Game Of Thrones 3x05: Kissed By Fire

Um banho para lavar a alma de Jamie Lannister.

Mais uma semana exemplar para Game of Thrones, com diálogos excelentes e novos caminhos se desenhando para os personagens. Além disso, muitas cenas fortes, emocionais e, claro, muita nudez. Talvez esse tenha sido o episódio com mais corpos á mostra dessa temporada, mas se existe um recorde que GOT gosta de quebrar com frequência, é esse. Colocando as “partes” à parte, o que realmente importa e o que deve ser notado está nas interpretações e no texto. Estamos diante de mais um exemplo de episódio bem conduzido, pelos mesmos motivos que fizeram da semana anterior um destaque. Histórias e estratégias se desenrolam, sem a necessidade “física” da coisa. Os melhores momentos de GOT são aqueles em que os personagens ganham espaço para mostrar quem realmente são.

Digo isso porque, para mim, uma das sequências mais bonitas e interessantes é com Jamie e Brienne naquela banheira. Despidos de tudo (de roupas e de barreiras emocionais), a conversas entre eles é forte e marcante. Enquanto Jamie desabafa sobre o peso real de ser um Lannister, de ter se tornado o “king slayer” e de ter se submetido ao penoso julgamento moral de Ned Stark (o que lhe conferiu a aparência de vilão), Brienne reage com humanidade, apesar das poucas palavras. Obviamente não estou dizendo que Jamie é um santo e que tudo o que ele faz é para o bem gral. O cara ainda é um manipulador e um assassino, mas, mais uma vez, eu sou capaz de admirar sua ética pessoal e seu modo de agir diante de seu próprio código de honra. Em muitos momentos ele se entrega, seja na expressão facial ao ouvir uma menção à irmã (e amante) ou na força que encontra para suportar a dor de remover os pedaços pútridos de seu braço.

Enquanto isso, os irmãos de Jamie lidam com sua própria dose de realidade. Tywin é meu ídolo. O modo como ele impõe o que deve acontecer e não aceita contestação deixa Tyrion e Cersei lívidos.  Uma época cheia de matrimônio vem aí para os Lannister: Joffrey com Margaery, Tyrion com Sansa e Cersei com Loras. Para Sansa, parece ser um bom negócio, afinal, Tyrion tem se mostrado bastante humano e compreensivo. Diante da opção de Loras (que, vejam bem, não entendo como tem qualquer apelo com a mulherada) ou Mindinho, Tyrion é uma benção. Lógico que com todo preconceito em torno do anão, Sansa vai discordar, mas isso é porque ela é uma menina tola e influenciável, que só faz observar navios aos longe e acreditar em promessas e amizades vazias.

Ao falar dos casamentos, não podemos esquecer a maravilhosa Olenna Tyrell, a mulher mais direta e honesta do mundo, que continua mostrando que não dá ponto sem nó. Prova disso é que come figos à tarde para ajudar na movimentação intestinal. Tyrion, que não tem nada de bobo, resolve seguir o exemplo.

Outro assunto do episódio foi a lealdade e nessa toada, vimos Ser Jorah defender Daenerys e ter sua presença ao lado dela questionada. Robb, por sua vez, tem dificuldades em lidar com quem questiona suas claras ordens de não matar crianças inocentes (mesmo que elas fossem Lannisters). Fica bem claro que Robb age muito como Ned agiria, sem realmente pensar em estratégia e visando apenas manter sua honra. Como Ned está com a cabeça enfiada num palito, isso já é prova suficiente de que esse modo de conduzir as coisas é muito pouco eficaz. Como ele perde metade de sua tropa e a única saída para conquistar Casterly Rock é se aliando ao homem que ele traiu de antemão ao recusar o casamento arranjado por sua mãe, as coisas devem ficar interessantes.

É claro que o maior teste de lealdade veio para Jon Snow, numa das sequências mais engraçadas do episódio. Não estou zombando da cena (ok, estou um pouco), mas foi inevitável dar uma risadinha diante de diálogos tão cômicos. Lembrem que Ygritte já vai pegando na espada de Jon (literalmente), tirando a roupa toda e dizendo a seguinte frase quando as coisas começam a se “agitar”: “Você não sabe de nada, Jon Sno oh, oh, oh, oh ow!”. Impossível não achar graça nisso e no fato de Jon ser bem espertinho apesar da falta de experiência prática.

Para salvar a vida de Ser Davos, eis que podemos contar com a filha de Stannis, que pode servir de alerta para que o pai perceba que está sendo conduzido nessa batalha e não o contrário. Foram cenas muito delicadas e tocantes, embora num primeiro momento não pareçam ter muito impacto para o quadro geral.

Muito boa também a luta com Beric e o modo como o fogo foi utilizado para intimidar Hound. Os conceitos ‘sobrenaturais’ têm sido bem colocados nos últimos episódios e já dá para fazer ligações entre o que acontece na caverna, com a história narrada por Lord Varys e os poderes de Melisandre. Interessante notar que Arya vê Beric voltar do além e acha apenas trivial, já questionando se seria possível trazer também Ned de volta, mesmo sem a cabeça. Aliás, falando em Arya, morri de pena dela quando Gendry avisa que já tomou uma decisão sobre seu destino (pela primeira vez). Entendi muito bem o lado dele, mas mesmo assim, foi uma triste constatação.