segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Fringe 4x11: Making Angels


Astrid, Asterix, Astro, Aspirin... Não importa. Esse episódio é dela.

Em quatro anos de série, Astrid (cada pode escolher o nome que preferir!) nunca teve um episódio com foco em sua história ou seu trabalho na Fringe Division. Claro que as aparições dela foram aumentando gradualmente, mas sempre tive a sensação de que isso não era o suficiente. Enquanto sabemos cada coisinha de Walter, Olivia e Peter, Aspirin sempre ficou em segundo plano, embora sua personagem seja essencial em Fringe. Pelo menos é assim que eu a vejo.

Astro é a pessoa mais normal da equipe. Ela é inteligente e competente, mas não tem poderes especiais, grandes traumas ou coisas assim. Asterix é o “pé no chão” e um exemplo de paciência. Aguentou firme cada maluquice de Walter, provando suas receitas misteriosas, comprando quilos de doces e delícias açucaradas, sempre compreensiva e sem deixar de lado seu lado profissional, porque ela é muito mais do que babá de cientista doido.

Dá para notar sou muito amor por Astrid. Uma série não é feita apenas de personagens principais e temos aqui uma excelente coadjuvante. Todo esse discurso foi só para dizer que gostei muito da proposta dessa semana e que fiquei surpresa ao descobrir que muita gente pensa justamente o contrário.

Como acabei assistindo Fringe bem atrasadinha, não escapei de saber a opinião das pessoas que, em maioria, me davam feedback negativo para esse episódio, criando em mim uma tensão inexplicável. Quando comecei a assistir, discordei das críticas em menos de cinco minutos, porque o caso da semana se mostrava potencialmente interessante e a interação entre Asterix e Aspirin me emocionou logo de cara.

Foi estranho porque Astrid de lá tinha um olhar infeliz que me fez sentir a perda dela. Passei o episódio inteiro querendo abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, ao mesmo tempo em que observava a incrível interação com a Aspirin de cá. Uma das melhores cenas é a do encontro das duas, com Asterix gritando. Olivia diz: “Não entendo como é que ninguém nunca tinha reagido assim”. É a mais pura verdade. Foi a mais genuína das reações, porque todo mundo vê sua cópia e age como se fosse a coisa mais normal do mundo (ou de dois mundos).

O drama de Astro expôs as diferenças entre as duas versões. Enquanto uma é quase um robô e sabe informações em quantidade impressionante, a outra tem habilidade com as pessoas e é uma doce criatura.

Saindo um pouco da nossa tradição de deixar o Glyph Code entre as últimas coisas, já adianto que a palavra EMPATH tem a ver justamente com Aspirin e Asterix. Alguns podem reconhecer a explicação para esse termo ao pensar no personagem da Marvel Comics (Novos Mutantes), que leva esse nome e possui a habilidade de detectar e manipular as emoções de outros seres de vida sentimental.



Astro e Astrid são exatamente isso: empatas. Ambas possuem essa sensibilidade (embora não manipulem ninguém), mas lidam de forma diferente e sofrem o impacto disso também de forma diversa. Uma é sociavel e tem excelente relacionamento com as pessoas. Basta notar a relação dela com Walter. A outra acaba afastada do mundo e tida como autista, quando, em verdade, reconhece as emoções nos outros e simplesmente não consegue processá-las de modo prático.

Outro exemplo disso está na relação das Astrids com o pai. Uma sente que é julgada e amada em menor quantidade por ser diferente, enquanto a outra é bastante próxima do pai e mente, ao perceber que sua cópia poderia sofrer se soubesse a verdade. Astrid foi mais bonitinha do que nunca ao se preocupar em não magoar Asterix, que quebrou todas as regras da Fringe Division num momento em que estava emocionalmente instável e precisa de respostas.

Acima de tudo, esse episódio buscou trabalhar esse lado das ligações entre os personagens e, mesmo com foco nas Aspirins, dava para ver a mesma intenção com Walter e Bolívia, por exemplo. Ele a atacava, chamava de víbora, Mata Hari, xixizenta, cocozenta e cara de mamão. No fundo, estava magoado, como muito bem frisou nossa sensitiva Astro de lá. No fim, fez as pazes e trocou balinhas de modo muito sensual, trazendo aquela risada camarada, que é tão característica de Fringe, para nos animar.

Com Peter a situação de conflito denuncia algo parecido, porque Walter teme se apegar mais ao filho e perdê-lo, quando este retornar para sua linha temporal. Assim ele estabelece uma relação bastante passiva-agressiva, mandando Peter até afiar bisturis e tentando ofendê-lo ao afirmar que prefere a companhia do agente Lee.

Quando vejo cenas assim fico com a ideia de que a possibilidade de estarmos nos lados C e D é balela e que vemos apenas os lados A e B de sempre, mas alterados. Esse é um ponto curioso da temporada, porque até agora eu sou incapaz de afirmar qualquer uma das teorias como sendo a correta.

Eu só entrei nessa de lados C e D porque Peter entrou. No começo da temporada eu refutava essa possibilidade e a essa altura eu não consigo afirmar nada ainda. Absolutamente nada. O curioso é que a maior reclamação dos fã é a de que estão sendo obrigados a ver universos que não lhes interessam. Quão engraçado vai ser se descobrirmos que o tempo todo Peter estava tentando voltar para um universo em que já está?

