De cair o
queixo.
Faltam apenas
mais seis episódios para o final derradeiro de Fringe e, até aqui, a temporada
segue sólida, costurando suas intenções no que parece ser uma teia perfeita de
eventos. Ainda é cedo para dizer, mas a confiança de um desfecho que seja
satisfatório (no mínimo) começa a aumentar e parecer certeira e não apenas pela
história desenvolvida, mas também pela evidente dedicação do elenco em dar um
show de interpretação.
Não vejo outra
forma de começar a falar desse ótimo episódio que não seja pelo que mais chama
a atenção nele: Joshua Jackson e John Noble. Chega a ser indecente a forma como
esse dois atores dominam seus papéis e como criam nuances de interpretação.
Acho que o caso de Peter impressiona mais por ser um pouco mais evidente. A
transformação dele ao longo desse episódio chega a me arrepiar.
Os olhares doces
e compreensivos (ainda que imbuídos de certa falsidade para acalmar Olivia) a
expressão facial relaxada foi dando lugar à frieza e aos movimentos robóticos
dos Observadores. Já no final do episódio eu não reconhecia o bom e velho
Peter. Eu via um dos carecas. Ou quase careca, porque até o cabelo de Peter
começa a cair para completar essa metamorfose. Aquela viradinha de cabeça que
encerra o episódio me fez tremer. Era um misto de medo (pelo que vai acontecer
com o personagem) e satisfação (pelo trabalho incrível na construção dessa
trama).
Com Walter a
coisa é mais sutil, mas não menos fantástica. Tinha gente questionando (e com
razão) o reimplante de cérebro dele, mas Nina voltou para explicar em poucas
palavras que os pedacinhos de cérebro de Walter foram devolvidos ao lugar de
origem por Etta e Simon. Sempre falamos das diferenças incríveis entre Walter e
Walternativo e louvamos John Noble por dar vida a dois homens que, sendo
iguais, eram completamente diferentes. Agora isso acontece com o próprio Walter.
Ele varia de sua personalidade dócil para a de cientista egocêntrico em
segundos e o efeito disso nas cenas é notável. Dá vontade de aplaudir, porque
numa série com foco na ficção científica a história bem construída é a base de
tudo, mas atores talentosos elevam a experiência do público à máxima potência.
A interpretação
tem sido um grande diferencial para Fringe, em especial nessa temporada final.
Mesmo Anna Torv, que está com sua Olívia mais de escanteio e como espectadora
das ações de Peter e Walter, consegue demonstrar certas emoções com muito pouco
esforço. Os planos fechados e o foco no rosto dos personagens se tornaram
grandes mensageiros. Nesse episódio, Olivia conseguiu passar toda sua
inquietação, preocupação e desconfiança.
Ela sabe que
está perdendo tudo e até aqui, foi quase incapaz de agir e lutar pela própria
família. Certamente isso vai mudar a partir da semana que vem, inclusive porque
Peter está perdendo o controle. A ironia está no fato de ele pensar que seria
dez vezes melhor que um Observador justamente por ser movido por emoções e por
amor em sua missão. Ledo engano. Aquele pequeno chip está tirando a humanidade
de Peter. Já tirou, aliás. Talvez para sempre.
Walter, afinal
de contas, vai ter de segurar a onda de sua própria transformação sozinho. Ou
talvez, a recuperação de seu cérebro e a frieza no trato de assuntos “familiares”
seja o que vai ser capaz de deter Peter. Estou com a ideia fixa de que o plano
para vingar Etta vai ter uma reviravolta e de que Peter vai se transformar em
inimigo de Walter, Olivia e Agnes (pobre Astrid!). Não sei se Olivia será capaz
de tomar uma atitude de verdade, mas confio que Walter será essa pessoa. Nem
mesmo Peter poderá brecar o plano que livrará os humanos do domínio dos
Observadores.
Prova disso é
que estamos muito perto de reunir todos os elementos necessários. Essa “caça ao
tesouro” tem se mostrado intrigante e muito bem sacada. Sei que é repetição,
mas adoro ver elementos das primeiras temporadas tendo função nessa última.
Isso demonstra domínio sobre o universo criado pela série e por isso, a
aparição dos dois beacons serve de prova de em Fringe, mitologia é essencial.
