segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Survivor South Pacific: Season 23


A temporada com maior índice de BULLSHIT por minuto filmado.

Contém Spoilers.

A coisa que eu mais odeio em qualquer reality show (especialmente os brasileiros) é a maldita apelação para Deus, fé e religião. Sempre acontece, sempre me deixa puta e o pior, sempre existe gente idiota o suficiente para cair nessa conversinha imbecil de que O CRIADOR não tem nada além do que fazer e, portanto, dedica todo seu tempo a guiar os passos desses verdadeiros apóstolos até o prêmio de um milhão de dólares oferecido pela CBS.

Crenças pessoais à parte (cada um acredita no que quiser e eu não tenho nada com isso), o que irrita é perceber que, em pleno século 21, tem gente tão cega a ponto de basear todo seu jogo em promessas feitas em cima de uma bíblia. Não compreendem que, seja em Survivor ou qualquer outro reality, não tem Santo que ajude. Ou você tem boa lábia e detona nas provas físicas, ou vai ser eliminado, sem dó.



Foi por tudo isso que, até o fim, eu torci muito pela eliminação de Brandon (famigerado sobrinho de Russel) e, claro, de Coach. O primeiro era burro demais para perceber o óbvio e foi responsável pela jogada mais idiota da temporada, abrindo mão de sua imunidade para salvar Albert, que aproveitou mesmo a imbecilidade do cara para se dar bem. Aplaudo isso de pé.

O segundo, desde sua primeira edição aparece com o papo furado sobre jogar com honra. Pois é. Se tem uma coisa que Game Of Thrones nos ensinou esse ano é que a honra vai acabar te matando, mais cedo ou mais tarde. É impossível passar pelos 39 dias de Survivor sem mentir, enganar e manipular. Esse é o jogo. E é por isso que Coach foi esperto ao eliminar Brandon e Ozzy quando teve a chance. Infelizmente, ele não é esperto o suficiente para admitir que agiu em nome de si mesmo e do milhão de dólares. Ninguém que tenha sido eliminado respeita isso, mas diga que fez porque queria ganhar e você terá uma chance de receber alguns votos.



Acho que sequer tenho paciência para relembrar os piores momentos de Bullshit da temporada. Cada sessão Tai-Chi, cada abraço grupal, cada menção às palavras honra e ao conceito de tribo como grande família feliz me deram ânsia de vômito. O grupo formado pelos membros da Upolu era um show de demagogia. Ficou claro, desde o inicio que aqueles que desejassem ir até o fim deveriam embarcar na maluquice digna de culto religioso suicida e é aí que acho que Sophie e Albert melhor se encaixam.

Honestamente, eu ficaria decepcionada com a vitória de qualquer um dos três finalistas, mas de todos eu só não admitiria, de jeito algum, Coach e sua filosofia de botequim. Para mim, vencedor de Survivor tem que ter peito para arcar com as apunhaladas que deu. Isso é o que eu acho digno e honrado e se eu participasse e acabasse no júri, votaria para a pessoa que dissesse na minha cara: “Fiz e faria de novo, porque quero a grana mais do que quero ser seu amiguinho”.

Albert é aquele cara que até fez as coisas certas, mas cagou no final ao não admitir que sabia que Brandon seria eliminado por dar o colar em sua defesa. Isso e o fato dele ter zero de carisma.



Sophie, que levou a bolada dessa edição é alguém que não consigo entender. Não lembro nada que ela tenha feito de memorável para se auto-proclamar ‘estrategista’, além do fato de que ela soube ficar próxima de Coach, ao perceber que estava cercada por um bando de fanáticos religiosos, capazes de cometer suicídio se a “honra” mandasse. Pensando bem, ela foi realmente esperta por se camuflar nesse meio, sem ser exatamente uma maluca de carteirinha como os demais. Acho que merece o prêmio mais pela paciência em aturar essa patacoada por 39 dias do que qualquer outra coisa.

Enquanto isso, na tribo Savaii, Ozzy, prometia ir até o fim e finalmente levar o título de sole survivor. Não é nem que ele não mereça. Para mim não existe um cara mais habilidoso na arte de sobreviver em meio à natureza do que ele, isso na história das 23 temporadas do reality. Esse homem faz miséria pescando com um arpão e subindo em coqueiros. Tem incríveis capacidades físicas, mas como sempre, nada e morre na praia.

Dessa vez até o jogo social dele melhorou. Ozzy, em prévias participações ou se isolou ou tomou um blindside nas fuças (thanks Parvati, sua linda!). Estava disposto a se redimir e preencher as lacunas que sempre deixou. Não confiar demais nem de menos, mas não contava com a existência de Cochran, o nerd de Harvard, fã de Survivor (ele até escreveu um trabalho sobre isso, como Jeff ressalta na reunion da Finale) que só queria deixar sua marca e não ser eliminado na primeira semana.

Ameaçado, ele fez o jogo que pode e assim que teve a chance, se voltou contra sua própria, enterrando os membros na Redemption Island, um após o outro, quando a merge chegou. Confesso que gastei preciosas horas da minha vida tentando entender como um cara, “especialista” em Survivor, assiste a 22 temporadas e não sabe o óbvio. Flipar depois da merge é o pior negócio do mundo, porque, eventualmente, seus novos amiguinhos terão que eliminar uns aos outros e no topo da lista de votos estará o nome do último a chegar na patota.

