domingo, 14 de outubro de 2012

Fringe 5x03: The Recordist


Fazendo história.

A jornada para salvar a humanidade começou e o episódio de Fringe dessa semana, talvez por isso mesmo seja especial. Fomos transportados para um mundo diferente e não é apenas porque ambientação da série agora é em 2036. O Expurgo e as mudanças graduais na atmosfera para dar suporte à vida dos Observadores criaram novos precedentes. O que vimos naquela floresta, no meio da Pensilvânia é apenas uma pequena parcela disso e, verdade seja dita, nunca saberemos na totalidade todas as surpresas e possibilidades que nos aguardariam se Fringe durasse um pouco mais.

Não estou nem reclamando de essa ser a última temporada. Série boa tem que ter começo, meio e fim e não pode se estender demais ou perde o rumo. Fringe, no entanto, foi planejada para durar sete anos. Tudo bem. Estou bastante satisfeita com os três primeiros episódios da temporada final e acredito que a sensação não vai mudar até o último episódio.

Para ser bem sincera, esse episódio é o meu favorito dentre os já lançados. Senti aquele clima “Fringe de raiz”, algo que tínhamos muito na época em que o foco era o casinho da semana, mas não exatamente por isso. Esse episódio me lembrou como os produtores e roteiristas são criativos, cuidadosos, detalhistas. São muitas coisinhas que constroem a história pelos diálogos e mais ainda visualmente. Fringe tem dado um show em efeitos especiais e essa semana merece grande destaque.

Para completar, temos o fator emocional e claro, estou falando dela. A linda e vitaminada Vaca Gene, que está conservadíssima em âmbar e deu o ar da graça pela primeira vez nesse quinto ano. Todos nós estávamos com saudades e, embora o mugido mais doce da face da terra ainda esteja calado, esperamos pelo dia em que o planeta será salvo e Gene poderá viver sua vida de vaquinha malhada feliz.

Com o drama de “onde está Gene?” finalmente resolvido, nossa atenção fica toda voltada para o resgate das fitas VHS em que Walter deu dicas (para si mesmo) sobre o plano que salvará a todos do domínio dos Observadores. Fiquei doida para entrar naquele túnel de âmbar e derreter o troço junto com Astrid, enquanto pensava no quanto é bobo o fato de Walter ter deixado as benditas fitas ali, no laboratório. E fora de ordem. Parece que é isso mesmo, porque o passeio deles na floresta não revela outra fita, mas sim, algo essencial: pedras.

O tal cristal de quartzo é uma poderosa fonte de energia que deve ativar alguma engenhoca nova, mas ainda é cedo para dizer. Especialmente pelo local em que as pedras estavam. Depois de ver os efeitos causados em quem vivia das redondezas da mina (e não mímica), dá até para cogitar que aquela casca que tapa completamente os poros e impede que a pele respire seja algo importante no futuro da temporada.

Aproveitando o assunto, aquela comunidade de “homens-árvore” deu um clima muito bacana. Parecia até outro planeta, outra raça. Foi muito intrigante conhecer essas pessoas que atuam como “historiadores” modernos, guardando dados relevantes para a história da humanidade em pequenos cubos. Aliás, esses mesmos cubos continham mais do que toda a documentação sobre os membros e atividades da Fringe Division. O principal aqui é se ater a pequenos detalhes, como a aparição de Donald.

Quando digo que a equipe dessa série é fenomenal, não estou exagerando. Sabendo o quanto os fãs são loucos, eles realmente trabalharam no texto que documenta a passagem de Donald pela comunidade. Basta ampliar as fotos para ler, mas nem precisa, se não quiser. Sou do tipo de fã viciado que traduz a mensagem inteirinha aí nas aspas.
 
“Hoje encontrei um homem misterioso esperando perto do nosso posto. Ele é a primeira pessoa que nós vimos desde nossa fixação aqui, no mês passado. Sua aparência era muito simples. Ele parecia estar perto dos 30 anos, branco, de estatura mediana e cabelos escuros. Eu o abordei, perguntando suas intenções e ele se apresentou como Donald e disse que não deseja fazer mal e que estava apenas esperando por seu colega, o cientista de Boston, que iria encontrá-lo. Eu convidei Donald para ficar no posto enquanto esperava, mas ele educadamente recusou”.
 
