domingo, 9 de outubro de 2011

Fringe 4x03: Alone In The World


A existência pela metade.

Fiquei um bom tempo pensando sobre o episódio de Fringe dessa semana antes de começar a escrever esse texto e minha conclusão continua a mesma: Não faz sentido. Pelo menos AINDA não faz sentido pra mim.

Lógico que estou falando do principal assunto em pauta, que é a existência de Peter Bishop, que nos foi explicada didaticamente por Walter. As duas versões dele morreram na infância. Um da doença genética e outro afogado no lago, por culpa de Walter. Isso explica com exatidão (e fecha maravilhosamente bem a lacuna) o embate entre os dois mundos permanecer inalterado. Afinal, Walternativo teria motivos de sobra para odiar Walter, o homem que matou seu filho (algo até pior do que o seqüestro) e os problemas causados no lado B pela viagem a essa realidade paralela ainda seriam algo fixo.

No entanto, eu vejo problemas nessa história. Na verdade, Fringe criou um problema de vocabulário para mim. Eu me apego às palavras e ao significado exato delas. Coisa de quem trabalha com comunicação. Talvez seja um erro fatal, mas em resumo, quero dizer apenas isso: Nunca diga nunca se nunca não significar nunca.

Se sua mensagem for “morreu na infância” não misture as bolas. Fiquei com a péssima impressão de que mudaram de ideia sobre o que pretendiam fazer e jogaram aquela frase na Season Premiere - “eles não podem saber que o menino cresceu para ser um homem” - para consertar a furada.

Sei que jogaram com as palavras, mas quando o Observador diz que Peter nunca existiu isso me passa uma mensagem muito clara. Não existir significa nunca ter estado presente no mundo. Sei também que a frase “Peter nunca nasceu” jamais foi dita, mas isso não muda a guerra que está dominando meus (poucos) neurônios.

Não consigo engolir essa existência pela metade. Para pessoas ou coisas: existe ou não existe. Algo similar ao “estar ligeiramente grávida”. Ou está ou não está, se é que consigo me fazer entender.

Só imagino essa explicação de hoje sendo completamente plausível e sem falhas com o Observador viajando no tempo (já que, para ele, caminhar nessa linha temporal é algo comum) e mudando suas próprias ações. Apagar a existência de uma pessoa é um conceito absurdamente díspar de mudar o que aconteceu no passado.

Mas aí, é claro que eu considero o fato de desconhecermos o “poder” dos Observadores e da própria Máquina do Apocalipse, que foi a grande responsável por tudo o que aconteceu. Por enquanto fico incomodada, mas tenho a impressão de que mais detalhes serão revelados e que há a possibilidade de que eu mude completamente minha opinião sobre o assunto.
Com isso, Fringe conseguiu exatamente o que queria: confundir e gerar discussão sobre a grande questão desse inicio de temporada. O sumiço de Peter realmente nos instiga, porque estamos loucos para saber detalhes, para compreender, para desvendar. É quase como se estivéssemos no lugar de Walter e Olivia, mas com a vantagem de que temos consciência de nossa sanidade (?). Foi interessante saber que Olívia tem sonhos com Peter, enquanto Walter pode escutá-lo e ver a imagem refletida.

Nas frases ditas por Peter durante o episódio ("Walter, do you see me? -- Don't be scared. -- I want to come home” e "Walter where are you, I can here you"), fica claro que ele pode ouvir Walter, mas não consegue ver o pai. Isso nos deixa a pergunta sobre em que local essa consciência ou forma de vida que restou de Peter sobrevive. O tal limbo, do Glyph Code passado. Porque ele é capaz de ouvir Walter e de certa forma, se comunicar com ele e Olivia? Impossível parar de questionar.


O fato de Olívia ter feito aquele desenho de Peter é algo curioso a se pensar. Imediatamente lembrei do episódio 3x19 - Lysergic Acid Diethylamide, quando Olivia nos apresenta um desenho do X-Man, o homem que a mataria. Resolvi colocar a imagem aqui para ver se vocês acham que os desenhos são similares. Para mim, o X-Man só lembra o Peter que Olívia desenha nesse episódio fazendo muita força para encontrar semelhanças, mas não quero descartar essa ideia por enquanto.


Também é preciso destacar o excelente uso do caso da semana para conectar os fatos do arco central. A ligação de Walter com o menininho, assim como a ligação do garoto com o fungo, meio que vai abrindo nossas mentes para o retorno de Peter. A coisa funciona mais ou menos do mesmo jeito. Peter usa essa ligação com Walter e Olivia para chamar a atenção e colocá-los na tão aguardada busca, que deve começar já na próxima semana.

Deixando de lado a questão da “existência pela metade”, o que realmente me empolga é saber como ficam as coisas a partir do momento em que Peter reaparecer na história. Tenho a impressão de isso vai causar ainda mais estragos do que o seqüestro, porque seria um imenso lapso. Quero saber se Walter e Olivia lembrarão dele na íntegra, se as coisas podem regredir ao ponto anterior ao uso da máquina do apocalipse e mil outras coisas.

