domingo, 26 de agosto de 2012

Political Animals: Season 1

 
De volta à Casa Branca.

Vez ou outra a política americana - e mais particularmente a vida particular de seus presidentes - vira série de TV, seja em forma de comédia, bons dramas, ou tramas de época. A grande maioria viaja bem pelos bastidores reais ou fictícios e conta, com cuidado, a história de legados e períodos marcantes. Exemplos não faltam. Temos The West Wing, John Adams e mais recentemente, Veep ou The Kennedys.  Political Animals, do canal USA, também consegue fazer isso e surpreende com ótimo roteiro, mas acima de tudo, excelentes personagens.
Vendida como minissérie (em seis capítulos) esse é o tipo de produção versátil que cumpriu muito bem o papel a que se propôs, mas que pode, facilmente voltar com mais uma temporada, que complete a jornada da família Barrish/Hammond. Não há uma só pessoa que tenha visto a série e que não deseje por isso. A “culpa” é dos personagens. Cativantes e cheios de defeitos.
Mais do que o foco nas negociações, tramoias e entraves políticos (que são interessantes e também prendem a atenção) o grande trunfo de Political Animals é a rápida identificação do público com os protagonistas da história. Já no final do primeiro episódio o que fica é a afeição por essas figuras e a vontade de descobrir o que o destino lhes reserva. Some-se a isso um texto ágil e que nunca deixa o ritmo dos acontecimentos cansar o espectador, mais um elenco talentoso e escolhido a dedo. O canal USA conseguiu colocar em prática uma receita de sucesso, sem nunca exagerar nas doses de drama ou humor, porque a série consegue viajar bem entre esses dois polos, nos agraciando com momentos extremamente emocionais e outros em que o riso corre solto e com naturalidade, afinal, as inúmeras menções à maravilhosa e belíssima “bunda diplomática” da protagonista soam exatamente assim.
Livremente inspirada em Hilarie Clinton, a personagem principal é Elaine Barrish (Sigourney Weaver), Secretária de Estado dos EUA e antiga primeira-dama do país, com grandes aspirações políticas. Elaine é retratada como uma mulher extremamente consciente de todos os aspectos de sua vida. Ela sabe que suas escolhas profissionais afetaram o futuro dos dois filhos e que seu casamento cheio de contratempos é motivo de boa parte de sua rejeição nas urnas. Logo no começo descobrimos como Elaine conseguiu o cargo que ocupa, ao se juntar a um de seus adversários na campanha presidencial, depois de perder o primeiro turno.
Ao longo dos seis episódios, conhecer e entender as atitudes de Elaine é uma das melhores partes de Political Animals. Não é apenas o aspecto da política ou da família, mas também os traços de sua personalidade. A força, a determinação, a inteligência e ao mesmo tempo a candura e a piedade sempre presentes em tudo o que ela faz. Não há dúvidas de que Sigourney Weaver se dedicou a esse papel, porque o resultado é sempre positivo.
Depois de Elaine o personagem que mais chama a atenção é T.J (Sebastian Stan). O bacana aqui é que T.J, aparentemente, não tem nada a ver com política, de forma direta, mas sua vida e seus problemas com drogas e para encontrar um lugar no mundo vêm todos daí. Além de ele ter sido o primeiro filho de um presidente a se assumir homossexual, T.J e seu vício em drogas acabam sendo peça chave em muitos momentos e decisões, embora ele não tenha pela noção disso. A interpretação de Sebastian Stan é inspirada e não contem uma gota sequer de afetação. Ele é capaz de nos fazer rir ou chorar em cada cena, sendo o dono de algumas das melhores sequências da série.
Douglas (James Wolk), o irmão gêmeo de T.J não fica devendo também. Braço direito da mãe, ele faz o tipo certinho e também tem grandes aspirações de uma carreira política, mas sua vida na Casa Branca, sua experiência profissional em campanhas e as cicatrizes deixadas por oito anos sob os olhares atentos da nação, o fazem agir contra a própria mãe, mesmo que ele esteja num enorme conflito interno. Aos poucos, a pressão vai tomando conta de Douglas e ele se vê no olho do furacão. Prestes a perder sua credibilidade no meio político (já que era fonte de vazamento de preciosas informações para a imprensa) e enfrentando um casamento sobre o qual ele sequer tem certeza de que realmente deseja.
Bud Hammond (Ciarán Hinds) é o ex-marido de Elaine e também ex-presidente dos Estados Unidos. Bud é um mulherengo assumido, mas um homem astuto e que sempre apoia Elaine em sua vontade de ser candidata novamente. Embora seja também um grande cínico e fonte de momentos hilários, imbuídos de grande canalhice, Bud acaba conquistando a audiência aos poucos, por seus cuidados e atenções com a família, o que não é tarefa fácil quando temos a presença de Susan Berg (Carla Gugino) nos lembrando o tempo todo de que ele na vale um tostão furado.
Susan é a jornalista que construiu sua carreira perseguindo os casos extraconjugais de Bud e destruindo a imagem de Elaine, que ela considera uma mulher fraca, por ter ficado ao lado de Bud, mesmo com tantas traições reveladas. Susan, no entanto, acaba provando desse mesmo veneno ao ser traída pelo namorado e editor do jornal em que trabalha, o que a faz se aproximar de Elaine, compreendê-la e claro, ganhar muitas informações exclusivas.
Aliás, vale ressaltar que a relação fonte/jornalista é muito bem retratada, sendo um dos destaques da série. É muito curioso notar o modo como o fluxo de informações segue seu rumo, ao mesmo tempo em que os grandes acontecimentos políticos tomam lugar.
Dentre os personagens temos ainda Margaret (Ellen Burstyn) a mãe de Elaine, que sempre surge com bons insights e muita sinceridade; Anne (Britanny Ishibashi) é a noiva de Douglas e alguém que precisa aprender a malícia de viver numa família cheia de políticos; O Vice-presidente Collier (Dylan Baker) que é uma pedra no sapato de Elaine e claro, Paul Garcetti (Adrian Pasdar) o presidente americano, que apesar de tudo é um homem disposto a ouvir e aceitar os conselhos de Elaine, mesmo que os dois tenham uma relação que varia entre aliança e traição iminente.
Cada um desses elementos faz de Political Animals uma minissérie empolgante e a vontade de que o canal USA transgrida o conceito de “minissérie” é imensa, afinal, uma segunda temporada exatamente assim, curta e pontual, seria um presente.
A série é criação de Greg Berlanti, que também é produtor executivo, roteirista e diretor do episódio Piloto. Ele é responsável também por “Brothers and Sisters” (série familiar com muito foco em política) e a deliciosa “Jack and Bobby” (série que mostra a adolescência de dois irmãos, sendo que um deles, no futuro, será o presidente dos EUA). Berlanti também esteve envolvido em produções como “Dawson’s Creek”, “Everwood” e “Eli Stone”. Outro nome da produção executiva de Political Animals é Lawrence Mark, que trabalhou como produtor em filmes como “Eu, robô” e “Jerry Maguire”.
Comentários
8 Comentários

