O Western da AMC.
Desde 2006, quando exibiu a minissérie Broken Trail, a AMC vem ensaiando produzir uma série na mesma temática, retratando esse período pós Guerra Civil, quando os Estados Unidos eram apenas uma terra de proporções continentais que ainda não havia sido desbravada em sua totalidade.
É com essa intenção que chega à TV Hell on Wheels, série que deve contar histórias relacionadas à construção da primeira ferrovia continental do país e que ganha esse nome por causa da cidade nômade que viajava junto com as equipes de construção, prestando os serviços básicos necessários.
O episódio Piloto já é a segunda estréia de maior sucesso da emissora, com 4.4 milhões de espectadores, ficando atrás apenas de The Walking Dead. De fato, os números não causam estranheza, já que a AMC tem solidificado bastante seu público e passado a imagem de canal que se preocupa com diversos aspectos de qualidade.
Essa Series Premiere, sem dúvida, faz uma apresentação justa da trama e do ambiente, trazendo dramas bastante condizentes com a época. Há muito capricho com a fotografia e com detalhes de cenário, mas não sou capaz de dizer que a trama me conquistou.
Eu gosto do estilo que a emissora adota em suas produções, mas ao mesmo tempo em que vejo o cuidado com aspectos técnicos, fica evidente que apresentar personagens em ritmo arrastado demais é um ponto contra. No caso de uma estréia, a melhor forma de fazer o telespectador voltar para o segundo episódio é fazendo-o conectar-se com as pessoas que estão na telinha, mas eu, pelo menos, fiquei entediada enquanto esperava para descobrir pelo menos o nome do personagem principal.
Cullen Bohannon (Anson Mount) é o ex-soldado metido a fodalhão que chega até Hell on Wheels para vingar a morte da esposa. Ele faz o tipo calado e atormentado, mas como o moço já fez par romântico de Britney Spears “naquele filme maravilhoso” chamado Crossroads, eu não sei se ele fala pouco pelo personagem ou pela falta de talento mesmo.
Gostei um pouco mais de Ellam Ferguson (Common), o escravo emancipado tentando fazer a vida num país cheio de preconceitos. Logo ele e Cullen acabam unidos e apesar das diferenças, devem se tornar amigos e companheiros leais em muitos assassinatos. Thomas ‘Doc’ Durant (Colm Meaney) é o empresário ganancioso e que está tirando todo o proveito que pode desse momento de extrema mudança no país. Ele é, por assim dizer, o grande responsável por toda essa expansão e tem grandes planos que envolvem aumentar algumas milhas da ferrovia aqui e ali, para melhorar seus ganhos.
Sean e Mickey McGinnes (Bem Esler e Phil Burke) são os irmãos que vem da Irlanda em busca de fortuna na América. Joseph Black Moon (Eddie Spears) é o índio que luta para encontrar um lugar no mundo sem deixar sua herança cultural de lado, apesar de ter sido batizado pelo reverendo Nathaniel Cole (Tom Noonan), um homem que luta contra seus demônios internos enquanto tenta pregar a paz.
A única mulher da história é Lily Bell (Dominique Mcelligott), uma recente viúva que vai tentar sobreviver sozinha nesse mundo que não é para os fracos. Lily é a única sobrevivente de um ataque de índios que tentavam defender seu território e eu já prevejo o envolvimento amoroso dela com Cullen, assim que eles se cruzarem, só para honrar o clichê.
A sequência de gente morrendo atravessada por flechas e o festival de escalpelamentos é minha parte favorita desse episódio, talvez por que seja também a mais cheia de ação. De acordo com a temática da série, quem resolver embarcar nessa viagem deve estar ciente de que verá muitas cenas sangrentas e violentas, mas acho que isso conta como fator positivo.
Quanto ao ritmo... Os fãs de produções da AMC já sabem como a coisa funciona por lá e que os roteiros se desenvolvem aos poucos. Isso talvez afete apenas a fatia de público que procura em Hell on Wheels suprir essa carência de Western, algo pouco comum na TV atualmente.
O roteiro e produção executiva ficam a cargo de Joe e Tony Gayton, além de Jeremy Gold, John Shiban e David Von Ancken, que dirigiu o episódio Piloto.
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