Dessa vez, o Observador estava dando sopa bem em frente ao prédio de Harvard, momentos antes de Walter conhecer Aaron.



Os Glyph Codes vêm com a mesma proposta de confundir, formando a palavra REBORN, que significa Renascido.


Não sei se querem implicar que Peter vai nascer de novo ou coisa assim, mas me pareceu um conceito bastante solto dentro do que é a proposta dos códigos, sempre com significado simples e completamente conectados com fatos do episódio. Não consigo ligar o termo a nenhum outro personagem que tenha aparecido ou qualquer um dos plots desenvolvidos, então fica essa dúvida. Será que não estou entendendo Fringe? Acho que chegou a minha vez.

PS* Atuação impecável de John Noble, mas disso vocês já sabiam.
Comentários
15 Comentários

15 comentários:

Laylapo disse...

eu acho q quando o observador disse que que o o peter "nunca existiu", ele queria dizer o peter adulto q conhecemos ao decorrer das tres temporadas... o que até faz sentido, pois ja que sendo assim ninguem saberia que o garoto cresceu para ser um homem... De qualquer jeito nao acho que tenham mudado de ideia quanto ao fato de existir ou nao, nós que levamos ao pe da letra... Ate por que o erro do Setember foi ter salvo o walter e peter no lago

Henry Chinaglia Filho disse...

Camis, acho q

Cintia Simizo disse...

Pensei a mesma coisa que vc. Como ele nunca existiu e  dps fala que ele morreu 2 vezes?
Tanto que estava super ansiosa pela sua review.
Fringe deixando a minha curiosidade aguçada e a vontade de rever ep. anteriores, ou refazer a maratona, problema que agora não dá pra fazer isso.

João Paulo disse...

Ótima review como sempre Camis. Então acho que esse negócio de existência de Fringe se resume assim, a intenção era apagar mesmo Peter da história, acredito que jogaram realmente um pista falsa dando a entender que ele seria apagado inteiramente da história, mas o interessante é que no plano dos Observadores já tinha uma falha, apagar a existência de uma pessoa é quase impossível e acho que aquele Observador do primeiro episódio da quarta temporada resolveu não apagar o Peter inteiramente, uma vez que isso não resolveu o problema dos dois universos que realmente estão destinado a eclodir e que a interação dos dois lados não resolveu muita coisa. Acredito que a existência do Peter seja uma das peças chaves para resolver o problema dos universos paralelos e não o contrário ele sumir só faz com que a história não se resolva.

Fringe precisa introduzir um novo arco principal de mistério, rápido.

Só prá deixar claro meu vicio em Fringe ainda continua e melhor do pirando mais ainda com as teorias.

Marilia disse...

Será que não estou entendendo Fringe?²
Definitivamente perdi os últimos neurônios que restavam!!!!

Concordo com você em relação a finale passada, quando disseram que o Peter nunca existiu. Fiquei tentando entender como isso era possível se muito do que vimos girou em torno da existência dele....mas aí veio  a premiere e pra me manter sã, passei a acreditar que ele nasceu,mas, morreu quando criança. até aqui ok, tudo lindo e maravilhoso...
até eu pensar:
1 - o Peter do lado B era pra estar vivo não fosse a interferência do observer??
2 - o observer os salvou no lago pra consertar seu erro (impedir a descoberta da cura no lado B)???
3 - o erro inicial sempre foi ter salvado o Peter no lago????

Quanto a apagar a existência do Peter, acredito que o September (deus sabe pq), da mesma forma que não foi capaz de deixar o Peter morrer no lago, também foi incapaz de apagá-lo de toda a história, deixando  lembranças de sua existência quando criança e deixando que "flashes" do escapem do além....agora o pq dessa compaixão toda....não consigo nem pensar, já que 3 temporadas depois ainda não sei pra que serve um observador, além de me deixar com a impressão de que não entendo nada do que estou vendo !!!!!

André Flores disse...

Bom Camis, eu sou daqueles que não conseguia concordar com a ideia de que Peter (criança e adulto) nunca existiram. Pra mim nunca fez sentido a guerra dos mundos e todo o contexto das temporadas sem a existência de Peter. Era um furo gigantesco e praticamente insolúvel na história.

Por isso desde sempre eu preferi entender que o sentido da frase "Ele nunca existiu" era "Ele [adulto] nunca existiu". E isso ficou reforçado com aquela outra "Eles nunca devem saber que o menino se tornou adulto" (or something like this). 

Graças a deus foi isso mesmo. Para o bem da história, para que as 3 temporadas não fossem jogadas no lixo, os Peters nasceram e morreram crianças, assim como antes, mas agora sem a intervenção salvadora do Observador no lago. Preserva-se o motivo da guerra dos mundos e tudo o mais.

Episódio no geral razoável mas esclarecedor e que dá início à "busca" por Peter.

Camila Morais disse...

Eu gostei muito do episodio e realmente tinha entendido que o peter adulto nunca existiu pela frase ninguem saberia que o garoto cresceu para ser um homem, acho que com esse parte esclarecida podemos voltar para o grande misterio da temporada " Where is Peter Bishop?".