8 comentários:

Caroline Dias disse...

Adorei o texto! Também vai fazer o balanço da temporada de Awkward e The Newsroom?

Camila Barbieri disse...

Sem dúvida. Essas duas séries merecem!

Raul Ribeiro disse...

Muito bom Camis!
Ainda não vi o 6º epi, pretendo ver hoje.
Eu não me interesso um pingo por política, mas a série é tão legal que essa barreira é superada já no piloto.
Minha personagem preferida é a jornalista, não sei bem explicar por que, mas gosto muito das cenas dela.

Adoro as surpresas da Summer Season!

Bruno Figueiredo disse...

Alguém sabe onde eu encontro o 6º episódio legendado para baixar? Estou adorando a série até agora, mas não acho o ultimo episódio em lugar algum.

Ana Flávia Rezende disse...

camis, favor parar de fazer review de séries dizendo que são boas! sou obg a ver! e eu precisava estudar/trabalhar....

Raquel Alves disse...

Tava decidida a não ver o 3° episódio, mas vc fala também da série, talvez ela melhore pra mim.
Não gostei muito não. Achei muito novela mexicana no pior sentido, os dramas, os closes da câmera e mais uma vez os americanos sendo os heróis do mundo.

Cmcarlosrmachado disse...

Series Free

Karlla disse...

Olá .. Baixei todos os episódios no Torrentz