Um Misfits que tenta se levar a sério. Só consigo usar essas exatas palavras para descrever Alphas, nova aposta do canal SyFy. Se isso é bom ou ruim, só o tempo dirá.
Meio ressabiada com os últimos lançamentos em ficção científica, resolvi assistir ao Piloto de Alphas e, talvez por pura precaução, eu não consiga dizer se gostei da série ou não. Isso acontece algumas raras vezes e, em casos assim, eu vejo mais episódios para chegar a um parecer final.
Mesmo não tendo premissa original, há espaço para que a série se firme nessa Summer Season e os bons números de audiência na Season Premiere reforçam essa ideia. Para ajudar a criar uma ideia melhor em quem ainda não assistiu à estréia eu citaria ainda The 4400 como exemplo de “série parecida”. Vi também muitas pessoas usando “The H Word”: Heroes. Essa comparação me causa calafrios, mesmo que eu nunca tenha torturado a mim mesma sequer com um episódio dessa maravilha de Tim Kring.
As possibilidades de arco central inspirado em outras produções são inúmeras, mas ficarei por aqui. Para mim, particularmente, interessa mais a execução do que a originalidade. Se Alphas fizer episódios interessantes eu verei feliz da vida, porque o que importa é a diversão.
Criada por Zak Penn (The Avengers, X-Men: The Last Stand) e Michael Karnow, a série conta a história de cinco pessoas aparentemente comuns, mas que, na verdade, tem poderes extraordinários. Os Alphas, como são chamados, possuem poderes únicos que lhes conferem habilidades físicas e mentais.
No comando da equipe dos Alphas está o Dr. Lee Rosen (David Strathairn), um neurologista e psiquiatra especializado em lidar com esses “super poderes”. O time que ele montou, atua em conjunto com Departamento de Defesa utilizando as habilidades alpha para resolver crimes, captando detalhes que a mente humana normal jamais seria capaz de notar.
Ao mesmo tempo em que caçam criminosos, os Alphas começam a descobrir que também estão sendo caçados por algum tipo de organização megaevil que não quer ver esses poderes utilizados dessa forma.
É aí que conhecemos Cameron Hicks (Warren Christie), que não faz parte da equipe do Professor Xavier, digo, do Dr. Rosen, mas que obviamente é um dos muitos Alphas perdidos por aí e ainda não identificados. Depois de receber uma ligação telefônica, ele começa a ouvir uma clara de voz de comando por todos os lados. Até mesmo a inocente velhinha que pergunta por potes de sorvete no mercado em que ele trabalha como repositor diz que é tempo de matar e está na hora de puxar o gatilho.
Logo descobrimos que Cameron está sendo usado pela tal organização megaevil para matar outro Alpha (aquele cara da prisão ouvia mensagens em letras de música ou coisa assim) e que ele é apenas uma das peças numa mega conspiração mais megaevil do que jamais vimos entre os megaevils.
É justamente esse crime que a equipe Alpha está investigando, afinal, só mesmo alguém muito habilidoso seria capaz de dar um tiro no meio da testa de um prisioneiro que estava numa sala de interrogatórios sem janelas e sem visão para a rua.
Nesse momento, tem inicio a parte tosquinha da série, com a apresentação dos demais personagens e seus respectivos poderes.
Como já deu para notar Cameron possui a incrível capacidade da precisão. O cara era craque no baseball, deu o tiro que matou o prisioneiro passando pela fresta de um tubo de ventilação (oi?) e ainda consegue pegar refrigerante de máquinas jogando as moedas à distância. Melhor poder ever, ou o quê?
No entanto, há quem prefira ser como Bill Harken (Malik Yoba), que além de ser ex-agente do FBI tem o poder de provocar suadouro em si mesmo e de se transformar numa espécie de Hulk, sem inconveniente de ficar todo colorido de verde.
Nina Theroux (Laura Mennel) é a mulher que domina os demais pela sedução de sua voz, ordenando que policiais comam multas e nos proporcionando ótimas cenas de mijo induzido. Já Rachel Pizard (Azita Ghanizada) é uma espécie de sensitiva, capaz de ver objetos envoltos em uma fumacinha estranha, e na verdade, a capacidade dela em encontrar qualquer rastro deixado pelas pessoas faz dela a grande investigadora da equipe.
Para completar, temos Gary Bell (Ryan Cartwright), que eu apelidei carinhosamente de ‘ Ipad humano’. Gary tem a capacidade de captar transmissões de ondas de rádio, TV e telefonia (menos Nokia porque tem plataforma diferente), o que faz dele uma espécie de GPS, noticiário ou manual de novelas para as horas vagas. Além de tudo ele é esquisito, usa munhequeiras e é mandado pela mãe.
Sentiram o drama? Foi pela descrição dos personagens e das cenas envolvendo os poderes respectivos que lembrei de Misfits, que fazendo troça do mesmo tema, se transformou numa das melhores séries da atualidade. O lance com Alphas é que ela não pretende fazer piada de nada disso, mas é impossível não rir de muitos desses momentos. É por isso que não consigo me decidir sobre o nível de qualidade dessa Season Premiere, mas pelo bem dos fãs de sci-fi, como sempre, espero muito que a série engrene e que Alphas obtenha algum sucesso.
P.S – O pessoal do SyFy Channel montou um site fictício para recrutar Alphas. Vale dar uma olhadinha: http://www.alphapowers.com/