Larissa disse...

Alguém tira uma duvida minha?
Eu voltei no episodio 2x16 para assistir a cena do lago de novo. O Peter
(criança) estava se afogando e o Walter já estava inconsciente quando o
Observador chegou.
Se agora não teve interferência do Observador, o Walter não deveria estar
morto, ou melhor, na mesma dimensão que está o Peter agora?

Irena Freitas disse...

Camis, o que eu entendi nesse episódio é que os Observadores não se envolveram na trama pra reparar o erro do Walter. O Walter roubar o Peter e tentar salva-lo era algo que deveria acontecer. O erro foi quando o September salvou o Peter do lago.
Por qualquer razão ainda não explicada, era necessário que o Peter criança existisse, o que nunca devia ter existido era o Peter adulto. E foi esse erro que os Observadores voltaram para concertar. 
Ou sei lá.
Acho que no momento os roteiristas só estão tentando confundir a gente para criar gás para o resto da temporada :P

Hit disse...

pelo que eu li, o peter aparece de novo - não sei como - e as pessoas pensam que ele é louco como o walter, mas não podem deixar ele solto pelo mundo pq ele sabe muitas coisas que aconteceram na fringe division. ai eles acabam usando ele como consultor. me parece tb que vai rolar alguma coisa entre olivia e lincoln do lado de cá, já que do lado de lá ele ainda só tem uma paixão platônica por ela, já que ela nunca teve um filho e ainda tem namorado. hora de confiar nos escritores de fringe.

Lussianno disse...

Camis, concordo com os outros. Erraram nas palavras, mas falavam do "peter adulto". Sobre a situação do Peter, me lembrei de Efeito Borboleta. O cara fazia viagens no tempo e tudo que ele vivia era armazenado no cérebro. Acho que Peter realmente não existe. Ele está aparecendo nas "lembranças" que Olívia e Walter tem dele, pois pelo que entendi, ele não foi apagado. A história aconteceu e foi refeita. Como se escrevesse um texto de grafite numa folha em branco, apagado e reescrito. Marcas do texto anterior permanecerão lá se não for bem apagado - a hesitação do observador em terminar o serviço. A partir do momento que tomem conhecimento da existência de Peter e do que aconteceu, acredito que o arco se voltará para os observadores. "Quem, pq e como" sobre eles. 

Ufa!!! Queimei a mufa agora hahaha. Só palpite rs.

Hélio Filho disse...

Camis, eu acho que a nunca existência de Peter é que não faz sentido para mim. Se ele nunca existiu, sua imagem não poderia está "vazando" nem muito menos se comunicando com o Walter ou com a Olívia. Mas se ele chegou a nascer explicaria tudo, é como se a maquina reescrevesse o tempo a partir da momento em que o pequeno Peter morre no lago, então dessa vez o observador não interfere, o mundo segue o seu caminho que seria o certo, mas a realidade que Peter chegou a ficar adulto existiu de algum modo, e nessa realidade que ele está preso (em minha opinião). Por Olívia e o Walter terem uma ligação muito forte com o Peter, eles conseguem lembras dele. É como memória de criança, as vezes nós sabemos que vivemos algumas coisa quando criança (tipo entre 1 e 4 anos) mas só temos flashes de memória do que aconteceu, exatamente como a Olivia e o Walter eles só conseguem ter flashes do Peter que em algum momento eles o conheceram e que significou muito na vida deles, só que eles não sabem dizer quem é por que ele está aparecendo só para eles. E o Walter nesse episódio falou, se ele a Olivia conseguem ver o Peter, então é porque ele é ou foi real, por isso que também acho que ele teve que ter nascido. 

Fernando Miaise disse...

John Noble é FODA demas.

Isabela Cabral disse...

Então, após assistir esse episódio, estava meio irritada com essa questão do Peter também, com essa mesma impressão sua de ter sido algo que mudaram de ideia, ou sei lá.
Daí lendo a review do Davi Garcia (http://www.ligadoemserie.com.br/2011/10/fringe-alone-in-the-world/) eu achei que faz sentido o que ele teoriza ali. 

Rafael Batalha disse...

noossa,
fiquei muuito incomodado com essa questão tbm, do "nunca existiu" mas nasceu e morreu criança...

mas se ele nunca tivesse ficado doente e morrido porque então o universo alternativo entraria em colapso??

acho mais viavel essa explicação, de que ele morreu afogado quando Walter roubou ele, e o observador nao se intrometeu e tals...

mas eles poderiam ter sido honestos com a gente desde o inicio e dito apenas que ele voltou no tempo e deixou peter morrer no lago... ao inves de dizer que ele "nunca existiu"...

a nao ser que eles tenham percebido que seria dificil amarrar todas as pontas sem o peter e tenham voltado atras, o que é bastante valido tambem..

mas enfirm, fiquei feliz por você ter percebido isso também e questionado, ao inves de mais uma vez idolatrar o episodio...

to vendo os epi e lendo suas reviews... to um pouco atrasado maaaas, to chegando! kkk...