Ele nem sabe o que não sabe.
Diálogos entre humanos e Observadores quase sempre nos levam
a um punhado de frases soltas e aparentemente desconexas que, embora pareçam
inúteis, são a chave para alguns segredos de Fringe. É nisso que se apoia o
episódio dessa semana: conversas estranhas, atitudes extremas e uma história
intrigante. Será que acabamos de presenciar o primeiro Observador a pisar na
face da terra? Tudo leva a crer que sim.
Na temporada anterior isso virou até piada. Muitas teorias
davam conta de que o desaparecimento de Peter (e seu posterior ressurgimento na
timeline amarela) o teriam transformado num Observador. A coisa foi tão
divulgada que Joshua Jackson chegou a se vestir como um Observador, caprichando
no terno e na maquiagem, que o deixava careca e sem sobrancelhas. O
interessante é que agora, essa possibilidade não está totalmente errada. O
contexto da transformação é outro, é verdade, mas não dá para negar que o que
aconteceu no final do episódio nos leva a pensar que Peter pode ser o primeiro
Observador.
Sempre ouvimos que ele era importante e depois os maiores
interessados em seu sumiço eram os próprios Observadores. É inesquecível a cena
em que todos eles se reúnem depois do “puff”, da Season Finale da 3ª temporada.
Parece até que eles manipulam cada acontecimento para que tudo saia como eles
desejam. Provavelmente confirmaremos essa informação nas próximas semanas, mas
até lá, esperamos para ver o que esse Peter 2.0 irá aprontar.
A implantação daquele dispositivo abre inúmeras possibilidades
para o personagem. Leitura de pensamentos, viagem no tempo e habilidades
incríveis com as quais nem podemos contar. Tudo isso somado à emoção e à
motivação de fazer valer a morte de Etta e o triunfo da resistência. Só eu
estou achando que essa história pode acabar muito mal? Não posso evitar o
pensamento, uma vez que os Observadores são criaturas frias e sem emoção.
Talvez o dispositivo também esmague esse lado humano de Peter e aí, ela vai se
transformar em mais um poderoso inimigo. O medo de Olívia nunca teve tanto
fundamento.
Aproveitando o assunto, acho que um elogio para a atuação de
Joshua Jackson é muito merecido. Eu senti o rancor e o desejo de vingança nos
olhos dele em cada cena e em cada fala torturada. A dor de perder um filho é
realmente poderosa e agora, mais do que nunca, ele pode entender o que sempre
motivou Walter em seus estratagemas científicos. Peter fez a mesma coisa, mas
com um uma dose cavalar de agressividade. Aquela espécie de tortura com o Observador
capturado foi bastante extrema e Peter, em seus momentos mais tensos, jamais
havia agido dessa maneira.
Fico imaginando que, talvez, vejamos um pouco desse futuro
que está ainda mais à frente de 2036. Como diz o título, esse episódio veio
para contar a história de uma origem, mas ela não termina aqui, podem apostar.
Até porque, com tantas coisas novas acontecendo, precisamos de mais detalhes e
explicações. O dispositivo precisa ter sido criado por alguém em algum ponto do
tempo/espaço, não dá para engolir que o aparelhinho veio do futuro e pronto.
Alguma coisa precisa ter motivado sua existência, se é que vocês conseguem me
entender, mas aí eu fico como Peter, eu sequer sei o que não sei. Seja lá o que
isso signifique.
Apesar do grande foco do episódio estar nas consequências
pela morte de Etta, outras coisas começam a ser desvendadas. A linguagem dos
Observadores é uma delas e, honestamente, sempre tive uma curiosidade imensa de
entender o que aqueles símbolos significam. Astrid (que foi chamada de Abner, é
isso mesmo?) finalmente percebe o truque por trás desse alfabeto e essa é uma
vantagem inimaginável para a Resistência.
Walter, dessa vez, teve menor destaque, tentando apenas
mostrar caminhos científicos para causar um abalo na estrutura dos
Observadores. Não lembro de um plano dele, cheio de embasamento lógico, não ter
funcionado antes. Então espero que haja mais por trás desse modo de transporte
de carga dos Observadores. Outra coisa marcante foi o vídeo com o aniversário
de Etta, que ajuda a manter o tom emocional do episódio. Isso e os cartazes com
a imagem de Etta e a mensagem Resist. Definitivamente ela será lembrada como um
nome de destaque nessa luta contra os invasores.
Inclusive, há muitas mensagens que nos levam a crer nisso
ainda mais. Além dos cartazes na rua, as pichações mandam mensagens. “Just Don’t
Stop”. A resistência não pode parar. Aproveitando a mesma imagem, ela pode até
conter um easter egg. Dá para ler a palavra Lake e isso nos remete ao Reiden
Lake, onde Peter ressurgiu das águas e onde muitos eventos importantes
aconteceram ao longo da trama de Fringe.
Ainda falando em pichações, podemos ler a inscrição “Ask Alice
” em outro muro. Referência ao próximo episódio que vai abusar de “Alice
Através do Espelho e o Que Ela Encontrou Por Lá”. Vale ainda lembrar da frase (levemente
adaptada) de Confúcio “Antes de iniciar uma jornada de vingança, cave duas
covas”. Lembrança de que cada atitude de Peter o leva a caminhos cada vez mais
destrutivos.
O Glyph Code da semana tem significado bem óbvio. Fight é a
luta, o combate contra os Observadores e justamente essa jornada de vingança em
que Peter entrou e parece não ter mais volta. "Fight For The Future".
P.S* Muita gente têm perguntado por que tantos medos e dores
não têm despertado os poderes de Olivia. Lembrem que ao ressuscitar, no fim da
temporada passada, ela meio que utiliza todo o estoque de cortexiphan em seu
corpo, anulando qualquer habilidade.
P.S* A mosca citada pelo Observador é referência ao filme A Mosca, em que um homem vai se transformando no inseto. Como os produtores e roteiristas da série já até falaram que são fãs da obra numa entrevista, a mosquinha simboliza, sim, a metamorfose de Peter.
P.S* É chover no molhado, mas é preciso: que efeitos são esses? Altíssima qualidade em absolutamente tudo.
P.S* Em homenagem ao The Tozz (responsável pela equipe que legenda Fringe toda semana com super mega rapidez) digo que estamos diante do "Peter-Observador-Louco-e-Assassino". Acho que é bem por aí.