Primeiro pela
lembrança dos aparelhos que aparecem pela primeira vez no episódio 1x04 “The
Arrival”. O beacon é o elemento que permite ou propicia o primeiro contato da recém-formada
Fringe Division com September, depois da descoberta de que o objeto já havia aparecido
em outras ocasiões, sem que alguém pudesse compreender sua real utilidade. Depois,
o beacon aparece no episódio 2x20 “Brown Betty”, sendo um aparelho usado pelos
Observadores para rastrear Olivia e Peter. Outra aparição é no episódio 4x15 “A
Short Story About Love”, meio que confirmando a função de rastreamento desse
aparelho, o que nos leva a pensar que os dois beacons deverão comunicar-se
entre si com propósito ainda inimaginável.
Outra coisa que
mostra o planejamento de Fringe é que a mão de William Bell foi decepada do
âmbar justamente no episódio 4x19 “Letters Of Transit”. Quem estava curioso
para entender porque Walter tinha feito isso começou a entender melhor o
contexto. Bell continua aparecendo como uma figura controversa e em quem é difícil
confiar. Afinal, de que lado ele está? Humanos ou Observadores? Nem mesmo
aquela foto de Nina Sharp entre os itens preciosos de Belly é capaz de me
convencer de que esse homem não seja fonte de muitos dos problemas que vemos. Na
verdade isso ficou mais do que comprovado no final da 4ª temporada.
Mais uma ligação
importante com a mitologia está no método que Peter usa para seu atentado
contra os principais aliados de Windmark, que deixariam a recuperação dos
beacons muito mais fácil, já que ele cria uma tremenda distração. Dá para citar
a perfeita cadeia de eventos vista no episódio 3x03 “The Plateau”, mas o
principal ponto é citado por Peter no episódio, referenciando ao Piloto da
série, em que as pessoas derretem dentro de um avião por causa de uma toxina.
Só como curiosidade, vou citar aqui o Glyph Code do 1º episódio: OBSERVER. E
ainda tem gente com coragem de dizer que Fringe não é uma série com
planejamento e que os Observadores invadindo o planeta foi solução de última
hora.
Não dá para
esquecer a incrível referência ao álbum de David Bowie “The Man Who Sold The
World”. Analisando a letra da música dá para pensar muito em Peter e Walter e
em qual deles vai “vender o mundo”. A coisa pode nem ser tão literal, mas fica
aí a tradução da letra na íntegra para quem quiser formular teorias e ligações.
Dá para pensar no próprio William Bell e sua relação tão truncada com Walter. Para mim um deles (Belly ou Walter) é o pai
dos Observadores, o criador da tecnologia em si, já que os carecas não são
fruto de evolução genética, mas de aprimoramento tecnológico. Peter ainda é o
1º Observador, mas não o considero “criador”, porque não foi ele quem construiu
o chip.
Embora eu não
estivesse lá, ele disse que eu era seu amigo,
O que veio como uma
surpresa, eu falei direto nos olhos dele:
Eu pensei que você
tivesse morrido sozinho, há muito, muito tempo atrás...
Oh, não, eu não,
Eu nunca perdi o
controle.
Você está cara a
cara
Com O Homem Que
Vendeu O Mundo.
Eu ri e apertei sua
mão, e fiz meu caminho de volta para casa.
Eu procurei por
forma e terra, durante anos e anos eu perambulei;
Eu fitei com um
olhar fixo a todos os milhões aqui.
Nós devemos ter
morrido juntos há um longo, longo tempo atrás...
Quem sabe? Eu
não...
Nós nunca perdemos
o controle.
Você está cara a
cara
Com O Homem Que
Vendeu O Mundo...”.
Acho que vale citar que nesse mesmo
disco de Bowie encontramos uma canção chamada “All The Madmen”, que fala sobre
um homem trancado num hospício (alguém aí lembra de Walter?). Um dos versos é bem curioso: “Day after day they take some brain away…” Muito conectado com a conversa estabelecida
entre Walter e Nina Sharp.
Mais curiosidades aparecem nos
quadros em que Peter monta as timelines para seu plano. Algumas parecem apenas
anotações sobre a rotina das “vítimas”, mas há quem julgue tudo como mensagem
escondida. Fiquei de olho em muitas, mas não vi significado maior para nada, só
gostei mesmo de como Peter trata tudo como se ele não fizesse parte do grupo de
Observadores: “Nunca vi nenhum dos Observadores dormirem. Será que eles o
fazem?”. O engraçado é que Olivia diz que Peter a deixa para trás na tarefa de
conseguir combustível para o aparelho que derrete o âmbar justamente por não
ter sequer dormido. Ou seja, a consciência de Peter é muito pequena para as
mudanças mais radicais.
Outra nota é sobre os Observadores
não saberem que Peter, justamente, os observa. Não sei se isso é uma impressão
errada dele ou pura verdade. Pelo menos pelo sucesso do plano “cara derretida”
parece que ele está meio que invisível e imprevisível.
