sábado, 4 de junho de 2011

Ally McBeal: Complete Series


Uma das melhores maratonas que já fiz na vida.

Comecei a ver Ally McBeal, série da Fox, produzida por David E.Kelly meio sem querer. Olhei o Piloto, fiquei curiosa, vi o episódio seguinte e, sem me dar conta, estava alucinada, devorando temporada após temporada.

São cinco no total e levei apenas três semanas para ver todas porque a série é viciante. Quando você menos espera já está tão ligado às tramas e aos personagens loucos dessa “dramédia” Legal que é impossível parar de ver um episódio em seguida do outro. Comigo foi assim e eu não sou muito fã de séries de tribunal, aliás, são raras as vezes que uma produção desse tipo consegue arrancar elogios de mim. Ally McBeal merece todos os que farei ao longo desse texto, por ser completamente despretensiosa, simples, ridiculamente engraçada, emocionante na medida e acima de tudo, por não se levar a sério.

É uma dessas séries que você assite brincando. Entretenimento de qualidade, elenco excelente, disposto a todas as maluquices propostas pelo roteiro e afiadíssimo nas interpretações. Sim, estou rasgando seda para Ally Mcbeal, mas quem já assistiu sabe do que estou falando.

Todos os episódios (com exceção da 5ª temporada) são exatamente assim. Aliás, vale dizer aqui que a série é quase (quase) perfeita. É impressionante notar que em quatro temporadas não existe um único episódio ruim ou mediano. Nenhum mesmo. Os que se propõem ao humor, fazem rir alucinadamente. Os que se dispõem a emocionar te fazem derramar litros de lágrimas. Os casos juridicos são sempre muito interessantes, curiosos ou bizarros. Não há defeitos a apontar.

Porém, ao final da 4ª temporada há uma virada estranhíssima. Os dois episódios finais são depressivos além da conta e depois disso, a coisa desanda, a série perde o rumo e retorna para a temporada final completamente vacilante, apostando em plots duvidosos que só poderiam culminar com o cancelamento. Minha sensação era a de que eu não estav assistindo à mesma série de antes e que alguma coisa muito, muito errada havia acontecido. E aconteceu de verdade, com a saída brusca de Robert Downey Jr, que interpretou o advogado Larry Paul, um dos grandes amores de Ally e um dos personagens mais legais da série. O ator tinha acabado de se livrar do vício das drogas e estava voltando a trabalhar. Seu sucesso em Ally McBeal foi grande e isto fez com que fosse convidado a permanecer como parte do elenco fixo, tenho ganhado até um Globo de Ouro e um SAG Award pelo trabalho. Após uma recaída, ele foi afastado do elenco e preso, permanecendo em um ano de reabilitação.

No entanto, todos os erros e equívocos da temporada final não apagam o brilho das demais. Quem decidir assistir agora pode simplesmente ignorar os últimos 22 episódios e antecipar por conta própria a Series Finale, mas eu duvido que alguém seja capaz. Mesmo deixando a desejar, não fui capaz de abandonar os personagens que sempre me divertiram tanto sem saber como tudo acabaria.

Calista Flockhart interpreta Ally McBeal, a advogada sonhadora, sempre à procura do príncipe encantado e que adora complicar sua própria vida. Muita gente simplesmente tem birra com a atriz ou com o perfil da personagem e confesso, no começo eu sentia um pouco de raiva das atitudes bobas de Ally em relação à quase tudo. Com o tempo isso muda. Ally é louca de pedra. Romântica sim e às vezes irritante por suas pequenas implicâncias, mas é impossível não gostar dele pelo menos um pouquinho, afinal, ela tem alucinações com bebês dançantes, vê o rosto derreter no espelho a cada aniversário, ouve música quando ninguém mais pode e tem visões de cantores da Disco Music.

O mais bacana é que Ally não é a única pessoa que poderia (e deveria) estar numa camisa de força. Meu personagem favorito é John Cage, vivido por Peter McNichol. Chefe de Ally e seu melhor amigo, ele é uma critura bizarra, louco por sapos, com um nariz que assobia e com sex appeal ativado por canções de Barry White, geralemnte coreografadas no banheiro unissex da firma de advocacia.

