Loucuras no sonhatório.
Community não é uma comédia comum
e, sendo assim, não tem personagens que atendem a meros clichês. Esse episódio
deixa isso bem claro ao explorar mais a fundo a mente de Abed. Pode até parecer
difícil e muito complexo, mas não é. Se você foi uma criança de imaginação
fértil com certeza é capaz de entender pelo menos uma parte do que se passa
dentro da cabeça dele.
Abed é praticamente um Peter Pan,
desses que se recusa a crescer e deixar de lado a magia e a fantasia. Essa
característica é o que nos faz gostar tanto dele, afinal, todos nós gostaríamos
de poder ter uma válvula de escape como essas de vez em quando. Sendo assim,
foi muito bacana ver como é que um adulto pode dar asas às suas loucuras,
porque dentro do sonhatório, vale tudo.
Fico feliz demais com as
referências e piadas internas sobre as companions de Doctor Who e tive até
vontade de me oferecer para viajar na cabine telefônica vermelha de Doctor
Spacetime, fingindo meu melhor sotaque britânico.
Todo o roteiro foi absurdamente
bem estruturado em cima das mudanças. Eram muitas as mudanças de foco e muitas
as visões de Abed sobre seus companheiros de estudo. Somente uma equipe muito
atenta não deixaria nada passar despercebido.
A presença de Annie no meio de
toda essa bagunça também foi muito bem vinda e reveladora. Aliás, a visão que
Abed tem das pessoas é absolutamente simplista e direta. Talvez por isso ele
enxergue coisas óbvias e tenha a tendência de buscar “realidades alternativas”
e variados cenários para a vida de cada um deles.
No caso de Annie e Jeff ele foi
direto: Ela só ajudou a juntar Troy e Britta para conseguir um passa livre com
Jeff. Lógico que Annie não é tão calculista, mas no fundo isso era um pouco de
verdade, tanto que ela até admite.
Outra coisa importante está no
fato de que Abed se assume muito desconfortável socialmente. Sabemos que ele é
estranho, mas raramente temos a visão de que isso é algo que o incomoda. No fim
das contas, deixar Annie entrar mais fundo nessa amizade foi fundamental para
Abed, que agora se sente menos excluído.
O melhor de tudo é que, num
episódio cheio de conteúdo como esse, ainda sobrou tempo para o humor. O
encontro de Britta e Troy foi bizarro e cheio de momentos vergonhosos, Pierce
não consegue não esmagar as próprias bolas ao sentar e Dean Pelton encarna o
verdadeiro conceito e prática de SHEMALE, num traje pra lá de ridículo e inesquecível.
Fiquei imaginando esse homem numa fila de banco. Ninguém mais iria reclamar de
ter que esperar até chegar sua vez no caixa.
P.S* Duro de Matar é ok. Vou
esperar Troy e Abed virem puxar meu pé agora, por não ser uma fã alucinada.
P.S* Annie dando dicas de
decoração em ‘Troy and Abed in the Morning”? Vou por meu videocassete para
gravar!
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