Também fica aí o curioso olhar do
que chamarei de ‘figurante número 2”. Talvez seja só a paranoia natural de
Fringe falando mais alto, mas a câmera foca demais na expressão do homem quando
Walter, Olivia e Astrid fazem aquela pequena caminhada elucidatória ao lado de
Nina Sharp.
Para terminar, o Glyph Code da
semana é TRUST. A palavra que significa confiança serve para a relação de Peter
e Olívia e também para Walter e William Bell. Ao que parece só dá para confiar
mesmo em Olivia, a partir de agora. E para quem ainda não lembra de onde saiu a
combinação do cofre, a última dica: do episódio 2x15 “Jacksonville”. A
combinação era a senha de Bell para abrir um cadeado que dava acesso a um
estoque de cortexiphan.
P.S* Sem esquecer
a referência a Marathon Man, filme de 1976, estrelado por Dustin Hoffman.
Walter confunde sua história com Bell com a do filme, que envolve roubo de
diamantes, nazistas e conspirações.
P.S* Episódio novo só em 7 de dezembro.
P.S* Episódio novo só em 7 de dezembro.
Figurante número 2: Donald?!
ResponderExcluirFico de queixo caído (vide foto) como vc consegue encontrar tantas referências dentro de apenas um episódio....
ResponderExcluirSó faltei aplaudir qdo vc cita o trexo na música do Bowie q não tocou no episódio, mas com certeza tem tudo haver com Fringe e qdo vc compara o Glyph Code do piloto da série... tem como não amar uma série q leva tão sério sua própria mitologia? Caramba... emocionante acompanhar Fringe... isso se chama respeito aos fãs... ;)
É impressionante como cada episódio de Fringe assistido se torna mais completo depois que se lê uma resenha da Camis! Praticamente dobra-se a experiência e o prazer do episódio...
ResponderExcluirEnfim, já começo a sentir saudades de Fringe...
Pensei nisso, mas Donald, se não ficou no âmbar por 20 anos assim como Walter e cia, teria 50 anos agora, pq ele é descrito como um homem moreno, de 30 anos. Mas tudo é possível.
ResponderExcluirFringe está cada dia melhor. Estou morrendo de medo pelo que possa acontecer ao Peter no final.
ResponderExcluirNo fim do eps comecei a achar que o Peter possa ser o Windmark, mas acho que é viagem demais da minha cabeça.
Eu só queria um final feliz, tds no laboratório Olivia, Peter, Walter, Astrid e Gene. Não é pedir mto, não é?
Qto ao Figurante 2 achei que ele fosse contar td e iriam matar a Nina, mas acho que ele será importante. Fringe não dá ponto sem nó.
Ótima review, já começando a ficar com saudades.
O nome de David Bowie sem ser artistico é David Robert Jones, sera que tem algo a mais ou só para confundir ?
ResponderExcluirDuvidei, mas o Wikipedia não mente nestas horas...
ResponderExcluirOo
http://www.thebiographychannel.co.uk/biographies/david-bowie.html
ResponderExcluirhttp://www.biography.com/people/david-bowie-9222045
Acredito que seja pegadinha para criar falsas teorias.
Revendo alguns episódios de Fringe eu assiti o 2x08 August
ResponderExcluirDonald é o nome do homem que mata o August que aparentemente trabalha para os Observadores e de acordo com Broiles tava envolvido em pelo menos mais dez assassinatos não solucionados.
Na primeira realidade o Peter mata o Donald, mas como eles já ressaltaram das alterações sem o envolvimento do Peter ele poderia muito bem ainda estar vivo com o seu conhecimento por ter trabalhado para os Observadores ele decidiu ajudar o Walter...
Que episódio perfeito!! E Camis, você deveria ganhar um premio para suas reviews de Fringe, são sempre fantásticas. Aquela cena final foi completamente sensacional, e aquela viradinha de cabeça que o Peter fez foi epica. Eu poderia utilizar todos os elogios possíveis e não seria o bastante para descrever o que está temporada está sendo.
ResponderExcluirAlgumas curiosidades também. Assisti ao 1X05, episodio que o menino-observador é descoberto, e percebi que:
ResponderExcluir- o horario que Peter manda Anil ligar pra ele é o mesmo no qual Olivia é acordada por sua então sobrinha Ella. 6 e 17. com a diferença entre AM E PM.
- a cor amarela descrita no mecanismo da bomba de sublimação como "tudo bem" é mostrada no 1X05 em dois momentos: na escolha da roupa da Ella (de novo ela) e na cor dos MeM's que Olivia não gosta.