Inclusive, é importantíssimo dizer que Ally Mcbeal é uma série de banheiro. A maioria das cenas rola justamente junto às privadas e pias, onde todos se encontram para dançar, debater temas existências, brigar, trair e tudo o mais. Outro cenário ótimo é o bar que fica embaixo do escritório, onde todos os dias o pessoal se reúne para beber e para mais cenas de pura vergonha alheia, deixando claro que aqui, a vergonha alheia é uma coisa muito boa.

Claro que no elenco ainda temos mais personagens muito interessantes, a começar por Elaine (Jane Krakowski) a assistente de Ally, que adora cantar, aparecer, seduzir e se destacar na multidão, além de ser inventora do revolucionário sutiã de rosto. Richard Fish (Greg Germann), outro dos chefes de Ally é do tipo que só pensa em dinheiro e tem tara por papadas. Richard também é o rei das pérolas filosofais, sempre ilustrando as situações com seus famosos “Fishismos”. Renee (Lisa Nichole Carson) é a melhor amiga e roommate de Ally, sempre pronta a botar o dedo na ferida e tantar roubar o microfone de Elaine.

Temos ainda Billy (Gil Bellows) o amor de infância de Ally, casado com Géorgia (Courtney Thorne-Smith), trazendo aquele famoso triângulo amoroso que não pode falatar numa série como essa. A partir da segunda temporada, ganhamos ainda a compania de Ling (Lucy Liu) e Nelle (Portia de Rossi), duas advogadas com personalidades fortes e que rendem ótimos momentos, corrijo, alguns dos melhores momentos, porque Ling é dona de uma sensualidade deturpada e Nelle está sempre pronta para comentários ácidos e golpes de Estado.

A música é um elemento forte e presente em cada cena da série e faz diferença no resultado final. Ally McBeal é quase um musical em cada episódio e por isso mesmo, fizeram questão de brincar com isso num especial da 3ª temporada que leva o título de “The Musical, Almost”, colocando todos para soltar a voz, até quem não leva muito talento para a coisa, como a própria Calista Flockhart, desafinada até o limite. Vonda Shepard, que canta a música tema e é responsável pela trilha sonora é personagem fixa e aparece sempre contando e embalando os momentos mais hilários e dramáticos. Além dela outros nomes da música costumam dar as caras na produção, tais como Barry White, Sting, Elton John, Al Green, Mariah Carey, Whitney Houston, Anastacia, Bon Jovi (atuando em alguns episódios), Tina Turner, Barry Manilow, entre outros.
Comentários
4 Comentários

4 comentários:

Michele disse...

Ótima Review!!!
Eu adoro Ally McBeal!!! E voce resumiu o sentimento de quem assiste a série!
A única diferença é que eu vejo ate a quarta temporada (exceto os dois episodios finais) e não vejo mais a quinta temporada!!!! Eu gosto de pensar que o Larry ainda esta em Boston!!!!!!

R. disse...

me interessei pela série e vou aproveitar que acabaram quase todas que eu assisto pra ver. mas onde que eu acho para baixar? G.G

Janaina disse...

Ally McBeal de fato é uma ótima serie, pra mim, a 3ª temp é a melhor de todas, em compensação a 5ª é um horror (a Julianne Nicholson pode ser considerada uma das maiores 'enterra-series' da história da TV).

PS: Eu nunca esqueci a piada da 'pulga no bigode' que a Ally conta na primeira temporada e de vez em quando eu conto essa piada para alguém.

PS-2: Você já viu a sátira que a MadTV fez da série?

nanydng disse...

Eu assisti Ally e quando vi o Series Finale quase chorei... de raiva. Meu Deus , que 5ª temporada horrível.
Mais agora que li seu texto entendi o motivo do Robert ter saído. Foi uma grande perda pra série, e é uma pena que os roteiristas não souberam fazer uma história útil sem o personagem dele.
Meu personagem preferido é o John Cage também. Mais como a 5ª temporada não podia deixar de estragar tudo, ele participou menos dela e ainda terminou sozinho (assim como a Ally!).

Ah, Ally McBeal...