Todos contra todos.
Sucesso na Summer Season, a nova versão de Dallas acaba de
voltar para muito mais reviravoltas, armações e vinganças, numa Premiere em
dose dupla. Apesar de interessantes e com ótimo ritmo, os episódios poderiam
ter sido exibidos em dias diferentes, o que seria muito melhor para criar
curiosidade nos fãs. O primeiro episódio propõem muitas novas tramas e
relacionamentos e podemos ver o desenvolvimento disso na sequência, mas tudo
funciona bem separadamente e não havia qualquer necessidade de começar a
segunda temporada com uma overdose da série. Tenho essa opinião sobre toda e
qualquer produção que acha uma boa ideia massificar o retorno com duas horas e
episódio. Os quarenta minutos de sempre dão conta do recado e não sacrificam o
público.
Deixando esse detalhe de lado, é preciso dizer que Dallas voltou
com tudo. A quantidade de twists é de enlouquecer a cabeça de qualquer um,
especialmente porque estamos num caldeirão recheado de maldade. Nenhum
personagem se salva, nem Elena. Ela pode parecer boazinha, mas faz de tudo para
aumentar sua porcentagem de ações na Ewing Energy ao longo dos episódios. Ela
consegue, até que de forma bem honesta, mas há que se considerar que Elena
conhece todo mundo ali muito bem e sabia que seria premiada no final.
Elena continua sendo a personagem mais sem sal e mais sonsa
da série e, portanto, a menos interessante. O resumo exato do que ela fez em 2
horas de Dallas coube nesse parágrafo, embora eu também possa citar as
peripécias sexuais dela e Christopher naquela piscina. Nesses termos, a introdução
da série, com John Ross dando o golpe da sedução também é muito válida. O que
gosto em Dallas é o baixo nível das manipulações, dignas de novela mexicana.
E por falar em novela mexicana, eis que descobrimos o nome
de Rebecca: Pamela Rebecca Barnes. Nome que poderia ter figurado entre personagens
da trilogia das Marias ou em A Usurpadora, mas ficou reservado para Dallas. A
volta da personagem é ótima, apesar de um terrível defeito: cadê a barriga de grávida?
Essa mulher espera gêmeos, ficou sumida por pelo menos um mês e já deveria
estar de barriga, mesmo que pouca. O bom de Pam, que herda o nome da tia morta,
que foi casada com Bobby na versão original, é que ela vem chutando todo mundo
que está no caminho, comprando testemunhas e virando vadia nos braços de John
Ross. Dobradinha essa que promete muito.
John Ross, como sempre, está fazendo tudo para destruir o
primo e ser dono ou sócio majoritário da Ewing Energy. Incrível como a empresa
foi erguida e estabelecida em um mês, tempo que a série diz que passou nesse
intervalo, mas tudo bem. Ele é quem manipula quase todos os fatos para que a
anulação do casamento de Christopher dê errado, mas ninguém deve esquecer
fatores externos.
No meio de tantos golpes há quem se sinta incomodado com isso
e é aí que Christopher ganha provas para conseguir a anulação, já que a verdadeira
Rebecca Sutter, irmã de Tommy, está na área para tirar um trocado e se vender
por quem der mais. Fiquei pasma com a sucessão de desculpas esfarrapadas no
julgamento da anulação, mas foi muito engraçado de acompanhar a revolta de
Christopher e as caras de resignada de Pamzinha.
A melhor história ficou, no entanto, nas mãos de Ann. O imbróglio
sobre a filha sequestrada numa feira foi apenas sensacional. A menina foi
roubada pelo próprio pai e deixada na Europa, para ser criada por sua mãe, que
é tão megaevil quanto ele. Os Ryland provam que são inimigos em potencial,
porque fizeram lavagem cerebral na garota. Quando Ann vai procurá-la e o nome
continua sendo o mesmo, Emma, saquei quase tudo. Não faz sentido uma menina
sequestrada aos dois anos ter o mesmo nome de batismo e praticar esportes
hípicos, que só quem pode bancar é gente rica. Harris samba lindamente na cara
de Ann ao conseguir a fita que o comprometia em troca da informação sobre o paradeiro
de Emma, que rejeita a mãe.
Sue Ellen é outra que se dá mal e perde a eleição, numa
manobra articulada obviamente por Harris, como vingança. Ela quase volta a
beber, mas consegue segurar a onda, inclusive porque J.R está mexendo seus
pauzinhos para livrá-la da cadeia. Dá para ver que, assim como John Ross não se
recupera do baque de perder Elena, J.R é incapaz de superar o divórcio de Sue
Ellen.
A história, porém, não vai muito além disso, porque o ator
que interpreta o papel, Larry Hagman, faleceu recentemente e terá uma morte
também na série. Dallas deve aproveitar para introduzir um grande mistério,
parecido com o clássico “Quem atirou em J.R?”. Com a perda desse grande vilão e
articulador de muitas tramas, a série vai precisar de muito gás e de muita
criatividade para se manter, mas estaremos por perto para saber é possível
segurar o interesse do público sem um dos personagens principais e foco maior
nas artimanhas da nova geração.