domingo, 25 de setembro de 2011

Fringe 4x01: Neither Here Nor There


Chegou a hora.

Com nossos miolos ainda espalhados para todos os lados desde o final da 3ª temporada, começamos o 4º ano de Fringe indo com sede ao pote. O problema dessa expectativa elevada é se decepcionar depois. Foi mais ou menos isso para mim. Eu esperava um pouco mais dessa Season Premiere, não posso mentir.

Também não vou dizer que eu tenha morrido de tédio e achado péssimo. Num primeiro momento achei que o episódio havia sido mediano, mas fiquei surpresa com o encontrei nos detalhes e referências. Minha opinião melhorou bastante, embora eu ainda acredite que esse é o começo de temporada mais fraco que Fringe já nos apresentou.

Acabo de sair da minha maratona das duas primeiras temporadas e por isso mesmo, fiquei com a nítida impressão de que essa Premiere contém muitos elementos do Piloto de Fringe. É plausível. Estamos encarando um novo mundo, uma realidade que foi alterada em níveis com os quais nem podemos sonhar. Peter Bishop foi apagado da linha temporal e ganhou um “substituto”. Por isso, o episódio deu muito foco ao Agente Lee, que já conhecemos do lado B (e de aparição no lado A no episódio 3x17- Stowaway), praticamente fechando a brecha que existia entre as equipes da Fringe Division. Vale notar que, antes de Peter ser apagado, Lee conhecia Olivia, Walter e Cia.

A relação com o Piloto é mais do que impressão. Ela existe de verdade e não apenas nos comentários de Olivia sobre John Scott. A construção da narrativa é muito semelhante e os casos tratados são parecidos (Olivia e Lee perderam seus parceiros), embora John não tenha sido atacado por nenhum shapeshifter e sua pele translucida tenha sido causada pela explosão de um laboratório cheio de produtos químicos. Ao que tudo indica, estamos diante de uma nova criatura que rouba metais contidos no sangue das pessoas. Pode ser criação de Walternativo, pode ser que estejamos diante de um inimigo ainda desconhecido.

A dinâmica no laboratório também mudou. Astrid agora faz muito mais trabalho de campo, acompanhando Olivia nas cenas de crime. Antes Peter tinha essa função. Walter, ao que tudo indica, não sai de dentro do laboratório, inclusive, mora ali mesmo. Astrid precisa transmitir as coisas para ele via câmera, o que deixou aquele exame anal no defunto tão interessante. Aliás, só mesmo Walter pediria para ver o ânus de alguém enquanto come um saco de pipocas. Porém, o principal é perceber que, não importa o quanto o universo seja bagunçado, Gene sempre vai existir e nos alegrar com sua presença.

No final das contas, a grande pergunta da temporada é o que dá o tom das coisas. Onde está Peter Bishop? Ainda não sabemos, já ganhamos pistas sobre o paradeiro dele. Para começar Peter fez duas aparições (na verdade três, mas só pudemos ver duas). Acontece que o plano dos Observadores em apagá-lo (o que significa que ele nunca nasceu, em nenhum dos universos) é falho.



Por algum motivo, usaram aquela canetinha branca que promete pagar as demais, mas deixa um borrão no papel. Com Peter é assim. Ele foi apagado, mas indícios de sua existência “escapam” a todo o momento. É como se ele fosse uma assombração, um fantasma desconhecido. Reparem que Walter o vê por duas vezes e não o reconhece. Olívia, por sua vez, sente que falta alguma coisa em sua vida desde que se entende por gente, mas ela não sabe dizer o que é. Esse “buraco” existencial foi uma de suas motivações para integrar a Fringe Division, o local onde ela sabe que vai encontrar respostas, mesmo que elas gerem ainda mais perguntas.


Fiquei bastante intrigada com a decisão de September em não usar seu aparelho “apagador”. Ele sempre foi o mais humano dentre os Observadores e está arriscando bastante ao deixar as coisas acontecerem sem sua interferência dessa vez. Tudo isso pode significar que ele já sabe o que trará o futuro e que seus planos incluem deixar que Peter Bishop volte de alguma forma.

Já começo a conjecturar que a solução para salvar os dois mundos não está apenas em Peter, mas também, em Peter, o outro, que morreu (ou melhor, não morreu ou teria morrido se existisse #nónacabeça) na infância. É por isso que começo apostando na possibilidade de termos não apenas um, mas dois Peters, muito em breve. Como isso será possível, eu ainda não sei, mas em Fringe tudo pode acontecer.

Voltando ao assunto da minha frustração, acho que está no fato de que eu queria ver mais dessa força-tarefa entre os universos. A tensão entre Olivia e Bolivia dá bem o tom da situação, mas para mim, o que faltou foi ver o que eles estão fazendo para salvar os mundos, na prática. Tentarei manter minha (im) paciência mais um pouco.

