundo.
Na categoria “plot desnecessário”
temos Mercedes e Santana em busca do hit perfeito. Uma história fraca e sem
sentido, na qual a artista principal quer deixar outra brilhar. OI? A sequência
em que o pobre produtor tem que seguir Mercedes e Santana por elevadores e
garagens é uma das piores. Não me entendam mal. O dueto de “Doo Wop (That Thing)"
foi bem interessante, as vozes das duas combinam, mas aquela andança foi
surreal, com o produtor correndo atrás delas com um microfoninho. Passei muito
tempo rindo disso, no mau sentido.
Além disso, acho que os
roteiristas estão preguiçosos. Já é a segunda vez nessa temporada que Santana
diz a mesma frase: “Ninguém nunca fez algo assim por mim antes”. Como assim,
queridinha? Você disse a EXATA mesma coisa para Rachel na sessão de fotos da
Funny Girl. E o discurso de coitadinha não cai bem para Santana, bancando a
humilde e querendo que Mercedes não cometa um erro de percurso ao lhe dar aquele
contrato de parceria. Tem algo estranho aqui. Se Mercedes e Santana são, como
elas mesmas acham, as melhores do Glee Club, porque são incapazes de seguirem
sozinhas? Não que eu deseje que Mercedes siga para algum lugar além do total
esquecimento. Mas Santana?
Se ela já provou que consegue
levar até um show da Broadway nas costas, sem ensaio (faz meses que ela largou
a função de understudy, vale lembrar), porque ela não tem seu próprio velho
rico para patrociná-la? Porque não é ela a ter um contrato com uma gravadora ou
um papel numa série de qualidade duvidosa da FOX? O mundo é apenas injusto.
P.S*Um apelo por cenas de Sam e Artie. Sem eles para anuviar
fica difícil.
P.S*Volta Tina
.
Músicas no episódio:
"Wake Me
Up" : Avicii feat. Aloe Blacc - Rachel Berry
"Doo Wop (That Thing)":
Lauryn Hill - Mercedes Jones and Santana Lopez
"Story of My Life": One Direction - Kurt Hummel and
Blaine Anderson
"Piece of My Heart": Big Brother and the Holding Company
- June Dolloway and Blaine Anderson
"The Rose": Bette Midler - Rachel Berry