Isso é coisa até da vida real. Numa empresa, em momentos de crise, os funcionários mais novos são os primeiros na lista de demissões. Flipar não faz sentido num jogo como esse, em que você quer ficar o máximo de tempo possível com seus aliados. Pode até funcionar em casos raros (nada é impossível), mas a probabilidade do traidor se dar mal com membros não de uma, mas de DUAS tribos, é de 99%.



No fim das contas, vejo Cochran como uma figura rara. O cara queria ver de perto seu programa de TV favorito e conseguiu. Fora isso, acho que ele é autor do quote da temporada, ao dizer em um conselho tribal a seguinte pérola: “Falar com Brandon sobre estratégia é o mesmo que falar com Jeff de camisas que não são azuis”. Ri litros e litros e litros com isso.

Tentando lembrar momentos memoráveis dos Savaii, me veio à mente aquela maluca que recitava poemas ruins lindos e maravilhosos para provar que não tinha medo que era uma idiota. Coisa mais emocionante de ver num programa de sobrevivência. Só que ao contrário.

Acho que a prova mais nojenta de South Pacific foi aquela em que todos tinham de destroçar um porco assado às mordidas. Tive asco de tudo aquilo e do “prêmio” para os vencedores: levar tudo a porcaiada mordida e semi-mastigada para um banquete na tribo. Taí uma refeição que eu deixaria passar, mesmo desnutrida numa ilha. Não dá para encarar carne de porco com saliva de 10 pessoas que não escovam os dentes há semanas.

No meio tanta coisa boa, chegamos à Finale e eu JURAVA que Ozzy ganharia essa. O cara fez miséria, sozinho, na Redemption Island e não conseguiu montar o que eu chamo de “quebra cabeças mais fácil da história de Survivor”. PORRA! Não conseguir encaixar aqueles florezinhas foi ridículo. Mesmo assim, ele foi eliminado diante de aplausos, consagrado na reunião em estúdio como favoritos dos fãs e da platéia por seus esforços e levou 100 mil dólares de consolação.



A vitória de Sophie ficou óbvia no último conselho tribal, porque Coach e sua honra conseguiram mais desafetos do que qualquer outra coisa. Albert não tinha chance por ser arrogante.

Com tanta polêmica causada por Brandon, é lógico que titio Russel Hantz estava lá para espezinhar o sobrinho. Fiquei com pena. Brandon, mesmo sendo retardado de pai e mãe, é mentalmente instável por culpa da própria família, que o rejeitou por não fazer jus às maldades e estratégias “brilhantes” de Russel.


Por mais que eu ache Russel valioso numa edição – o cara sabe entreter e criar situações que movimentam o jogo, mesmo sendo completamente idiotas – a repetição de sua estratégia foi a maior boçalidade da Redemption Island anterior, na Season 22. Brandon deveria se tratar e deixar de ir atrás dessa família de gente louca, porque não há Deus que possa ajudá-lo nesse ninho de víboras.

P.S* A CBS comprou toda Samoa? Não é possível que a próxima edição também seja filmada lá. Socorro, mudem de cenário. Ninguém agüenta mais! E que venha Survivor One World, com as duas tribos dividindo o mesmo espaço.

P.S* Redemption Island, espero nunca mais te ver.

Comentários
7 Comentários

7 comentários:

veneceos disse...

Adorei o comentário sobre a temporada. 
Tem como você fazer um Top das temporadas de Survivor que assistiu?

Camila Barbieri disse...

As que eu mais gosto: Heroes Vs Villains, Fans Vs Favorites, Cook Islands, e Samoa. Eu começaria por Cook Islands, seguido de Fans, Samoa e terminaria com HvV.

veneceos disse...

Pelo o visto gostou das temporadas da Parvati <3

Michael Oliveira disse...

análise incrível da temporada, parabéns!
e pra mim, ficou meio obvio que a Sophie ia ganhar, quando ela começou a chorar na penúltima tribal council e a edição focou os olhos marejados de todos os membros do júri... tipo...
essa temporada foi quase que um completo desperdício de tempo...

Isabela Cabral disse...

Como eu fiz facepalms a temporada toda com essas cenas de oração em grupo, família Restart, honra e blablabla. 
E o Brandon? Nossa, esse homem vive num planeta só dele, é muito bizarro. Acho que agora tem uma cota de maluco (maluco do tipo literal) por temporada... Na passada foi o 'fomer federal agent' e nessa o sobrinho do Russell.

michell disse...

virei fã de survivor assistindo a premiere dessa temporada. agora já vi a season 1 e season 2 e pretendo ver todaaas as temporadas. eu tinha me cativado por big brother us e comecei a baixar a season 6, mas 2 temporadas de survivor são 1 temporada de BBUS, então agora sou fã numero um dessa delícia <3. gostei do vencedor dessa temporada, mas o que eu acho que faltou nessa temporada e que teve de sobra na season 1(borneo) e 2(the australian outback) foi a edição mostrar o quão eles estão famitos,cansados e etc. as provas da season 2 são tão inteligentes, que deixam as provas da season 23 no chinelo. enfim, tenho um longo caminho pela frente e espero ser mais feliz com survivor ainda <3

michell disse...

e ah camis, bem que você podia fazer um post desse sobre the x factor. ler um texto seu das cagadas da nicole ia ser lindo <3

“Falar com Brandon sobre estratégia é o mesmo que falar com Jeff de camisas que não são azuis”^e esqueci de comentar, mas essa frase foi liiinda kk só que até esse comentário eu não tinha observado as camisas do jeff, e ele só usa azul msm kkkk