Sozinha.
Depois de anos de serviços prestados com maestria, depois de
anos ensinando médicos a serem competentes e cuidadosos, depois de anos
construindo uma reputação e uma carreira de sucesso, eis que Miranda Bailey
enfrenta um grande desafio. Com esse foco, o episódio de Grey’s Anatomy não
poderia ter sido menos do que ótimo, aliás, como boa parte dessa temporada. Fica
aquele medinho sobre o que os próximos episódios podem trazer, mas dessa vez,
acho que estamos preparados e que precisamos pagar para ver.
Já disse anteriormente e repito: essa movimentação para
Bailey era necessária para tirar a personagem da mesmice e da situação
confortável em que estava. Os talentos da atriz foram testados na comédia, ela
acertou o tom muitas vezes (errou em outras tantas), mas sempre soubemos de seu
potencial para drama. Chandra Wilson não deixa por menos e é a rainha desse
episódio. Sua história pode ser sentida até nas cenas em que não está presente,
inclusive porque a maioria dos médicos daquele hospital deve muito a ela. Mas
na hora H, Bailey está sozinha. Ou quase isso. Apesar de Derek, Arizona,
Cristina e Callie também serem a favor de preservar a profissional de ponta que
todos conhecem, é Meredith quem realmente se destaca como uma amiga.
O engraçado é que, pensando dentro da lógica, as atitudes de
Avery ou de Richard não estão erradas. O primeiro tem que pensar no novo
hospital quem está começando a construir sua imagem. Chamar o CDC é uma imensa
prova de atuação responsável e de consciência. Um mal necessário, por assim
dizer, porque se algo mais grave acontecesse, o Grey-Sloan Memorial Hospital
iria à falência em dois tempos, com acusações de negligência. Richard, por sua
vez, tem toda fé em Bailey, mas precisa pensar com frieza e colocar o hospital
em primeiro lugar. Não é nada diferente do que a própria Bailey faria se
tivesse de lidar com a mesma coisa. Aliás, ela foi a primeira a agir dessa
maneira quando suspeitou que a causa das infecções fosse Murphy.
Acredito, portanto, que passado o momento da emoção, porque
Bailey está num misto de alívio e mágoa por agora, ela vai entender e conseguir
voltar ao trabalho em equipe que sempre realizou, embora algo tenha mudado. Ela
sabe que quando as coisas ficam realmente feias, nos encontramos sozinhos para
encarar as consequências. Mais uma vez, fica o elogio pela forma como a atriz
conduziu as cenas em que era interrogada e em que encara Richard, numa desabafo
passional. Foi tudo excelente.
Paralelamente, Cristina percebe o que nós já sabíamos há
tempos a respeito dela e Owen. Resta saber se ela vai ceder ou seguir sozinha,
porque a essa altura, a decisão é toda de Cristina. Quando Karev comenta com o
Dr. Zé das Couves sobre a infância de Jo, já fiquei esperando ela reagir com
ira, mas isso vai acabar bem, é claro, porque se ela não confia no namorado
para falar de seu passado, isso é apenas sinal de que o relacionamento vai para
as cucuias. Essas duas tramas acabam trazendo um antigo elemento de Grey’s de
volta. Gostei de ver o momento de amizade entre Cristina e Karev, coisa que
antes povoava quase todos os episódios (claro, com todos os internos no meio da
bagunça emocional).
Como ninguém mais aguenta ouvir Kepner choramingar pelo
hímen rompido, acho que esse plot já passou do ponto e deu umas 10 voltas em
torno de si mesmo, o que significa que precisam mudar de assunto. CHEGA. Esse
episódio é muito bom, mas tem esse pequeno defeito, que não pode ser esquecido,
porque não nos deixam esquecer. Kepner estava conseguindo conquistar um lugar
no coração de muita gente, mas parece que os roteiristas a odeiam e querem que
nós também a odiemos. Enquanto isso, Avery, que nunca mostrou grande potencial,
só faz subir no conceito.
P.S* Bacana o encontro familiar em que todo mundo perde pelo menos um dedo!
P.S* Fiquei com pena do molequinho que perdeu a mãe e achou que foi pelo "brain freeze" causado pelo sorvete.