É claro que não vou encerrar esse texto sem indicar aqui as referências e fatos interessantes que me fizeram ter mais apreço pela Premiere. Começando pela abertura laranja, que deve ser relacionada à união dos universos ou ainda, aos episódios sem Peter Bishop. Minha escolha de cor não foi achismo. Os produtores é que confirmaram o uso de laranja. Há novas palavras por ali. São elas: Existência, Entrelaçamento Quântico, Psicometria, Terapia Viral, Pedra Filosofal, Grávitons, Psicogênese, Paradoxo Temporal, Bilocação, Cirurgia Psíquica e Transgênicos.

Outra coisa interessante é uma referência, da referência, da referência. Fringe está abusando do quanto cita a si mesma e relaciona as coisas em seu roteiro entre as temporadas. A frase de Lee para Olivia na segunda cena de crime “One of these things is not like the other” já apareceu diversas vezes e foi retirada de Vila Sésamo.

A primeira vez em que a oração foi citada nos leva até o episódio 2x02 (Momentum Deffered), dita por Rebecca Kibner, uma das “cobaias” vivas de Walter, numa explicação de como sabia diferenciar humanos de shapeshifters. Além do mais, essa é uma das primeiras pistas de que Peter não pertencia ao lado A, já que ele desconhecia completamente a canção infantil: “One of these things is not like the other. One of these things doesn’t belong.”. Em Stowaway, o Agente Lee diz a mesmíssima frase para Peter e Olivia durante uma investigação em que estão trabalhando juntos. Somente ela entende o significado.

Com o Piloto, pode haver ainda mais uma relação. Nele, Nina Sharp utiliza um equipamento de identificação similar ao que Lee e Olivia em sua entrada para o ponto comum entre os dois universos. Tanto no primeiro episódio como aqui, a folha dos Glyph Codes aparece ao final do processo, na tela.



O Glyph Code que abre a temporada é APPEAR, que significa tornar-se visível, aparecer. Obviamente relacionado ao flash de Peter, assim como o título do episódio, que numa tradução tosca diz “nem lá, nem cá”. Só pode ser direcionado ao próprio Peter, cujo paradeiro é uma incógnita.

Há ainda imensa discussão sobre a importância da palavra “TOAST” no episódio, repetida seis vezes por Lee. Tem gente pirando nos fóruns porque Olivia falou sobre o homem que a mataria mordendo uma torrada. Para mim, é viagem demais e esse pessoal está fumando Brown Betty, mas fica registrado aqui a titulo de curiosidade. Vai que um dia ainda descobrimos que, assim como Lost era uma série sobre pessoas, Fringe sempre foi uma série sobre pão tostado.


P.S - Sei que é muita loucura e muita obsessão, mas mesmo assim vou compartilhar um easter egg de Fringe flagrado fora de Fringe. Há referências a Charlie Frances, Philip Broyles e Peter Bishop (que ainda existe em algum lugar!) em uma das cenas do Piloto de Person Of Interest, como vocês podem ver aí na foto.

Não é estranho. J.J.Abrams está na equipe de produtores da série e gosta de plantar essas brincadeiras. Se vale a pena ver o Piloto de Person Of Interest só por isso? Fiquem com a imagem (precisa forçar a visão e dar uma ampliada para enxergar), que já está de bom tamanho.



Comentários
17 Comentários

17 comentários:

luisdpaula disse...

É,você não estava de brincadeira quando falou que tinha dado  quase 3 páginas,emfim li tudo e fiquei feliz em compartilhar pontos de vista parecidos.

Eu acho que quiseram introduzir o Agente Lee como substituto "temporário" de Peter nas investigações da Fringe Division(Odeio quem fala Ciencia de Borda...) p/ Olivia não ficar sozinha.

PS:Melhor animal em série: Gene!!!(Não o boneco)

Fernando Miaise disse...

Sério, acho q um deus-torrada comanda esse universo(s) e os humanos na verdade são escravos das torradas, sem perceeberem uhauhahahuuhauha, mt piração a torrada.
Nossa adorei esse negocio dos email em Person of interest, nao tinha reparado qd vi a série!!!
tb esperava mais da premiere, nao achei ruim, mais depois da season finale tava esperando um pouco mais.

Wellington Laurindo disse...

Camis, você realmente caça as referências. É sempre muita coisa oculta.

Bruno Marinho Santos disse...

Primeiro...é muito emocionante poder estar acompanhando Fringe, pq na ultima temporada eu estava fazendo maratona. Segundo...é realmente fascinente ler suas reviews de #Fringe....de certa forma elas transmitem algo diferente, simula basicamente um diálogo com vc! #Viajei
Mas...voltando...
Eu achei essa season premiere digna de Fringe, fiquei muito feliz quando terminei de assistir. Fiquei me perguntando tbm, como de fato, a Bolivia está ajudando em todo processo? Ficou aquela briguinha de "Eu n confio em vc, nem vc em mim", "vc n sabe da minha vida, quem sabe sou eu"...enfim....achei até legal...só queria que tivesse sido mais profundo.
Adorei a entrada do Agente Lee....fiquei naquela..será se ele vai se apaixonar pela Olivia, como no lado B?
Talvez ela venha buscar o preenchimento do "buraco" que o Peter deixou da vida dela com o Lee?
MInha cabeça meio que #DeuUmNó tbm nesse epi!
As cenar foram mto bem executadas, diálogos bem desenvolvidos...enfim #Fringe is back. Mal posso esperar pelo próximo!
Abração e até mais!

