S.O.S.
Grande é a ironia em Parks and
Recreation fazer, justamente, um episódio focado em situações de emergência e
grandes desastres. Em Pawnee, pelo
menos, a coisa toda é apenas um teste, mas na série o problema e o desastre são
bem palpáveis. Impossível pensar na Parks de hoje, comparando-a com a 4ª
temporada e não notar a queda monumental na qualidade. Já considerei essa como
minha melhor comédia e hoje, sofro para passar pelos 20 minutos de pura falta
de sagacidade.
Essa é a palavra. Parks and Recreation
era uma comédia sagaz, inteligente, muito acima da média. Era de dar orgulho a
todo mundo que assistia, mas hoje, quando é possível elogiar uma ou duas cenas,
parece que ganhamos na loteria. Há quem discorde, como sempre, mas acho muito difícil
não notar as diferenças abismais entre essa temporada e as que a antecederam.
Sim, continuo batendo nessa tecla, mas é porque não há muito mais o que
discutir diante da pobreza dos plots propostos nesse e em outros episódios.
Em primeiro lugar, não é
humanamente possível que alguém esboce um mínimo sorriso que seja com a menção
de que Ann ainda procura um doador de esperma. Não teve graça nem da primeira
vez, quem dirá agora, que já está na terceira semana se repetição. A batalha
para a construção do parque, em detrimento da lanchonete, está na mesma. Já
teve até índio no meio da história e agora uma simulação de desastre para
destruir os planos de Leslie. A atuação de Amy Poehler continua ótima e ela é o
que ainda segura a série, maravilhosa ao interpretar múltiplas funções durante
o treinamento, mas mesmo Leslie já foi mais, muito mais.
A presença de Ron Swanson
apresentando o programa local e respondendo perguntas sobre carpintaria, carne
e assuntos que o interessam também merece ser salva de críticas maiores, porque
resgata um pouco do que a série costumava ser. Todos os demais personagens
ficam com migalhas de texto, todas muito inúteis e sem emoção, levando mais um
episódio para o buraco. Nem Donna, nem Jeremy, nem Tom procurando por fornecedores
de comida, nem os depoimentos positivistas de Chris. Nada disso dá certo ou
parece se encaixar. E ainda há o teste de Andy para entrar para a polícia, que
chega a ser levemente engraçado, mas não é explorado em todo seu potencial.
Fico até com a impressão de que
alguém está sabotando a série. Não é possível que Parks and Recreation faça uma
sequência de episódios tão fraca e aquém de suas reais capacidades e todo mundo
ache que está tudo certo. Acho que esse é o ano oficial de as comédias geniais
retrocederem.