domingo, 28 de agosto de 2011

The Good Wife: Seasons 1 and 2


Inteligente e indispensável. (In my opinion.)

Relutei por dois anos inteiros em assistir The Good Wife. Não importava quantos elogios a série recebesse, indicações a prêmios e recomendações de amigos de gosto confiável. A proposta da série da CBS, estrelada por Julianna Margulies, nunca me interessou, até porque, não é segredo que eu não gosto de séries de tribunal. No entanto, direi uma coisa para você que está aí e também tem esse pensamento: Com The Good Wife eu quebrei a cara!

Isso não é coisa ruim, pelo contrário. TGW é uma produção tão boa e tão completa em todos os aspectos, que os preconceitos são esmagados pelo caminho. Os meus foram completamente destruídos. Arrependo-me profundamente de não ter começado a assistir muito antes. Pelo lado positivo, minha maratona das duas primeiras temporadas poupou minha espera por mais episódios, sensação terrível de expectativa com a qual passo a conviver agora.

The Good Wife é tudo aquilo que falam e ainda mais. Não acho que alguém faça justiça na quantidade de elogios. É impossível. O roteiro é sagaz e, apesar do drama, não deixa o humor de lado jamais. Os casos semanais no tribunal sempre são interessantes, levantando debates de relevância (Para se ter ideia, os caras tiveram coragem de zombar abertamente do presidente da Venezuela e colocar o dedo na ditadura chinesa).

O elenco é excelente e muito bem conectado. The Good Wife não fez, até hoje, nenhum episódio ruim. Zero. Nenhum mesmo. Uma produção de TV aberta que honra cada minuto do telespectador semanalmente é coisa rara.

Ao longo de duas temporadas você só vai se deparar com coisas boas e tramas sempre crescentes, apesar de que, pelo menos para mim, a 1ª temporada engrena mesmo depois do décimo episódio. Não é que os anteriores tenham qualidade inferior, porém, é necessário esse tempo para apresentação dos personagens e desenvolvimento do arco central, que a partir daí, se transforma numa avalanche de fatos, emoções e surpresas.

Alicia Florrick (interpretada pela menina Julianna) é realmente um show como protagonista. A atriz soube captar com perfeição a situação real de esposas de homens públicos envolvidos em grandes escândalos. Ela mantém aquele olhar triste e cheio de retidão que pode deixar em nós certa sensação de piedade quando, na verdade, Alicia é uma mulher forte, capaz e inteligente.

Ela é aquele caso clássico de mulher que colocou de lado o próprio talento para cuidar da família e deixar o marido brilhar na profissão. Eventualmente, Alicia precisa encarar as consequências de tudo isso, enfrentando com serenidade o escândalo sexual e de corrupção que coloca seu marido, Peter Florrick (Chris Noth) na cadeia.

Casos assim não são exatamente ficção. Num primeiro pensamento lembramos de Hillary Clinton, mas The Good Wife se inspira ainda, parcialmente, no escândalo de prostituição envolvendo o ex-governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer.

Assim, conhecemos Alicia em seu pior momento, quando a família está em ruínas e a imprensa os massacra diariamente. É justamente aí, como uma Fênix que ressurge das cinzas (belíssimo clichê!), que ela vai reconstruir o que foi destruído e provar para os outros, mas especialmente para si mesma, que ela pode ir além do que imagina.

A primeira tempora é dedicada a essa volta por cima de Alicia Florrick, percorrendo os difíceis caminhos da recuperação emocional e mais ainda, da profissional. Apesar dos anos em que assumiu a função de dona de casa, Alicia prova, pouco a pouco, que não perdeu o traquejo como advogada e vai tentar se firmar na Stern, Lockhart and Gardner, onde enfrenta a concorrência de Cary Agos (Matt Czuchry).

A segunda temporada, que é simplesmente perfeita, tem foco mais diferenciado. Ao mesmo tempo em que continuamos seguindos os passos de Alicia, há ainda a tentativa de Peter em se reeleger para a promotoria local e os embates dentro da própria Lockhart and Gardner (sem Stern e com Bond, agora), impondo um clima tenso de disputas políticas e jogos de interesses, que deixam os episódios deliciosos e imperdíveis.

Vale lembrar, aliás, que a partir do momento em que os roteiristas introduzem esse elemento com mais força, ainda na temporada inicial, é que The Good Wife alcança seus melhores momentos. Uma coisa admirável é a humanidade de cada personagem. Não existe o bom e o mau. A série passa longe de ser maniqueísta. Existem pessoas que acertam e que falham, que agem de acordo com seus interesses ou simplesmente te chocam ao mudar qualquer expectativa sobre isso, trabalhando pelo bem comum.

Para mim, pessoalmente, essa é a maior qualidade de The Good Wife. É o que a torna tão rica e tão diferente de tudo o que está no ar entre os dramas da TV aberta (ou fechada). Outra coisa impressionante é a capacidade de dar importância a cada um dos personagens. Nem mesmo os filhos de Peter e Alicia, adolescentes, que comumente seriam negligenciados numa produção desse tipo, têm total envolvimento com o que acontece à sua volta. A sogra de Alicia, Jackie (Mary Beth Peil) entra na mesma categoria. Eles são peças que também que se movem no tabuleiro.

