O momento pelo qual os fãs de
Dallas estavam esperando.
Dallas vem desenvolvendo sua
segunda temporada muito bem. Não é uma série perfeita, mas sabe desenvolver
intriga e cativar, fazendo uso balanceado entre a nova e a antiga geração.
Esses dois últimos episódios mostram essas qualidades com clareza. Foram dois
bons roteiros, bem executados, interessantes, ágeis. Merecem elogios, sem
dúvida.
Em ‘Blame Game’ vimos uma
evolução fantástica na trama com Vicente Cano, que rendeu momentos de ação e o
encerramento de praticamente tudo o que foi apresentado na temporada passada.
Essa era uma pendência importante e vimos a família toda ser colocada em xeque
quando Vicente resolve cobrar suas dívidas. Claro que a invasão de Southfork, a
reação de Christopher e o desfecho com Drew resolvendo a parada com uma sacola
de armamento pesado foram bem fantasiosos, mas isso é Dallas, então, fica
permitido. Além do mais, a série é quase um “western” moderno, em que os
cowboys mantêm seus chapéus, mas agem num nível mais empresarial. Menos quando
a coisa aperta. Aí tudo vira tiroteio.
Para os Ewing, mais
especificamente, quando a coisa aperta, o jeito é apelar para o bom senso ou
chantagem. Bobby perdeu sua vantagem em relação a J.R e John Ross, mas consegue
recuperá-la no episódio seguinte. Dessa vez, Suellen não quer dar ouvidos a
ninguém e assume o risco de cortar Elena da Ewing Energies. Honestamente, acho
que Suellen é muito mais capaz para assumir essa responsabilidade, mas a reação
de Bobby e Christopher é compreensível, até porque, Pamela conseguiu o que
queria e esses 10% das ações da empresa já se mostraram decisivos.
Não podemos deixar de lado o que
aconteceu com Ann, que se livra da cadeia como num passe de mágica, com um júri
que a considera culpada, mas não acha justo que ela fique presa. Gostei,
particularmente, do discurso que o juiz faz para a mamãe Ryland, que ainda faz
cara de ofendida e de surpresa quando as pessoas notam sua falta de caráter.
Também foi legal ver que Ryland
fala umas verdades para a amada mamãe e chega até a agredi-la. Lógico que, na
hora de necessidade, o complexo de Édipo fala mais alto e ele não dispensa a
ajuda e presença dela, que inclusive acha que a neta, Emma, é filha dela com o
próprio filho (oi?). É no meio dessa doideira que Emma resolve correr para os
braços de Ann, porque afinal, qualquer ambiente familiar será melhor do que
aturar a tensão sexual entre sua avó e seu pai. Além do mais, ela logo nota que
existe um esforço muito grande em tirá-la de Dallas e mandá-la para a
Inglaterra, já que o propósito de magoar (e sambar na cara) de Ann se cumpriu.
Nesse sentido, os episódios são
bem interligados e “The Furious and The Fast” serve para reforçar a ideia de
que John Ross e Christopher são a nova geração dos Ewing, vivendo os mesmo
problemas de antigamente. O título é sugestivo, inclusive e vemos essa fúria de
John Ross ganhar cada vez mais corpo, enquanto Christopher tem que ser rápido e
matreiro para não se deixar vencer.
Isso tudo vem muito a calhar porque,
é claro, todos já sabíamos que perderíamos J.R., o grande vilão e o personagem
mais marcante de Dallas. Não sei se houve alguma mudança de rumo no roteiro ou
adaptação depois da perda de Larry Hagman, mas de qualquer forma, a coisa foi
muito bem feita e é possível reconhecer em John Ross o legado de J.R. Da mesma
maneira, podemos ver as características de Bobby em Christopher.
Essa ideia foi bastante reforçada
nesses episódios e ao final, vemos a última cena de J.R. na série, em uma
conversa com o filho, justamente sobre identidade. John Ross, como a própria
Suellen repete, é “filho de seu pai” e a partir de agora o personagem ganha peso
e uma missão complicada: a de fazer jus a um ícone. Tenho me perguntado se Josh
Henderson vai segurar essa onda, porque, no fim das contas, J.R estava
aparecendo pouquíssimo, mas sua simples menção tinha significado. A partir da
semana que vem, veremos essas mudanças em Dallas, mas tudo leva a crer que a
série não perderá suas características, inclusive, porque deve se apoiar na
polêmica “Quem matou J.R?”, algo que lembra o clássico “Quem atirou em J.R?”,
já explorado na produção original. Sim, eu acredito que J.R foi assassinado e
ele provavelmente sabia de seu destino, tanto que o clima de despedida ali é
evidente.
P.S*Muito legal a presença de Ted
Shackelford, revivendo Gary Ewing.