O dom da previsão.
Mesmo sem apostar em novidades ou
grandes acontecimentos, Grey’s Anatomy mostra seu “arroz com feijão” bem
feitinho, num episódio mais leve e mais dinâmico, feito principalmente para
divertir e criar no público um desespero sem igual pela mania de limpeza.
A sequência inicial não é
exatamente inédita. Quer dizer, outras séries de temática médica já fizeram
algo extremamente parecido, mas isso não importa. Ali, o que vale é a sensação
de imundície que fica na gente e a impressão de que estamos vivos por pura
sorte, diante de todas as possibilidades infecciosas que nos cercam.
Para quem já é um pouco assustado
com germes, assistir ao episódio pode criar um surto psicótico. Mas nada que um
banho ou um pouco de gel bactericida não ajudem. Só sei que ver Arizona levando
um baita espirro na cara e espalhando a virose pelo hospital foi de doer, mas
de um jeito bom.
A regra não dita de que médicos
não podem adoecer foi bem trabalhada e nos deram um olhar interessante: médicos
são péssimos pacientes. A exemplo de Avery, que deixa April impotente e tendo
de agir pelos conselhos infalíveis de Bailey. Derek foi outro do mesmo tipo,
literalmente desabando pelos corredores, contando com a oratória de Meredith
para salvar sua apresentação do projeto com o governo dos Estados Unidos.
Confesso ter sentido pena de
Murphy, obrigada a entrar numa aposta já perdida e sofrendo com as exigências
de Richard. Aliás, isso é uma coisa que eu não entendi ou é um erro grave no
episódio. Murphy estava podre de doente e operando. Outros médicos foram
impedidos de fazer cirurgias e barrados em diversas áreas do hospital pelo
mesmo motivo. E eu pergunto: Qual é a lógica nisso? Parece que Richard não se
importa com as regras sanitárias e que, para ele, estava tudo bem expor um
paciente a um vírus bastante forte e de fácil transmissão. Soa estranho, não é?
Especialmente depois do acontecido com Bailey, há alguns episódios. Acredito
que, na tentativa de fazer um contraponto, os roteiristas erraram bastante e
criaram uma contradição.
Fiquei sem entender muito bem a
reação de Karev aos boletos que precisava quitar com seu empréstimo estudantil.
Ele achou o quê? Que era só jogar no lixo e tudo bem? Uma atitude completamente
irracional, apesar do perfil dele de não enfrentar as coisas. Serviu apenas
para introduzir a ideia de que ele pode apostar em outro rumo para sua
carreira, longe do Grey-Sloan Memorial.
Uma coisa a se notar é que houve
grande esforço para valorizar os casos médicos e torná-los interessantes.
Fiquei fascinada com o maluco que preferia se contorcer todo e morrer de
paralisia a tomar injeção anti-tétano. O humor negro do irmão foi um
diferencial bacana e a presença de Callie e Jo, descontando frustrações por
meio da ortopedia, quebrando ossos e coisas assim, funcionou bem.
Comovente o caso do menino sem
anticorpos. Passou o episódio todo repelindo o carinho dos pais e depois, preso
numa bolha para não ser infectado, teve de enfrentar o medo de estar sozinho
num hospital. Foi um caso triste demais, principalmente porque ele
provavelmente nunca mais poderá sair da bolha.
Para terminar, o caso em que
todas as crianças da família sofriam de cardiomiopatia foi o mais interessante
e deve continuar. Pelo menos é o que espero, pois fiquei (e aposto que todos
ficaram) curiosa para saber a resolução, a causa daquilo tudo. Cristina e Owen vão
enfrentar um estilo meio House M.D de trabalhar parece bom que façam isso para
quebrar a rotina.