 
E assim segue pelo próximo quadro: “Eu voltei mais tarde e Donald estava esperando no mesmo lugar, mas dessa vez ele estava nervoso. Ele me disse que seu colega já deveria estar aqui naquela hora e que ele começa a suspeitar de que algo estaria errado. O homem disse que ali estava alguma coisa que ele deveria retirar da mina, perto do posto. Nós insistimos que era perigoso entrar ali, mas ele foi mesmo assim. Ele voltou com algumas rochas de tom avermelhado, como nada que eu já houvesse visto. Antes que ele pudesse ir embora, dois invasores aparecem. Eles pareciam estar com raiva de Donald e o enxergavam como uma ameaça. Os invasores o prenderam e o levaram embora. Por sorte eles deixaram a mim e a todos nas proximidades do posto em paz. Ninguém aqui tem ideia da utilidade dessas rochas. Não faz sentido para nós”.

Esses dois trechos, embora de difícil leitura no episódio, deflagram muita coisa quando lidos assim, com mais calma.  A data do acontecimento é 20 de dezembro de 2015 e, portanto, Donald poderia ser algum amigo de Walter empenhado em cumprir o plano de September. Como nessa mesma época Olívia sumiu e todos acabaram “amberizados”, a explicação para o não aparecimento do cientista de Boston está aí. Além do mais, fica exposto o pavor dos Observadores (descritos como invasores) a respeito do cristal de quartzo o que só aumenta minha curiosidade.

 Está óbvio que eles notaram a proximidade de seus grandes inimigos com algo que pode prejudicá-los imensamente. Fico doida para entender o motivo pelo qual os Observadores ainda não destruíram toda a fonte daquelas rochas, provavelmente porque não podem ou não conseguem. Também quero saber quem é Donald e o que aconteceu com ele depois dessa prisão, mas não tenho muita esperança de uma explicação para isso.

Diante de tantas informações relevantes, que se constroem entre os registros históricos e o trabalho de Astrid na recuperação das filmagens, o sacrifício de Edwin se torna ainda mais valioso. É impressionante como um personagem absolutamente novo pode nos tocar e esse foi o caso.
 
Claro que a presença de River, o garoto das HQ’s e filho de Edwin, ajudou. O clima de perda e os diálogos entre Peter e Olivia reforçam essa sensação de insegurança familiar. Só preciso confessar que esqueci de tudo isso diante de minha vontade de ter aqueles exemplares da revista Fringe Division, que tem detalhes impressionantes e mostra Olivia como uma criatura biônica, salvando o mundo enquanto amamenta a pequena Etta em seu colo. Estilo supermãe. Algo que a toca profundamente, porque ela sente justamente o contrário em sua relação com Etta. É Peter quem a alerta para aproveitar o que tem e parar de se preocupar com um passado em que ela esteve paralisada no âmbar.
 

O conteúdo das aspas também é útil para explicar o Glyph Code da semana: ANGER. O significado é ira, raiva, ódio. Algo profundamente ligado à reação dos Observadores em relação ao cristal de quartzo. Esse pode ser o grande trunfo para acabar com a invasão.
 
 

P.S* Como não amar Walter querendo ficar no laboratório para fumar “orégano”?

P.S*Como não amar Walter com óculos de Bono Vox, curtindo muito cada aventura naquela barca velha que chamam de carro?
P.S* Se alguém estiver com fome, temos pílulas de maçã!
Comentários
12 Comentários

12 comentários:

Luís Fernando disse...

Fico maravilhado como você consegue pescar tantos detalhes de Fringe, preciso começar a assistir os episódios mais de uma vez, e mais atento pra não perder tantos detalhes magníficos. Simplesmente ótima a review! 

Lucas T. disse...

Estou adorando esse início de temporada. Minha sensação é que cada episódio aumenta o clima de "precisamos salvar o mundo" e, por isso mesmo, espero uma series finale épica. Acho que eles estão conseguindo fazer ótimos episódio sem o fator "explosão de cabeça", o que tem incomodado muita gente (não me incluo). Além disso, termino todo episódio com um sorrisinho bobo no rosto haha.
Ótima review, como sempre. Agora só nos resta aproveitar esses 10 episódios que virão.

Dalmon disse...

Como não amar a Camis com uma review perfeita dessa? HAHA. Também quero uma HQ de Fringe!

iara disse...

Juro que soltei gritinhos quando vi a Gene!

Ricardo Mattos disse...

Agora que sabemos "onde está Gene?", a pergunta que não quer calar: "onde estão Nina e Broyles?". Vc tem alguma notícia do porquê deles terem saído da série?

Victor disse...

eles ja apareceram no "letters of transit" (4x19), é só da uma olhada pra ver o que aconteceu com eles.

tocadolobo disse...

Também queria essas revistas! D:

Andresa disse...