É claro que há personagens muito mais interessantes, embora eu goste de todos eles. Adoro Diane Lockhart (Christine Baranski)e suas longas gargalhadas de deboche. Will Gardner (Josh Charles) igualmente. Talvez ele seja um dos melhores exemplos para o que falei mais acima sobre a profundidade dos personagens e interpretações. Will é, a meu ver, uma caixinha de surpresas, assim como Kalinda Sharma (Archie Panjabi), uma mente brilhante, cheia de muitos mistérios e segredos.

Até mesmo Cary Agos, que tem um inicio mais fraco na série consegue conquistar seu espaço dentro desse universo de personagens fortes, mas ninguém impõem presença como Eli Gold (Alan Cumming), o astuto diretor de campanha de Peter, que tem cenas sempre geniais.Vale ressaltar ainda a presença pontual de Michael J. Fox, participação mais do que especial , como Louis Canning. Quando ele aparece voce já sabe que estará diante de um episódio fantástico.

Comentários
8 Comentários

8 comentários:

João Paulo disse...

Excelente Camis, faço sua minha palavras tb concordo com cada linha.

Fernando Miaise disse...

Nossa The Good Wife me cativou logo na primeira temporada, começei a ver e não larguei mais. Acho o que torna a série tão foda é como Alicia é intrepretada, ela não fica lokadocu e sai gritando e quebrandoo tudo, ela tem ar poderoso, os gestos, os olhares e atitudes q ela toma fazem ela mt foda. Sem falar do Eli Gold, nossa adoro ele principalmente interagindo com a Alicia...sempre demas

Marco Antônio Freitas disse...

As vezes eu penso, vou ver The Good Wife, mas ai lembro que é da CBS e uma séries de tribunal. Ai eu desanimo....E depois de lê seu texto fiquei mais desanimado ainda, me pareceu muito clichê para o meu gosto, quer dizer a mulher que de dona de casa voltou a ser uma advogada fodona não me convence. Pode ser que um dia eu veja a serie (foi assim com Braking Bad) e supere esses preconceitos bobos que todos nos temos, mas por enquanto vou ver o que me parece mais interessante na TV.

Wellington Laurindo disse...

Impossivel não gostar de The Good Wife. Confesso que demorei a engrenar na série quando estava na primeira temporada, mas não por ser ruim e na verdade eu não sei o por que.
Mas a partir do momento em que me rendi e resolvi prestar atenção na série de verdade foi só alegria.
Personagens completos e um roteiro fascinante. Acho dificil outra série jurídica superá-la, bom, vou começar Boston Legal, na verdade já vi o piloto que é muito bom mas nada supermegafoda como The Good Wife é (In my opinion).
Ansioso pela 3ª temporada que vai trazer uma Alicia mais que possuída, já podemos conferir isso nos posteres da série.

Diego Silveira disse...

Não sei como não consigo começar minha maratona, fico com preguiça de começar, e quando começo fico louco pra saber o que vem nos próximos episódio, ansiedade corroí... Alguém tem uma dica pra isso....
Texto perfeito... Parabéns..=D

Dantas disse...

Nessa época em que grande parte dos seriados está em pausa eu também resolvi fazer maratonas de algumas séries. Uma delas foi The Good Wife, depois de várias recomendações. E, sem duvidas, essa é uma série espetacular.

Julianna Margulies é ótima, excelente atuação, desempenha o papel de Alicia de uma forma incrível. Claro que todos do elenco também são muito bons, mas não existem palavras suficientes para descrever a "menina Julianna". Depois de assitir TGW, agora eu sei o amor todo que o pessoal do Emmy tem pela boa esposa. (por mais que o emmy não esteja lá essa coisas, mas pelo menos eles conseguem acertar em alguns quesitos. 

Talvez um dos pontos mais positivos de The Good Wife tenha sido a introdução do personagem Eli Gold, interpretado muito bem pelo Alan Cumming. Se tornou um personagem indispensável para a história, mas ainda não o exploraram muito bem. Por mais que a segunda temporada tenha tido alguns episódios mais centrados nele - como aqueles momentos com a personagem da America Ferrera - ainda quero ver um pouco mais da história do personagem.

O único ponto negativo que eu consigo encontrar em The Good Wife são os filhos da Alicia. Sério, na minha opinião, eles são completamente dispensáveis em TGW. Mas,  também tenho que admitir que eles são (em poucas vezes) responsáveis por "segurar" alguns pontos do enredo.

Adoro a Christine Baranski e sempre começo a rir com as risadas da Diane. Archie Panjabi também é ótima e ainda torço para que um dia o relacionamento de Kalinda e Alicia volte a ser como era antes, por mais que, pelo que eu estou vendo, é meio impossível que elas voltem ao "normal" agora. 

Em diversos momentos Cary foi o personagem que eu, digamos, "menos gostei" em The Good Wife, mas depois de um tempo a minha opinião sobre ele mudou. Sinto que o personagem cresceu de uma forma boa e quero que aconteça alguma coisa para que ele volte para a Lockhart & Gardner, porquê ele fazia uma excelente dupla com a Alicia.

É melhor eu parar o meu "comentário" por aqui, ele já está ficando enorme rsrs. 

Parabéns pelo excelente texto Camis.

Janaina disse...

Nossa Camis concordo com você... em TGW tudo e tão bem amarrado que até os pequenos detalhes como um olhar, um gesto são importantíssimos para o desenvolvimento da narrativa.

Por mais que o Emmy não esteja lá essas coisas ainda é o prêmio máximo da TV americana e espero que esse ano ele faça jus a menina Julianna.

Larissa disse...

hahaha, eu ri com "in my opinion" ;D