Era uma vez, um recomeço...
Deixar acumular os dois últimos episódios de Once Upon a
Time foi um erro e um acerto ao mesmo tempo. Por um lado, sofri demais durante
“The New Neverland” pensando como os flashbacks podem ser inúteis e no quanto a
série apenas recicla plots antigos de um jeito péssimo e pouco interessante. No
começo, odiei aquele lance de retomar a maldição. Mas claro, havia coisas que
eu não poderia prever e que minha atual “pouca fé” no roteiro de OUAT
mantiveram fora da mais distante das minhas imaginações sobre a série.
No entanto, fui
surpreendida por “Going Home”. Um episódio que trouxe resoluções inesperadas e
que poderia muito bem ser uma Season Finale. Há quem diga que até uma Series
Finale perfeita se encontrava ali. E não posso discordar. Apesar de ter gostado
demais de ver o episódio agora, no meio da temporada, confesso certa apreensão
ainda, sobre os rumos da série. Numa rápida análise da série até aqui, o que
vimos foi um montante de episódios que não passaram de medianos, até que
chegamos a um realmente bom nessa Mid-Season Finale. E é exatamente quando
comparamos “Going Home” com o resto da temporada que podemos notar que
estávamos num oceano de profunda mesmice.
OUAT começou como uma feliz novidade até que entrou num
limbo. E esse limbo continua sendo perpetuado a cada flashback (que eu já chamo de flashbabaca) batendo nas
mesmas teclas idiotas sobre as relações entre Regina, Snow e Charming. Não
perdoo muito nem os de Rumples, se querem saber, exceto o da revelação de que
ele é filho de Peter Pan, pouca coisa relevante tem saído dos flashbabacas de
OUAT, sejamos bem sinceros. Essa quantidade absurda de cenas que não fazem
diferença causam cansaço e aborrecimento, mas tudo isso poderia ser resolvido
apenas retirando o elemento dos episódios ou utilizando-o com mais parcimônia.
Obviamente essa é apenas minha opinião e duvido que OUAT mude sua dinâmica
agora.
É por conta de momentos inúteis que não dá vontade de falar
de “The New Neverland” quando voltam a insistir na transformação de Regininha
numa mulher estúpida e sem experiência de vida. Honestamente, detesto quando
fazem isso com a personagem. Uma mulher tão forte e que se mostra tão
imbecilizada. Não faz sentido. Vê-la enganada por Pan, ainda que na pele de
Henry, chega a ser absurdo.
Mas, é claro, a coisa volta a valer a pena no episódio
seguinte, quando a maldição se transforma na redenção da série. Seria muito
chato se tudo voltasse à estaca zero, então admiro o modo como construíram a
história. Desde a renúncia de Rumples à própria vida até à renúncia de Regina a
seu grande amor, vemos os vilões virando mocinhos sem serem idiotizados para
tal. É emocionante, na verdade. Confesso que derramei minha parcela de lágrimas
ao ver Rumples se sacrificar para eliminar o próprio pai. Parecia um menino,
rejeitado até o fim, mas alguém que deixou de ser covarde e aprendeu a
enfrentar os maiores medos.
O mesmo acontece com Regininha, que sai de seu ciclo de
eterno egoísmo e finalmente age em nome de centenas de pessoas. Não que isso os
transforme em anjos, mas afinal, é importante aprender com os próprios erros e
não repetir padrões.
Depois que Rumples se vai e a maldição avança, o chororô
aumenta. O adeus de Emma para Snow e Charming é surpreendentemente bonito. Em
contrapartida, a despedida dela e Neal é fria e demonstra que ali ficou apenas
uma grande amizade. Com Hook, no entanto... Ai, ai, ai. A coisa pega fogo no
simples olhar e sabemos que essa história um dia precisa engrenar. PRECISA.
A mecânica dessa nova maldição é muito boa e traz muitas
possibilidades. Emma e Henry ficam juntos e ganham memórias completas de uma vida
juntos, ainda que nada daquilo seja real. Um belo presente da parte de Regina,
devemos dizer, mas a felicidade dura exatamente um ano. É aí que Hook bate à
porta com todo seu charme cafajeste e lança o velho golpe do beijo.
Infelizmente não funciona, mas sabemos que Emma e Henry voltarão a se reunir
com seus familiares de alguma forma, ainda que sejam incapazes de lembrar de
alguma coisa.
Parece óbvio que essa estratégia ajudará bastante Ginnifer
Goodwin, que está grávida e deverá aparecer mais barriguda daqui em diante,
aproveitando o bebê da vida real como “cenografia” para Snow, que já havia
revelado seu desejo de ser mãe novamente.
É de se prever que Neal e Tinker Bell se unam também e que
muitas mudanças nos relacionamentos entre os personagens abram caminhos bacanas
para que a história se recupere e continue num ritmo mais interessante daqui
para o final da temporada. Não dá para negar que tudo isso vem em bom momento e
que as expectativas pelo retorno da série agora são bastante grandes. Pelo
menos, as pessoas parecem enlouquecidas com OUAT novamente, o que pode ser bom
ou apenas mais um motivo de grande decepção, afinal, meter os pés pelas mãos
têm sido talento constante dos roteiristas da série há um bom número de
episódios.