Sei que isso não deve ser de maior importancia mas quis compartilhar do mesmo jeito. =)
Mais uma coisa: Camis vc tem alguma teoria do porque o olho direito do Walter durante TODA essa 5 temporada e no finalzinho da 4 aparecer uma especie de mancha brilhando ????????
Anderson teoria não tem, mas tem um fato: John Noble passou cirurgia de catarata em ambos os olhos e durante o procedimento, são colocadas lentes nos olhos que, sob intensa luz dos estúdios, acaba criando reflexos. Não é easter egg ou coisa da produção, é apenas um fato médico.
ResponderExcluirE eu já formulando teorias onde não tem.kkkkkkk Só Fringe e Lost tem esse poder de criar essa paranoia nos fãs. Obrigado pela informação Camis.
ResponderExcluirVerdade Vanessa faço das suas palavras as minhas!!!
ResponderExcluirTô sem palavras pra descrever ou traduzir o quanto tem sido Fringe nessa 5 e ultima season...
ResponderExcluirJoshua tem sambado na cara da galera que dizia que ele era fraquinho como ator.
Noble... como sempre tem dado um show! QUE MUNDO INJUSTO É ESSE QUE NÃO DEU UM PRÊMIO EMMY A ESSE HOMEM!!!
As oscilações do Walter doce e simples com o Walternativo frio e arrogante. (palmas mais uma vez para John Noble)
Anna Torv Olivia parece não acreditar no que está acontecendo, e ao mesmo tempo que desconfia do comportamento de Peter, ela parece meio que perdida, sem saber ao certo o que fazer! (Gosto das expressões dela ao analisar/pensando no que estaria acontecendo ao Peter). Quero vê como ela vai agir daqui pra frente, dado a confirmação de sua desconfiança.
Tbm adoro as referências as temporadas passadas como o primeiro caso Fringe no voo 627 aquela toxina que acaba com a carne humana e ossos tbm.. quem diria que os carecas estariam por trás dessa experiência bizarra e monstruosa.
E aqueles aparelhos que aparecem pela primeira vez no episódio 1x04 “The Arrival”. E depois em 2x20 “Brown Betty" e 4x15 “A Short Story About Love”
*Trechos dessa blogueira(Camis) que traduz com louvor o que sinto e penso* :
Não vejo outra forma de começar a falar desse ótimo episódio que não seja pelo que mais chama a atenção nele: Joshua Jackson e John Noble. Chega a ser indecente a forma como esse dois atores dominam seus papéis e como criam nuances de interpretação. Acho que o caso de Peter impressiona mais por ser um pouco mais evidente. A transformação dele ao longo desse episódio chega a me arrepiar.Os olhares doces e compreensivos (ainda que imbuídos de certa falsidade para acalmar Olivia) a expressão facial relaxada foi dando lugar à frieza e aos movimentos robóticos dos Observadores. Já no final do episódio eu não reconhecia o bom e velho Peter. Eu via um dos carecas. Ou quase careca, porque até o cabelo de Peter começa a cair para completar essa metamorfose. Aquela viradinha de cabeça que encerra o episódio me fez tremer. Era um misto de medo (pelo que vai acontecer com o personagem) e satisfação (pelo trabalho incrível na construção dessa trama).Com Walter a coisa é mais sutil, mas não menos fantástica. Tinha gente questionando (e com razão) o reimplante de cérebro dele, mas Nina voltou para explicar em poucas palavras que os pedacinhos de cérebro de Walter foram devolvidos ao lugar de origem por Etta e Simon. Sempre falamos das diferenças incríveis entre Walter e Walternativo e louvamos John Noble por dar vida a dois homens que, sendo iguais, eram completamente diferentes. Agora isso acontece com o próprio Walter. Ele varia de sua personalidade dócil para a de cientista egocêntrico em segundos e o efeito disso nas cenas é notável. Dá vontade de aplaudir, porque numa série com foco na ficção científica a história bem construída é a base de tudo, mas atores talentosos elevam a experiência do público à máxima potência.A interpretação tem sido um grande diferencial para Fringe, em especial nessa temporada final. Mesmo Anna Torv, que está com sua Olívia mais de escanteio e como espectadora das ações de Peter e Walter, consegue demonstrar certas emoções com muito pouco esforço. Os planos fechados e o foco no rosto dos personagens se tornaram grandes mensageiros. Nesse episódio, Olivia conseguiu passar toda sua inquietação, preocupação e desconfiança.
ótima review Camis!!! Assistir Fringe e depois vir aqui lê sua review é essencial \o
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