Saindo um pouco da linha dramática que tomou conta de Sons
Of Anarchy desde o inicio da temporada, eis que ficamos diante de um episódio
que serve, acreditem ou não, como alívio cômico. Pode parecer um humor
distorcido – e na verdade, não deixa de ser – mas o fato é que até os momentos
mais extremos dessa semana foram criados estrategicamente para nos fazer rir.
Confesso que fiquei esperando pelo pior (e isso faz parte da
experiência de assistir a Sons Of Anarchy), mas mesmo quando acreditei que a
caixa, que passou de mão em mão, iria explodir ou revelar um conteúdo terrível,
eis que veio uma profunda gargalhada. “Um peitinho e um dedão”. DELIVERY. Pelo
menos a encrenca com os comparsas de Nero está encerrada.
Mesmo com muitas cenas hilárias, a narração inicial foi bem
clara. Não dá para alguém viver sem futuro, apenas com a rotina de consertar as
cagadas feitas, dia após dia. É por isso que Jax quer uma espécie de acerto de
contas ou a legalização dos negócios do clube. A parceria com Nero, que agora
envolve até uma propriedade do prefeito de Charming é para trazer segurança
financeira. O sócio que ele promete ao prefeito, aliás, deve ser Pope e aí,
tudo pode acontecer. Obviamente Jax tem um plano muito claro em sua cabeça e
ele está executando cada parte, como se disso dependesse seu sono tranquilo,
novamente.
Outra parte que não poderia faltar era o acerto de contas
com os irlandeses. A sequência toda da briga é algo maravilhosamente executado,
com diálogos excelentes e como sempre, muita realidade no corpo a corpo. Como
assim, Galen não gosta de Jax por causa do padre que “realocava” criancinhas? A
lógica dos gângsteres de Deus é mesmo distorcida. O “grand finale" com a
metralhadora foi um toque de classe, mas a conta pelas motos não deixará de ser
enviada.
Nem é preciso dizer o quanto o plano infalível para chantagear
“Shamu” e assegurar a construção de Charming Heights é engraçado de encarar.
Desde a entrega dos bolinhos com ‘boa noite cinderela’ até a execução das
fotos. Kurt Sutter deveria escrever comédias. O travesti foi impressionante na
sedução e Tigs ainda não se conforma por ter perdido essa chance, mas os
colegas de clube não perderam uma oportunidade de rir da cara dele, que
expressava desejo de forma muito convincente. O filho postiço do advogado foi
outra figura. Deixou a cena mais bizarra por acreditar que todo mundo ali
achava que nãoseria nada gay ter relações com um travesti. Para finalizar,
selinho em Jax. Tara que se cuide.
Ainda nessa onda de coisas boas rolando, eis que Tara recebe
a noticia de que talvez recupere suas funções motoras a ponto de poder operar
novamente. Claro que ela precisa ter calma e parar de achar que a bunda de Tigs
precisa parecer uma obra de arte. Para quem quase ficou maneta há pouco tempo,
o que ela fez já está bom. Nesse clima mais positivo, até Gemma conseguiu um
pouco do que queria e pôde se reaproximar dos netos. Em breve, porém, creio que o afastamento dela
e Nero não poderá ser contido por promessas.
Se houvesse algo a dizer de negativo sobre o episódio seria
o lance da esposa grávida do delegado levando um tiro na barriga. Tão óbvio e
bobo que foi desnecessário. Quando ele beijou a barriga da esposa eu já pensei
que ela perderia o bebê de algum modo estúpido e foi exatamente assim, no meio
da investigação das invasões. Quem, em sã consciência pega a arma, tranca a
porta, chama a polícia e grita: “ei bandidos, venham me pegar, estou no quarto
e meu marido é da polícia”. ? Talvez seja essa a grande desgraça do episódio,
ou o humor distorcido de Sutter dominando o cenário uma última vez.
P.S*Gordofobia detectada no título do episódio.