domingo, 15 de setembro de 2013

Sons Of Anarchy 6x01: Straw


Mamma.
A Season Premiere de Sons Of Anarchy não veio com espírito de brincadeiras. Em uma hora, Kurt Sutter mostrou habilidades incríveis de desenvolvimento de roteiro e apresentou múltiplos arcos que farão parte de mais uma temporada que promete aquela dose maciça de violência crua que é tão característica da série.
É impressionante perceber o quanto a trama se abriu já nesse retorno, porque o “tradicional” é que os acontecimentos venham numa marcha mais lenta. Em SOA não há tempo para isso e temos que ficar de olhos bem abertos para não perder nenhum detalhe. Fiquei até com a sensação de que a série nunca teve uma pausa, mas acho que isso é consequência da intensidade da temporada anterior. Como a série vem numa crescente de emoções, espero sobreviver até a Season 7, quando tudo deve se encerrar, se o planejamento original for realmente seguido.
Um dos destaques de sempre é Gemma, que parece muito feliz e satisfeita sendo a Mamma. Mãe de Jax, dos netos, dos barbados do clube. Esse é o jeito dela presidir e gerenciar a coisa toda, sempre mantendo Jax numa espécie de coleira invisível, embora ele saiba muito bem que é a mãe a responsável por muitos de seus problemas no casamento e no clube.
Jax, aliás, volta a velhos hábitos e logo arruma uma nova mulher (leia-se um novo problema) para interferir em sua vida que já é bem complicada. Um pouco de distância de Tara, uma pequena rejeição e pronto. A merda está feita. Também não dá para tirar a estupidez de Tara dessa equação, afinal, por mais que ela deseje protegê-lo, escolheu o jeito errado de seguir com o plano, o que é consistente com a quantidade de burradas da personagem nos últimos tempos.
Na cadeia, além de Tara tendo que se impor para não sofrer ataques das demais companheiras de cela, vemos Otto numa situação terrível. Cena forte e muito bem dirigida, aliás, como todas as que acontecerem atrás das grades e incluíram Lee Toric. Ele tem um plano e uma obsessão, mas também tem vícios e problemas muito mais profundos do que soubemos até aqui. Esse episódio o firmou bem como um dos novos inimigos da SAMCRO, mas também mostra que ele tem pontos fracos a serem explorados. Clay, que não fica de fora na lista de visitas de Lee, é claro, não decepciona quando o assunto é fazer acordos para salvar a própria pele, o que coloca mais um monte de areia nos planos de Jax e daqueles que desejam vingar a morte de Pope.
Confesso que já estou à espera de que algo dê errado nessa relação comercial entre Jax e Nero. E muito dessa sensação vem de outra, que indica que Nero e Gemma não devem durar muito. Ela começa a se envolver com o filho dele, mas aquela cena em que presenteia o menino com uma arma de água (não que armas de água indiquem que você está incentivando a violência, mas enfim) mostra alguma fragilidade e o desgosto de Nero.
Todos esses pequenos fatores, somados ao enfraquecimento do clube em Charming, podem marcar a derrocada de Jax na liderança. Tig ainda sofre com a morte da filha (cena em que ele explode com o Persa pornógrafo é ótima) e continua com a cabeça a prêmio. Bobby está profundamente decepcionado e começa a fugir dos companheiros. Chibs não consegue concordar com todas as posturas adotadas por Jax e desconfio que ele esteja certo quando o assunto é Juice. Depois da aliança dele com Clay, desconfiar é palavra de ordem. Apenas Happy continua firme como uma rocha, mas talvez seja porque, dentre todos, ele é o personagem menos explorado até aqui.
Apesar da claridade das ideias de Wendy, quando fala com Gemma sobre a guarda de Abel, acredito que esse assunto não foi inserido à toa e que ela colocará as manguinhas de fora, talvez até retomando sua relação com Jax, em algum momento, roubando o lugar de Tara e colocando Gemma de escanteio. Espero um grande golpe daí. Parece justo que, se a sétima temporada for mesmo a final, Gemma e Tara tenham de se unir novamente e recuperar o poder perdido, porque no final das contas, a série é sobre isso. Clay deve ter alguma espécie de retorno triunfal, igualmente.
O que não pode passar sem comentários, no entanto, além dos inúmeros desdobramentos e acordos comerciais que não inspiram nenhuma confiança, é a presença do garotinho loiro, que acaba promovendo um massacre em sua escola. No começo, achei que ele era parte de um flashback, representando Jax na infância e acho que essa era a intenção, pelo modo como os cortes de edição foram colocados mesclando cenas dos dois atores.
Minha impressão final é a de que o garoto é filho de Jax. Ficarei surpresa se ele tiver entrado na história com alguma outra conotação, mas em Sons Of Anarchy tudo é possível. O fato de aquela criança ser tão torturada psicologicamente é um alerta. Inclusive, reparando nas imagens naquele caderno (outro elemento que o liga a Jax, afinal, os dois passa o episódio todo anotando e rabiscando de forma muito parecida) e nas palavras escritas, existe ali uma grande carga de revolta contra o pai que, nas ilustrações, aparece decapitado. Obviamente, dentre tudo, essa aura de mistério em torno do menino é o que mais chama a atenção nesse começo de temporada, nos dando a certeza de que vem muito mais por aí e de que Kurt Sutter, esse safado, vai acertar a mão outra vez.
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