segunda-feira, 11 de março de 2013

Community 4x05: Cooperative Escapism in Familial Relations


Sobre fugas de prisão e Ação de Graças.

Eu gostei desse episódio de Community. E o mais estranho em dizer isso é, ao mesmo tempo, admitir que não dei nenhuma risada de verdade, o que antes era muito frequente. É curioso perceber que gostei do episódio pelo que ele representa para os personagens e pelas referências apresentadas e essa é a verdade. Pode não sido a comédia mais engraçada da semana, mas em termos estruturais esse foi um episódio bacana, que reforça a relação entre os personagens e revela toda a cruel realidade que sempre fica escondida em TODOS os roteiros sobre o feriado que nós mais gostaríamos de celebrar (mas não podemos), o Thanksgiving.
Nesse sentido, Community vem com um toque de denúncia. Sempre vemos um feriado atrapalhado, mas em que as pessoas agradecem e compartilham por tudo de bom em suas vidas. Aqui não. Todo mundo quer fugir da família e, eventualmente, da família dos outros, porque a verdade é que feriado em família sempre acaba em briga, barraco e confusão e não em gente feliz e harmoniosa numa refeição fácil de preparar. É claro que, depois do sofrimento generalizado desse Thanksgiving, Community não fugiu da tradição e apelou para o clichê da família unida, mas foi uma coisa boa. Fica a sensação de que, apesar das mudanças, a essência ainda está ali e até Dean Pelton foi incluído na celebração, o que é muito justo, porque ele se esforça para invadir contas de e-mail e escutar as novidades colocando copos nas paredes.
Tudo o que rolou na casa de Shirley foi bem legal, com Abed aproveitando para imitar Morgan Freeman em sua narrativa espetacular de “Um Sonho de Liberdade”. E como o feriado parecia uma prisão torturante, nada melhor que aproveitar para desenhar o mapa da casa de Shirley na barriga, como a tatuagem emblemática de Prison Break. Só não sei se existe a necessidade de citarem tudo abertamente e tenho sentido que isso virou algo comum nos episódios dessa temporada. Deve ser porque estão tentando fazer a série ser mais palpável, afinal sempre houve a reclamação de que as pessoas não pegavam as referências, mas essa “Community For Dummies” não se faz necessária, na maioria das vezes, afinal, o público da série continua praticamente o mesmo e não existe ninguém (ou quase) que decida começar a série por uma temporada avulsa, sem assistir às anteriores. Qualquer um que acompanhe Community ou que tenha visto em maratona conhece o estilo e está acostumado a prestar atenção aos detalhes. Mas, enfim, é apenas uma observação.
A interação de Abed, Troy, Annie e Pierce foi surpreendentemente interessante. A garagem se transformou num pátio de prisão, que valeu comentários sobre como o corpo de Troy ficaria alterado pelo excesso de exercícios e colocou até Abed levantando pesos e fazendo trambiques. Dessa vez, a desculpa da menstruação (que sempre funciona!) furou e Pierce continua sendo Pierce, ao estragar todos os planos e fazer até os parentes mais bizarros de Shirley (que acham que Batman e Robin são gays, olhem só que ABSURDO!) buscarem refúgio.
Impossível não se compadecer da pobre Shirley, condenada a aturar gente louca por causa da Black Friday, o que causa revolta em Pierce, que gostaria de instituir a Jew Friday também. A única esperança dela é fugir pelo buraco na parede (outra referência de “Um Sonho de Liberdade”), que vai ficar ali por muito tempo, ao que parece.
Longe dali, outra interação ótima veio de Britta e Jeff que, ao reencontrar o pai, vai se libertar de sua prisão psicológica. Essa parte mais emocional do episódio caiu muito bem e é minha preferida. Seja pela franqueza com que Jeff encara o abandono e coloca tudo para fora ou pelo modo como Britta utiliza pãezinhos em sua terapia doida, mas que funciona.
A participação de James Brolin foi boa, assim como a de Adam Devine, que fez valer o título de mimizento, ao interpretar o pequeno Willy Winger, lembrando que ele seria Danny Devitto se a vida fosse, de fato, um filme. Jeff ficaria com o papel de Arnold Schwarzenegger no clássico “Irmãos Gêmeos”, o que acabou sendo outra boa referência.
P.S*Sinto cheiro de revival para as pegações de Jeff e Britta. Será?
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