Guilhermec disse...

O episódio foi excelente. O problema foi que saímos de uma 3ª temporada PERFEITA, e esperávamos que todos os episódios fossem da mesma qualidade :D

Juliany Uchôa disse...

Todos aguarda review de Fringe feita pela Camis..\o/

A premiere foi morninha sim, mas concordo com o fato de que por ser o início de um novo mundo para ambos os lados, uma intersecção, onde Peter Bishop nunca existiu e onde os observadores tentam limpar os resquícios de sua existência, com exceção de September, que acho que se apegou a Walter e Peter ou desistiu de utilizar o apagador por outras razões (mas, não imagino outra coisa).

Gostei muito da introdução do Agente Lee na trama central e acho que ele será fundamental para descobrir onde está Peter. 

Impagáveis as cenas de Walter, querendo que Astrid fizesse uma análise da região anal da vítima e ao mesmo tempo se deliciando com a crocância de sua pipoca. Af, e fora o fato da Astrid agora fazer trabalho de campo, o Broylles tá mais atuante também, como se desempenhasse o mesmo papel de Olívia. Impressão minha ou Walter tá com síndrome do pânico, sem querer sair e se assustando demais?? Efeito Peter somente?

Agora, eles são literalmente escaneados para o Lado B, por meio daquele projeto de multifuncional. O Lee passado com o zepelin.

Como é perfeito assistir fringe e ficar noiando com as referências das suas reviews e os respectivos comentários.. isso torna a série muito mais CROCANTE.

Até o próximo, Camis!!!

joao carlos (@jcarlos_ba) disse...

GEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENTE! vi persons e acredita que eu bem que tinha uma ponta de esperança com alguma referência a fringe? por causa do j.j. etc e tbm por causa de ff com lost naquela época. ai a camis vê o que ninguém vê!

demais sua review!

robsoncardin disse...

Tudo que você falou foi o legal do episódio Camis, mas o problema foi que até a metade dele, pareceu mais um episódio centrado no caso da semana, sendo que o que nós queríamos era descobrir coisas relacionadas a trama central, queríamos respostas... Não que o caso não esteja ligado, quase sempre esta, mas foi muito centrado nele, daí vem nossa decepção com a premiere.
Pra mim foi um episódio mediano, mas como foi a premiere acabei não gostando tanto.

Ananda disse...

Eu gostei dessa premier o único defeito, eu acho, é que ao acabar o episódio eu pensei: Não é possível, cade o resto?. Mais alguém ficou com a estranha sensação que esse deveria ter sido um episódio duplo??
 

João Paulo C F Longo disse...

Que coisinha monótona. É frustrante ver o melhor personagem rodando em círculos enquanto outro "estreante", que basicamente não convence, tem um enorme destaque. Fico me perguntando o que impede Fringe de se soltar dessa formulazinha de sempre. Me arrepio só de imaginar voltar ao esquema "caso do dia"...

Gustavo Vaz disse...

estou morrendo de rir com essa sua frase: Vai que um dia ainda descobrimos que, assim como Lost era uma série sobre pessoas, Fringe sempre foi uma série sobre pão tostado.

Adoro seu reviews, concordamos em quase 90% das coisas. rs

Elton Pedroso Correa disse...

Só lendo o seu review, que eu fui pensar numa coisa, cadê a Nina? Só agora que eu fui sentir falta dela. Será que a Massive Dynamic ainda existe nesse novo universo?

Mit Ed disse...

Faltou comentar a possibilidade de um terceiro universo......

Pedrojofily disse...

Eu já vi os 2 primeiros episódios de Fringe e adorei, vc acha que vale a pena assistir todas as temporadas???
E vc parou de ver GG ou vai ver o 5x01?

Ross disse...

Voce é foda nos reviews, gordinha! 

Alexandre Leal disse...

Parabens, Camis!

Suas reviews de Fringe são as melhores, by far! ; )

Luiz André disse...

A expectativa pode matar qualquer surpresa. Confesso que este episódio, como poderia ser uma season premiere, deixou várias perguntas e possibilidades para que Fringe siga sua trama por caminhos não trilhados. Já viu em alguma série a equipe de roteiristas elaborar uma trama em que um dos personagens principais desaparece - sem ter morrido, sem haver troca de atores nem outra bobagem televisiva? Esta season premiere remeteu à origem da série e ao mesmo tempo trouxe um ar sombrio pela falta de Peter Bishop. A decisão do Observador em não apagar os resíduos de Peter traz possibilidades enormes para a série e talvez um sacrifício à vista, pois acho que esta escolha do Observador não ficará sem consequências. No mais, não é instigante ter uma série de ficção científica quanto esta no ar? Em relação às estreias desta temporada, é melhor ficarmos com as séries veteranas, não é?