O diálogo entre os Observadores no final me faz pensar nisso ainda mais. “Peter voltou”. Então ninguém sabia e September estava protegendo Peter o tempo todo? Parece ser algo desse tipo, mas não quero me prender muito ao significado das coisas ditas em Fringe, porque já quebrei a cara antes com “Peter nunca existiu”. Vocês sabem.



Foram tantos Observadores aparecendo que nem me dei ao trabalho de registrar todas as cenas com setas. Acho que todos conseguiram ver bem. Mesmo assim, acho que a imagem do aparelinho de comunicação (ou seja lá que naba for aquilo) fica como curiosidade. Adoro essas engenhocas dos Observadores, até porque, descobrimos que o aparelinho azul de Neil, o “anjo moderno” pertence justamente a September, que o perdeu em 1985.

Aliás, o caso de Neil Chung foi fantástico. Toda a ligação dele com a mitologia da série (o segredos ainda guarda o Reiden Lake?) foi muito bem construída e o que parecia um maluco tentando alcançar o reino dos céus, mostrou-se muito mais, trazendo à baila o conceito de Deus Ex Machina (com a toxina tão elaborada que só a intervenção divina justificaria sua existência) e a “explicação” matemática de como os Observadores podem interagir com passado, presente e futuro de forma plana, como se tudo acontecesse ao mesmo tempo.

P.S* Excelente a piada culinária no avental irônico do pai de Astrid: Shitake Happens.

P.S* Muito bacana os detalhes na primeira morte. O cara com câncer morre num banco de ônibus com um anúncio interessante: Paradise is closer. Será que ele foi para o céu?

P.S*Referências a Lost com a Oceanic Airlines e ao número 47, o favorito de J.J. Abrams rolaram soltas.

P.S* Cadê o episódio centrado na Vaca Gene?

P.S* In Toast We Trust.

Comentários
9 Comentários

9 comentários:

Ewerton Wandalen disse...

Concordo com você Camis, sou todo amor pela Astro, adoro ela, ela é realmente o pé-no-chão, a babá de Walter, e além do mais, adoro os diferentes nomes que o Walter dá a ela!

Douglas Tomaro disse...

Universos C e D não existem mesmo. O que a gente tá vendo são os mesmo universos A e B, só que em timelines diferentes. Acho que isso tá bem claro. 
 (Pra quem ainda não entendeu, assita o último episódio de Greys Anatomy)

Michael Oliveira disse...

tô contigo e não abro.
Achei esse episódio fascinante.
A interação das duas foi ótimo e até a mitologia (que não me agrada muito na maioria das vezes) me deixou intrigado.

Jamille Ramos disse...

Eu concordo com vc Camis, amei esse episódio, fiquei muito emocionada!

Fernando Miaise disse...

eu adorei o episodio, principalmente por termos um desenvolvimento da CAspirin e DAspirin, tenho q confessar a DAspirin é muito fofa com seu jeito meio autista....

Mariacbrum disse...

Não sei se é viagem minha, mas achei que além de lindo(chorei com a Astrid do lado D qdo entendi que o pai dela tinha morrido), esse episódio tb foi focado no FUTURO como o anterior da menina que desenhava como as pessoas morriam, já que Neil Chung via o futuro das pessoas e sofrimento e decidia acabar com isso.
Fiquei encucada com isso pq o observador dizia que em todos os FUTUROS possíveis a Olivia tinha q morrer(epi. 4x08).

E o mais interessante é que todas as pessoas que viram o futuro até então (o observador, a menina e neil), morreram.

João Paulo C F Longo disse...

Fim da linha pra mim. Só volto a ver quando terminar essa temporada.

Em relação ao episódio, infinitamente superior ao entediante da semana passada, mas ainda assim ficou devendo pra mim. Ficou devendo a história que se deram ao luxo de pausar num momento onde o ritmo estava ótimo.

Sempre gostei da Astrid mas era realmente necessário desvendar a personagem? Certas coisas são mais interessantes quando ficam a cargo da nossa imaginação. Fringe é uma série que apóia muito na imaginação de quem assiste, basta verificar que as teorias criadas são mais interessantes que aquilo que de fato é.

Marilia disse...

Gostei muito do episódio, me emocionei, ri...e queimei alguns neurônios com o " esta de volta"...como assim?? não eram universo c e d...não entendo de física quântica, mas a meu ver estar em uma timiline diferente é o mesmo que estar em outro universo - uma realidade alternativa já é outro universo...e essa certeza me fez ter a impressão que "não estou entendendo Fringe"...e acho que essa é a sensação que muitos estão tendo e por isto estão desapontados com o andar da série, mas Fringe tem destas coisas : dar sentindo ao caos....nos fazer aceitar o inexplicável...(observadores, ninguém sabe que diabos eles são, de onde vieram, pra onde vão e pra que servem, mas mesmo assim é tão crível e mesmo sem fazer sentido, faz sentido (???))
Acho que quem tá reclamando destes eps são os traumatizados de lost...pq Fringe tá morna, tá...temos a impressão que nada do que vemos faz parte de algo maior e que são episódios sem grandes coisas pra apresentar, sim, mas os 10 primeiros eram assim também (pra mim ao menos)....

Renata Jeronimo de Moraes disse...

Pra mim também parece que não estamos lidando com os universos C e D... oque me deu essa ideia foi justamente aquele aparelho azul perdido do September...ou só eu fiquei com a impressão de que ele o perdeu quando foi salvar o Peter do afogamento na linha temporal que nós já conhecemos?!