Bem estranho ver aquelas pessoas se transformando em... árvores!?

Mas valeu a pena. A luta contra os observadores não pode acontecer apenas naquele laboratório do Walter e com a família Bishop (Astrid faz parte da família, ok?). Existem outras formas de resistência que vão além de armas e explosões.Por isso achei interessantíssimo esta abordagem do registro da história. Valeu também pela referência ao livro Fundação, de Isaac Asimov (escritor citado por Walter no 5.01). Neste livro há um capítulo em que cientistas se isolam em um planeta distante para registrar a história de um Império que, inevitavelmente, entrará em decadência.  


Ótima review.

Gustavoxlcobain disse...

   A temporada parece promissora, mas ainda não to amando...espero que achem as fitas e os objetos logo, pra desenvolver a história, pois a quarta temporada pecou exatamente nisso,  perdeu  muitos episodios até desenvolver a trama ... praticamente até o episódio  que descobrem pq o Peter Voltou , e depois ficou corrido daquele jeito, perdendo chance de episódios promissores com a "Arca de Noé"  e a morte de  David Robert Jones tão anticlimática ...enfim...
  Sobre o episódio da semana...gosto bastante das interações familiares, e esse episódio com cara de "caso da semana", deixou uma sensação que provavelmente será o ultimo assim neste estilo... ansioso pelos próximos...


  Aproveito pra  dar uma dica/pedido de review da série La Complex, eu detesto serie do gênero "pessoas buscando sucesso em Hollywood" mas essa é incrível, a direção e muito boa e os atores otimos e os personagens muito gostáveis... a série é bem elogiada, ela só não bombou pq é canadense e não tem nenhum figurão de Hollywood (mas tem a Kaylee de Firefly *-*), acabou a segunda temporada recentemente, tem apenas 19 episódios...o piloto não e tão legal mas vc passando dele não tem erro... e todos os personagens, TODOS, tem um desenvolvimento muito bom, vc pode até começar odiando, mas com o tempo aprende a gostar e entendê-los...

  Eu não vi nenhum site brasileiro fazendo a review da série...seja a primeira!

 

Jeff Alves disse...

Amei tudo o que foi dito, suas reviews são simplesmente perfeitas, sempre!

juliana disse...

só camis mesmo pra traduzir as telinhas pra nós! hahaha

ai ai, amo tanto fringe que nem sei. não to nada preocupada em questionar coisas e formular teorias, to só curtindo a vibe. vou ter muita saudade quando acabar, mas pelo menos sei que eles farão um FIM, sem a possibilidade de um cancelamento repentino. eu não sabia, porém, que fringe tinha sido feita pra durar sete anos, e isso me deu uma pontinha de tristeza. 

constantemente me lembro de como eu achava a olivia meio sem expressão no começo e agora a cada episódio anna thorv sassarica na minha cara com uma atuação incrível (a personagem era sem expressão mesmo, afinal). tenho uma filha de três anos e toda essa história da perda da etta me dóooooiii e eu entendo muito esse sentimento da olivia. maternidade, mesmo a mais alegre e perfeita, sempre vem com uma carga de culpa, faz parte do pacote. e, no caso dela, deve ser sufocante. quero muito ver os três felizes, finalmente, junto com o resto da família bishop, que inclui astro, como disse andresa.

enfim, tenho alto orgulho de acompanhar a série em TEMPO REAL e ter sofrido com as ameças de cancelamento e assinado cada petição. tenho certeza que, no futuro, pessoal vai reconhecer como esse seriado foi incrível (especialmente se formos invadidos por humanos carecas malucos do futuro, risos)

Nem Mente! disse...

Adoro suas reviews Camis, principalmente as de Fringe e TGP (sentindo saudades). Fringe é um marco para a televisão na área da ficção científica.

Esse episódio foi bom e realmente resgatou o Fringe de raíz. A maquiagem do homens árvore estava incrível. E lendo o comentário da juliana quando ela fala sobre a Olivia do início tenho que dizer que tbm achava a mesma coisa. No inicio ela era muuuito sem sal! Quando assistia aos promos na wanner não tinha animo de ver por causa do rosto da Anna.

Hoje, mal consigo tirar os olhos dela quando ela entra em cena. Linda, apaixonante, charmosa, voz suave e tranquila. Já o Walter... Desde o início sou fã de suas maluquices, é o típico cientista maluco. Sentirei saudades de Fringe, mas assim como faço com LOST, uma vez por ano dar uma visitada na história.

P.S.: Se o quadrinho for a leilão... Ficarei muito triste por não poder comprar.